Se estivesse vivo, Teotônio Vilela completaria hoje 100
anos. Teotônio Brandão Vilela (Viçosa, 28 de maio de 1917 – Maceió, 27 de
novembro de 1983), Empresário e político brasileiro. Dentro de duas décadas foi
deputado estadual, vice-governador e senador, reeleito para este último no
pleito seguinte. Pai de Teotônio Vilela Filho, ex-governador de Alagoas.
Biografia
Filho de Elias Brandão Vilela e Isabel Brandão Vilela,
Teotônio nasceu na cidade de Viçosa, Alagoas, na data do dia 28 de maio de
1917.
Cedo fez o curso primário na sua cidade natal e o secundário
no Ginásio de Maceió e no Colégio Nóbrega em Recife. Apesar de ter frequentado
duas faculdades, a de Engenharia e de Direito, no Recife e no Rio de Janeiro, à
época no então Distrito Federal. Não chegou a concluir nenhum curso superior,
tornando-se autodidata.
No ano de 1937, abandona os estudos e volta para Alagoas,
onde passou a trabalhar com seu pai, que era proprietário rural. Como o pai,
virou agropecuarista e, em seguida usineiro, em sociedade o Engenheiro Agrônomo
pela Universidade Federal de Viçosa Geraldo Gomes de Barros, em 12/04/1973
fundou uma usina de açúcar situada no município de Teotônio Vilela (antigo
povoado de Feira Nova), localizado a cerca de 100 km da capital Maceió, chamada
Usinas Reunidas Seresta.
Casou-se com Helena Quintela Brandão Vilela, com quem teve
sete filhos, um dos quais, Teotônio Vilela Filho, eleito senador por três vezes
consecutivas, de 1987 até 2006 e governador de Alagoas, de 2007 até 2015.
Carreira política
Filiou-se à UDN, em 1948, sendo um dos fundadores do partido
em Alagoas, criado em 1952. Elege-se deputado estadual pela legenda nas
eleições de 1954, exercendo mandato até 1958. Pertencente à "bancada do
açúcar" neste mandato foi o relator da comissão que pedia o impeachment do
populista Muniz Falcão, então governador, acusado pela oposição ferrenha de 22
deputados a Assembleia Legislativa de crime de responsabilidade e de ameça e
violência contra deputados.
"O relator da comissão, deputado Teotônio Vilela,
concluía o veredicto para informar o que todos já esperavam:
Em face do exposto, não há como fugir à evidência da
responsabilidade do senhor governador do estado nos crimes compendiados na
denúncia oferecida pelo senhor deputado Oséas Cardoso Paes.
Pelo que, somos de parecer seja a denúncia considerada pela
Assembleia do estado objeto de deliberação, prosseguindo nos termos ulteriores,
na forma da lei.
—de "Curral da Morte", livro do jornalista
alagoano Jorge Oliveira"
Em 1960, é eleito vice-governador, na chapa do general
udenista Luiz de Souza Cavalcante, para o período de 1961-1966, quando ambos
sucederam ao governador Muniz Falcão.
Em outubro de 1965, com a edição do AI-2 pelo governo
militar, foi reaberto o processo de cassações e suspensões de direitos
políticos, a extinção dos partidos políticos existentes, a manutenção das
eleições indiretas para a Presidência da República e o estabelecimento das
eleições indiretas para os governos estaduais, além de limitadas as imunidades
parlamentar e individual dos cidadãos.
Em dezembro do mesmo ano, foram criados dois novos partidos
– um de apoio ao governo, a ARENA e outro de oposição, o MDB. Veio a filiar-se
na primeira agremiação, sendo eleito para o primeiro mandato de senador em
1966.
No Senado, atuou como membro titular das comissões de
Economia, de Agricultura, de Redação, de Ajustes Internacionais, de Legislação
sobre Energia Atômica e de Indústria e Comércio. Ao final do mandato foi quarto
suplente da Mesa e vice-presidente da Comissão de Assuntos Regionais.
Nas eleições parlamentares de 1974, foi reeleito para o
Senado, sendo um dos poucos arenistas a ter sucesso eleitoral pelo partido do
governo, em todo o país, para a legislatura de 1975 a 1982. Luís Viana Filho,
Henrique de La Rocque Almeida, Antônio Mendes Canale, Jarbas Gonçalves
Passarinho e Petrônio Portella Nunes foram os outros arenistas.
