Rodrigo Constantino, ISTOÉ
Já foi dito que o esquerdismo prevalece quando a visão
estética de mundo fala mais alto do que a busca pela verdade, ou seja, quando
as aparências importam mais do que a essência. A retórica sensacionalista seduz
os corações enquanto a mente segue imune aos fatos. O apelo emocional é mais
forte do que o argumento racional. A vaidade alimenta a hipocrisia daqueles que
só querem se sentir moralmente superiores, sem ter de efetivamente sê-lo. No
Brasil, essa postura sempre predominou, culminando no “coitadismo”, traço
marcante de nossa cultura. Quem não chora não mama. O sucesso individual é
visto como pecado mortal, enquanto as vítimas proliferam feito coelhos, sempre
conquistando o poder com sua demonstração de suposta fraqueza. O mito do “bom
selvagem” é irresistível para a nossa elite culpada.
Foi assim que se criou o mito do retirante nordestino que
virou metalúrgico e depois entrou para a política para combater as injustiças e
desigualdades e lutar pelos fracos o oprimidos. Era uma narrativa sedutora, que
levava os “intelectuais” ao orgasmo. O marxismo nunca foi parido pelos
trabalhadores, e sim pelos pensadores de classe média ou alta. Ele é o ópio dos
intelectuais, como disse Raymond Aron. O Lula que iluminava o mundo quando
abria a boca era o fantasma de Marilena Chaui. O Lula que lutava pelos
desvalidos era a fantasia de Chico Buarque. O PT cresceu graças aos membros
dessa elite, que só queria saber das aparências, da estética. Quem tinha olhos
para enxergar sabia que o petista nunca deixou de ser um oportunista disposto a
só se dar bem, não importa em quem tivesse que pisar. Isso desde as greves, já
durante o regime militar.
A decepção de muitos com o “novo” Lula exposto após as
delações de Emílio e Marcelo Odebrecht só mostra como essas pessoas foram ingênuas,
não quiseram abandonar as ilusões para ver as coisas como elas são. Preferiram
permanecer no mundo das aparências apesar de todas as evidências contrárias.
Alguns ainda relutam contra os fatos, para salvar o mito.
Para a imensa maioria, porém, ficou claro quem é Lula, quem
sempre foi Lula. Os que nele acreditaram se sentem traídos e querem vingança, e
os que sempre souberam sua verdadeira essência querem justiça, por todo o mal
que ele causou ao País. A prisão de Lula é aguardada como um ato simbólico da
luta contra a impunidade.
Mas o inimigo maior ainda é essa mentalidade estética e a
narrativa da vitimização. Se hoje Lula pode estar desmoralizado, isso não quer
dizer que um outro Lula não possa surgir em cena. Enquanto houver gente
disposta a sacrificar os fatos em prol de suas ilusões, lá estará algum
oportunista de plantão, pronto para explorar com sua demagogia essa
característica. O PSOL que o diga…
Os que nele acreditaram se sentem traídos e querem vingança,
e os que sempre souberam sua verdadeira essência querem justiça, por todo o mal
que fez ao País.
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