Do BNC
Os dados da prestação de contas, dos primeiros três meses do
ano, publicados pela Assembleia Legislativa do Estado de Roraima, em 2017, mostram uma inconsistência, inexplicada, no
que se refere ao número de servidores comissionados da casa. Segundo
levantamento feito pelo BNC, desde janeiro, mais de 800 pessoas, identificadas
apenas como servidores comissionados, gozam de salários regulares e dos auxílios
e benefícios oferecidos pela Casa.
Não se tem qualquer informação de seus nomes, dos cargos ou
funções que exerçam no Legislativo e dos valores individuais que cada um vem
recebendo ao longo deste tempo. Essa situação contrasta com afirmações recentes
dadas pelo presidente do poder, deputado Jalser Renier, no plenário, de que instalaria um sistema de ponto com reconhecimento biométrico para mostrar que não existe servidores fantasmas na Assembleia Legislativa.
Considerando a média do dinheiro pago no período só para os
comissionados, esta lista de “anônimos” já recebeu entre 4 e 6 milhões de reais
em recursos públicos, isto, sem considerar os valores referentes ao auxílio
alimentação, que também é garantido pela ALERR regularmente.
O mais grave é que esta inconsistência no número de
servidores do órgão só vem aumentando mês a mês. Em janeiro, os
comissionados, servidores que não
passaram por concurso público e representam 96% do pessoal da Casa, eram 2081,
em fevereiro o número subiu para 2107 e chegou a 2143 no mês seguinte. Nem a
crise que assola o país impediu que, neste período, o presidente da Casa,
Jalser Renier aumentasse a despesa com comissionados realizando 62 novos
pagamentos, sem qualquer identificação, engrossando a lista já denunciada pelo
BNC em matéria anterior.
Jalser já cumpre pena em regime semiaberto por ter sido
condenado a seis anos e oito meses de reclusão e a 443 dias-multa pelo crime de
peculato, no esquema conhecido como “Gafanhoto”. A prática considerada criminosa pela justiça
à época é muito similar ao que está sendo praticado novamente na Assembleia de
Roraima. São servidores indicados por parlamentares cuja identidade não é
conhecida e que sequer dão expediente em muitos dos casos. Jalser vem
utilizando o cargo de presidente que ainda ocupa, apoiado em uma liminar da
justiça, para realizar pagamentos regulares a pessoas não identificadas na
prestação de contas mensal.
O BNC Roraima entrou em contato no dia 27 de abril com a
Superintendência de Comunicação da Assembleia Legislativa, enviou vários emails
solicitando esclarecimentos sobre os dados publicados, no entanto, não recebeu
nenhuma resposta do órgão até hoje.
A Procuradoria Geral de Justiça já encaminhou o caso à Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público que iniciou uma investigação do caso.
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