sexta-feira, 31 de março de 2017

O MENSALINHO DO CERRADO

Do G1, MT
O ex-deputado José Riva, que responde a mais de 100 processos na Justiça, afirmou durante audiência no Fórum de Cuiabá, nesta sexta-feira (31), que o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), pagou ‘mensalinho’ aos deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) durante a gestão dele no governo do estado. Maggi foi eleito para o cargo em 2003 e reeleito em 2007, ficando no cargo até 2010, quando concorreu ao senado.
Em nota, o ministro disse que tem a consciência tranquila de que não fez nada de errado e que deve comprovar isso.
Riva prestou depoimento sobre suposto esquema na ALMT que investiga o desvio de R$ 62 milhões do órgão. De acordo com a denúncia, o ex-deputado liderou um grupo que fraudou a compra de materiais de expediente e de informática. Recentemente, ele foi condenado a 21 anos e oito meses de prisão pelo desvio de R$ 5,4 milhões da ALMT.
Em seu relato à juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Riva afirmou que Maggi se recusou a pagar um ‘mensalinho’ aos deputados quando assumiu o governo.
No entanto, ele teria cedido e passou a fazer os repasses aos parlamentares. O pagamento, segundo Riva, era feito através do duodécimo, valor mensalmente repassado ao Poderes pelo governo do estado.
Riva, que foi presidente e 1º secretário da Casa de Leis, declarou que a corrupção na ALMT ocorria desde o governo de Dante de Oliveira, governador entre os anos de 1995 e 2002. Ele foi sucedido por Blairo Maggi.
No depoimento, alegou que à época em que foi eleito governador, Maggi tinha uma bancada pequena na ALMT e fez um discurso duro em relação à corrupção no órgão.
Na ocasião, ele teria afirmado que não participaria do esquema.  No entanto, segundo Riva, ele cedeu e começou a realizar os pagamentos para todos os deputados. Os repasses no govenro Maggi teriam começado em 2003.
“Os valores pagos no duodécimo variam de um mês para o outro. Não tinha nada fixo”, afirmou. De acordo com Riva, antes de Maggi assumir o cargo o repasse da verba anual era de R$ 1 milhão. Nos anos seguintes, o valor chegou a R$ 15 milhões por ano.
Por meio de assessoria, o ministro Blairo Maggi (PP) alegou que "o próprio José Riva reconheceu que me recusei terminantemente, enquanto governador do Mato Grosso, a participar de qualquer esquema de distribuição de propina a deputados".
Leia a íntegra da nota de Blairo Maggi:
Sobre o depoimento prestado na data de hoje (31/03) pelo ex-deputado José Riva à Justiça, esclareço que o próprio José Riva reconheceu que me recusei terminantemente, enquanto governador do Mato Grosso, a participar de qualquer esquema de distribuição de propina a deputados.  Além disso, o orçamento do Estado do Mato Grosso é debatido e votado anualmente pela Assembleia Legislativa. Nele estão incluídas as previsões orçamentárias dos três poderes, que são independentes e fiscalizados pelo Tribunal de Contas do Estado. O Poder Executivo, no caso o governador, não tem qualquer ingerência na execução orçamentária da Assembleia Legislativa.Tenho a consciência tranquila, nada fiz de errado e tenho certeza de que isso será devidamente comprovado.
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