Com a posse de Ernesto Geisel, em março de 1974, e o início
de um projeto de "abertura" política "lenta, gradual e
segura", proposta por Petrônio Portella, o senador alagoano após uma
conversa reservada com o presidente, desfraldou a bandeira da redemocratização,
colocando-se como porta-voz do processo de distensão e assumindo a posição de
“oposicionista da ARENA”.
Fazia pronunciamentos no Senado pró-democratização e buscou
contatos com personalidades e instituições para elaborar um projeto de
institucionalização política para o Brasil. Em abril 1978, o apresentou no
Senado o que ficou conhecido como o Projeto Brasil, que incluía diversas
propostas liberalizantes.
No mês seguinte, aderiu à Frente Nacional pela
Redemocratização, um movimento cujo programa, segundo Teotônio, era semelhante
ao seu Projeto Brasil, além de oferecer uma possibilidade de mobilização. A
Frente queria a candidatura do general Euler Bentes Monteiro à presidência e do
senador emedebista Paulo Brossard para a vice-presidência da República,
buscando agrupar, além do MDB, militares descontentes e políticos dissidentes
da Arena.
Filiou-se ao MDB, no dia 25 de abril de 1979, e em meados de
junho, durante o seu primeiro discurso como oposicionista, fez duras críticas
ao governo provocando a retirada geral dos parlamentares da Arena do plenário
do Senado.
Batalhador incansável pela anistia geral exerceu a
presidência da comissão mista que estudava o projeto sobre o tema, encaminhado
ao Congresso pelo Governo.
Ao receber, em setembro de 1979, o título de Cidadão
Paulistano reconhecido pela Câmara Municipal de São Paulo, explicou a sua
devoção pela liberdade: "Cidadão de Viçosa de Alagoas, dos arredores da
Serra dos Dois Irmãos, um dos últimos redutos da Guerra dos Palmares, vivo
contemplando a imagem do Zumbi, sinto-lhe o rumos dos sonhos e o calor do
sangue libertário."
A Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em homenagem ao Grande
menestrel, batiza seu Plenário com o nome de 'Teotônio Vilela'.
Partido do Movimento Democrático Brasileiro
Em 1980, com o fim do bipartidarismo e o surgimento de
diversos partidos de oposição no Brasil, Teotônio preferiu filiar-se ao Partido
do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB, considerado o continuador do
extinto MDB, tornando-se um dos mais importantes nomes da legenda.
Encerrou sua carreira parlamentar, em novembro de 1982, em
decorrência de um câncer. No seu discurso de despedida (30.11.1982) fez questão
de deixar clara a sua disposição em continuar atuando politicamente: "Estou
saindo desta Casa esta semana, isto não é despedida, mesmo porque não é do meu
hábito despedir de nada. A vida política continua comigo, continuarei lutando
lá fora, só não terei o privilégio de usar esta ou aquela tribuna. Quanto ao
mais, prosseguirei na minha vida de velho menestrel, cantando aqui, cantando
ali, cantando acolá, as minhas pequeninas toadas políticas." (Diário do
Congresso Nacional, Brasília, DF, 2.12.1982).
Morreu no dia 27 de novembro de 1983, de câncer
generalizado.
Em 1983, a deputada pernambucana Cristina Tavares fundou o
Centro de Estudos Políticos e Sociais Teotônio Vilela, um palco importante onde
seriam discutidos vários problemas da população brasileira.
Em 1986, Teotônio Vilela recebeu o título de Grande Oficial
da Ordem do Congresso Nacional (In Memoriam).
Menestrel das Alagoas
Em setembro de 1983, os compositores Milton Nascimento e
Fernando Brant lançaram em homenagem a Teotônio, O menestrel das Alagoas,
cantada por Fafá de Belém, música que se transformaria, assim como Coração de
estudante, em hinos da campanha das Diretas-Já, movimento que tomou conta do
Brasil, nos primeiros meses de 1984, exigindo que o Congresso aprovasse a
emenda constitucional que instituía a eleição direta para o sucessor do
presidente João Figueiredo.
Partido da Social Democracia Brasileira
O PSDB, em 19 de setembro de 1995, criou o Instituto
Teotônio Vilela, órgão de estudos e formação política do partido e, em 25 de
abril de 2005, foi inaugurado, em Maceió, o Memorial Teotônio Vilela, uma obra
de Oscar Niemeyer em homenagem ao Menestrel das Alagoas, como ficou conhecido
nacionalmente, devido a sua luta pela liberdade política e a redemocratização
do Brasil.
Com informações da Wikypédia
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