O empresário Wesley
Batista, irmão de Joesley, narrou em sua delação premiada como o Grupo
JBS pagou 20 milhões de reais a Gilberto Kassab, ministro da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações. Segundo o empresário, os repasses
ocorreram entre o final de 2009 e o final de 2016.
Wesley contou que pagamentos ao ministro já vinham sendo
feitos pelo frigorífico Bertin, comprado pela JBS em 2009. Com a fusão, os
novos donos decidiram que os repasses deveriam prosseguir – e assim foi feito.
O delator conta que, além de dar prosseguimento ao tal
contrato lícito, havia um outro contrato, que ele chama de “overprice”, de 350
mil reais mensais. “A JBS comprou o Bertin no final do ano de 2009 e ficou de
2010 até o final do ano passado pagando esse contrato de aluguel dos caminhões,
mais um adicional de 350 mil reais, que era propina, não existia”, disse
Wesley.
Segundo ele, a propina nesse contrato extra somou 20 milhões
de reais ao longo de quase sete anos.
Outro delator, o
ex-diretor da JBS Ricardo Saud, não só confirmou o pagamento dos 20 milhões
como revelou outro repasse a Kassab. Ele contou que o grupo deu 7 milhões de
reais para campanhas políticas do próprio ministro e de candidatos indicados
por ele.
“O Kassab fez uma coisa: uma parte do dinheiro dele ele pôs
para a campanha dele no Senado, uma parte dele ele ajudou uns poucos candidatos
a deputado dele, outra parte ele investiu no Robinson Faria e no Fábio Faria
(aqui o delator se refere ao governador do Rio Grande do Norte e o filho dele,
deputado federal, respectivamente), e uma parte ele tirou para ele, pessoa
física”, narrou Saud.
O diretor da JBS explicou como fez os pagamentos: “Ele
(Kassab) pediu pra gente guardar lá 7 milhões para ele, desses 7 milhões ia
dividir em 22 parcelas de 250. Tinha impostos. Então, ficou 5,5 milhões,
divididos em 22 parcelas de 250. Ele fez na empresa do irmão dele, chamada Yapi
Consultoria e Debates Ltda. Isso foi feito com nota fiscal dissimulada, nenhum
tipo de prestação de serviços, fria, gelada mesmo”, disse.
Em nota, Kassab diz que “as apurações em andamento são
importantes para o país e devem continuar como determina a legislação.” O
ministro informa que detém participação societária em empresa que opera dentro
de estrita legalidade. “Não houve qualquer recebimento de recursos pessoais
pelo ministro, o que ficará devidamente comprovado”, diz a nota. Com relação às
menções a repasses durante as eleições, Kassab garante que as doações recebidas
foram registradas junto à Justiça Eleitoral.
Assista ao vídeo:
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