Do G1, DF
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg,
anunciou na tarde desta terça-feira (22) que vai parcelar o salário de agosto –
a ser depositado no início de setembro – dos servidores que ganham acima de R$
7,5 mil. Segundo ele, o governo "não tem condições de garantir o pagamento
integral dos salários e das pensões e aposentadorias" deste mês.
De acordo com o governo, 78% dos servidores têm vencimentos
inferiores a R$ 7,5 mil e, por isso, continuarão recebendo normalmente. Esse
percentual corresponde a 155,8 mil funcionários públicos, concursados e
comissionados.
Outros 44.953 funcionários públicos recebem mais que R$ 7,5
mil mensais. Neste caso, eles vão receber essa quantia pontualmente e o que
sobrar, independentemente do valor, cairá em conta na semana seguinte.
A princípio, o parcelamento ocorre só em setembro. No
entanto, a medida pode continuar em vigor se o governo não conseguir aumentar
arrecadação.
Série de motivos
Durante a entrevista, Rollemberg enumerou uma série de
motivos para que o Palácio do Buriti não consiga honrar a folha de pagamento. A
lista é bastante similar aos motivos alegados, nos últimos anos, para fracionar
salários, suspender reajustes e abrir mão de obras e projetos.
Segundo Rollemberg, a arrecadação de 2017 até o momento foi
menor que o previsto e, com isso, o DF acumula déficit anual de R$ 1,6 bilhão.
De acordo com as planilhas apresentadas, esse valor era de R$ 3,5 bilhões
quando o atual governo assumiu, em janeiro de 2015.
Outro problema, de acordo com a área econômica do governo, é
o "crescimento vegetativo da folha salarial". Isso quer dizer que,
mesmo sem contratar ou dar aumento, o gasto com salários cresce 3% ao ano – um
acréscimo global de R$ 800 milhões.
Uma "novidade" nas justificativas do Buriti, neste
ano, é o impacto do anúncio da Reforma da Previdência. Com medo das novas
regras, 5,5 mil servidores deram entrada nos pedidos de aposentadoria em 2017.
No anterior, foram 4,5 mil funcionários.
Contingenciamento
Na mesma coletiva, Rodrigo Rollemberg anunciou que R$ 544
milhões do orçamento do DF em 2017 serão contingenciados. Isso significa, na
prática, que o equivalente a esse valor terá de ser retirado do planejamento
das secretarias e órgãos públicos da capital, para garantir o caixa.
Segundo a secretária de Planejamento, Leany Lemos, a lei
obriga o DF a “fechar os cofres” por causa do déficit de R$ 1,6 bilhão para
fechar o ano. Ela também lembrou que o governo já tinha contingenciado R$ 727
milhões no começo do ano, mas o dinheiro permaneceu "curto".
A ideia do governo é reduzir ainda mais as "despesas de
custeio": viagens, eventos, passagens, hospedagens, contratos de
manutenção, limpeza, compra de equipamentos. Até mesmo devolver servidor cedido
pode ser uma forma de economizar, afirma o GDF.
A medida preserva algumas áreas consideradas estratégicas
pelo governo – o que significa que, nas outras, o sacrifício terá de ser maior.
De acordo com o anúncio, ficam preservados os recursos de Educação, DF Sem
Miséria, Passe Livre Estudantil e Orçamento da Criança e do Adolescente (OCA).
entre outros. A folha de pagamento também é considerada "prioridade".
O contingenciamento não afeta o setor de Segurança Pública,
"abastecido" pelo Fundo Constitucional, nem repasses federais para a
Secretaria de Saúde. Quanto ao orçamento da Saúde pago com verba do próprio
GDF, o governo deu o adiantamento referente a um mês de salário para a pasta
conseguir fechar o ano.
"[É preciso que os gestores] Olhem para o seu orçamento
e vejam o que podem reduzir. Vai exigir que se reduza valor de contratos, seja
o numero de prestadores de serviço ou chamando os prestadores para renegociar
os preços", afirmou o secretário da Casa Civil, Sérgio Sampaio.
Questionado pelo G1, ele deu um exemplo de "corte
criativo", citando o contrato de vigilantes. "Se você substituir
alguns postos de trabalho por sistemas de circuito interno [câmeras de
segurança], você reduz o custo. Cada gestor terá de ser criativo."
Apesar de não serem gastos obrigatórios, serviços
considerados essenciais serão mantidos, de acordo com o governo. Entre eles há
o pagamento a empresas de ônibus e a manutenção dos serviços de coleta de lixo.
A liberação da verba, no entanto, só deve ocorrer com o aval da cúpula do
governo.
Previdência
Como salvação, o governo do DF conta com o repasse de cerca
de R$ 1 bilhão de verba devida pela União – principalmente referente a dívidas
previdenciárias.
Outra medida anunciada pelo governo como fonte de futuro
alívio a curto prazo para a crise é uma reforma nos fundos de Previdência dos
servidores públicos do DF (Iprev).
Nesta terça (22), o governo vai enviar um projeto de lei à
Câmara Legislativa propondo criar um fundo de Previdência complementar.
O objetivo é fazer com que sejam pagas aposentadorias que
chegam só até o teto (atualmente em R$ 5.531) e evitar com que o governo tenha
que arcar "cobrindo o rombo do déficit da Previdência". Hoje, o
governo precisa pagar R$ 170 milhões por mês para suprir o déficit do Iprev,
garantindo o pagamento em dia aos servidores.
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