Do blog Coluna do Estadão
Depois de um longo suspense, o ex-ministro da Justiça Osmar
Serraglio decidiu que não vai aceitar o convite do governo para assumir o
Ministério da Transparência.
Com a decisão de Serraglio de voltar para a Câmara, ele
desaloja o deputado afastado Rocha Loures (PMDB-PR), seu primeiro suplente.
Loures também é investigado ao lado do presidente Michel Temer em decorrência
da delação de Joesley Batista. A avaliação de interlocutores do presidente é
que mesmo sem prerrogativa de foro, o caso de Loures permanece no STF porque é
atrelado ao de Temer.
Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil de
Ricardo Saud, operador do empresário Joesley Batista. A propina era em troca da
promessa de que iria resolver problemas de empresas do grupo J&F no Cade.
Batista chegou a Rocha Loures por indicação de Temer, como mostra gravação
feita pelo empresário de reunião com o presidente.
A demissão. Serraglio foi demitido do Ministério da Justiça
no domingo. Ele ficou chateado por ter sido informado da decisão do governo
pela Coluna e ter a confirmação da sua saída por meio de uma ligação do líder
do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP). O presidente Michel Temer, seu chefe, não
o procurou para explicar a troca no comando da Justiça.
Temer agendou encontro com Serraglio somente na tarde desta
terça. O governo, portanto, foi surpreendido com a decisão do ex-ministro.
Ainda no domingo, o ministro Moreira Franco disse que Serraglio havia aceitado
o novo ministério.
Segundo pessoas próximas ao ministro, pesou na sua decisão,
ainda, o fato de o presidente Temer enfrentar seu maior desgaste, com ameaças
de perder o mandato. Temer pode ser cassado pelo TSE, que inicia julgamento
sobre a chapa com Dilma no dia 6 de junho; ou ser pressionado a sair do cargo
no rastro de acusações feitas a ele pelo empresário delator Joesley Batista.
“Ele não iria colocar seu mandato em risco”, diz um interlocutor.
Serraglio também aproveita as dúvidas com relação ao novo
ministro, Torquato Jardim, que sinaliza para mudanças na cúpula da PF. Ele sai
do cargo com o discurso de que não interferiu na Lava Jato. O diretor-geral da
PF, Leandro Daiello, é considerado como um garantidor das investigações.
Substituí-lo seria o mesmo que mexer com a Lava Jato.
LEIA A NOTA DIVULGADA PELO EX-MINISTRO OSMAR SERRAGLIO:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Agradeço o privilégio de ter sido Ministro da Justiça e
Segurança Público do nosso País.
Procurei dignificar a confiança que em mim depositou.
Volto para a Câmara dos Deputados, onde prosseguirei meu
trabalho em prol do Brasil que queremos.
Osmar Serraglio”
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