Artigo de Roberto Freire
Em mais um capítulo da tumultuada quadra política que o país
enfrenta, os brasileiros acompanharam a votação na Câmara dos Deputados que
sacramentou o arquivamento do pedido de licença para que o Supremo Tribunal
Federal (STF) analisasse se havia ou não elementos suficientes que ensejassem a
abertura do processo com base na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral
da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. Ao contrário do que
apregoavam alguns analistas mais precipitados, o governo de transição
demonstrou que ainda tem uma sólida base parlamentar de apoio no Congresso
Nacional e, por isso, obteve uma vitória por ampla margem.
A bancada do PPS decidiu votar pela autorização da licença,
seguindo um princípio histórico adotado pelo partido no sentido de que todas as
denúncias de eventuais irregularidades devem ser rigorosamente apuradas, com
total transparência. Mesmo assim, devemos reconhecer que, juridicamente, a peça
apresentada pela PGR tinha fragilidades e uma série de inconsistências que
certamente influíram no resultado final da votação. Além disso, parece consensual
que houve certo açodamento do Ministério Púbico Federal ao apresentá-la sem ter
reunido um cabedal probatório mais substancioso.
Com o resultado, a Câmara indica que o atual mandato será
cumprido com Temer na Presidência da República. Se, em algum momento, havia a
possibilidade de um outro presidente liderar a transição, hoje essa alternativa
está, evidentemente, excluída. Diante de
uma vitória tão acachapante, cabe ao governo a grandeza – e ela já transparece
nas palavras do próprio presidente Temer – de buscar a reaglutinação da base de
apoio na luta pelo impeachment em sua integralidade, sem excluir os deputados
que, divergindo da posição do governo, votaram pelo pedido de licença já
arquivado pela Câmara. A partir daí, na continuidade da transição, devem ser
esses parlamentares os responsáveis pela retomada da votação das reformas.
O apoio à transição e às reformas tem de ser a palavra de
ordem para chegarmos a 2018 em melhores condições e tendo superado os problemas
decorrentes do perverso legado do lulopetismo. A principal tarefa do governo
será rearticular todas essas forças políticas em prol de uma agenda reformista,
positiva e necessária ao Brasil. No caso do PPS, é importante ressaltar que o
partido segue com uma posição de independência, mas plenamente integrado na
transição e na luta pela votação das reformas e pela recuperação econômica do
país.
Apesar de algumas pesquisas de opinião apontarem uma grande
rejeição ao presidente, a sociedade desta vez não se manifestou de forma
significativa nem foi às ruas – ao contrário do que se viu no impeachment de
Dilma Rousseff, que registrou as maiores mobilizações da história democrática
do país. Trata-se, evidentemente, de uma clara demonstração de que a parcela
amplamente majoritária dos brasileiros repudia a atual oposição, capitaneada
pelo PT e também formada por alguns de seus satélites, como o PCdoB e o PSOL. O
povo, definitivamente, não encampou a bandeira do “Fora, Temer” empunhada por
aqueles que, abusando da desfaçatez, se dizem contra a corrupção, mas apoiaram
Lula e Dilma; ou falam supostamente em favor da democracia e defendem a
ditadura venezuelana chefiada por Nicolás Maduro.
A população brasileira demonstrou, afinal, que não se
esquece do descalabro dos últimos 13 anos: corrupção desenfreada e escândalos
em série como o mensalão e o petrolão, a destruição quase completa da
Petrobras, a maior recessão econômica da história do Brasil, com mais de 14
milhões de desempregados, entre outras mazelas. Diferentemente do que pregam os
áulicos do lulopetismo, que constroem uma narrativa falaciosa, enviesada e
desconectada da realidade, os brasileiros não desejam a volta de Lula e do PT
ao poder. As eleições municipais de 2016 já haviam sinalizado de forma
categórica que o país quer olhar para frente, seguir adiante com um novo
governo e avançar em uma agenda virtuosa que nos traga desenvolvimento e
crescimento econômico.
O cumprimento dessa pauta benfazeja é o norte a orientar os
parlamentares e partidos que têm a exata dimensão da importância de não
desperdiçarmos a chance de tirar o país da crise. Já o reconduzimos de volta
aos trilhos depois do desmantelo lulopetista. Agora é preciso acelerar e
consolidar a retomada da economia.
Roberto Freire é deputado federal por SP e presidente
nacional do PPS
Via Blog do Noblat
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