sábado, 21 de outubro de 2017

SOPRANDO VELINHAS

E hoje é dia de parabenizar o grande Waldir Pires. Francisco Waldir Pires de Souza, nasceu em Acajutiba (BA), 21 de outubro de 1926.
Biografia
Nascido na Bahia, filho de José Pires de Souza, ex-seminarista e coletor de impostos, e de Lucíola Figueiredo Pires de Souza. Passou a infância em Amargosa, BA, onde estudou o primário. Cursou o ginasial no Colégio Clemente Caldas em Nazaré, BA, onde, aos quinze anos, a fim de obter recursos para fazer o curso preparatório para a faculdade em Salvador, deu aulas de datilografia a convite do diretor do colégio, Anísio Melhor, que lhe permitiu ainda utilizar uma das salas para ministrar aulas particulares de latim, matéria que havia se tornado obrigatória com a Reforma Capanema. Aos dezesseis anos, com os recursos ganhos, mudou-se para Salvador. Ingressou na Faculdade de Direito e, ao final do curso, foi escolhido o orador da sua turma, cuja formatura marcou a solenidade de inauguração do Fórum Ruy Barbosa, no ano do seu centenário. Enquanto estudante, na União dos Estudantes da Bahia - entidade à época existente -, liderou o Movimento Antinazista.
Em 2008 foi condecorado com o título de Cidadão Benemérito da Liberdade e da Justiça Social João Mangabeira , que é concedido a brasileiros reconhecidamente dedicados às causas nobres, humanas e sociais que tenham resultado no desenvolvimento político e sócio-econômico do Brasil, melhorando significativamente a vida das pessoas.
Em 2012 foi eleito Vereador de Salvador aos 85 anos pelo PT
Secretário de Estado
No início da década de 1950, aos 24 anos, foi Secretário de Estado no governo de Régis Pacheco e se casou com Yolanda Avena, filha do imigrante italiano José Avena e de Angelina Garcia Avena. Em 1954 elegeu-se Deputado Estadual, formando a base de apoio do Governo Antônio Balbino; em 1958 elegeu-se Deputado Federal, sendo escolhido vice-líder do Governo Juscelino Kubitschek. Em 1962 candidatou-se ao Governo da Bahia quando, apesar do veto da Igreja - então muito conservadora e resistente a admitir que um católico aceitasse o apoio do Partido Comunista -, perdeu as eleições por uma diferença de apenas 3% dos votos para o candidato da UDN, Lomanto Júnior.
Consultor-Geral da República
Em 1963, quando exercia a função de Coordenador dos Cursos Jurídicos da Universidade de Brasília (UnB), onde era também professor de Direito Constitucional, foi convidado pelo Presidente João Goulart para ocupar o cargo de Consultor-Geral da República, o que o tornou responsável pelas análises e pareceres da juridicidade e da constitucionalidade das leis de Remessa de Lucros e Dividendos e da lei de Reforma Agrária, entre outras. Exercia este cargo quando da eclosão do golpe militar em 31 de março de 1964 e foi, junto com Darcy Ribeiro, o último membro do Governo a sair do Palácio do Planalto, onde ficaram, a pedido do presidente, para tentar garantir o respeito à Constituição, segundo um documento enviado ao Congresso - mas desprezado pelas forças de apoio aos militares, que declararam vaga a presidência quando o presidente encontrava-se ainda em território nacional, no Rio Grande do Sul.
Em 4 de abril, já na primeira lista de cassados e perseguido, sai com Darcy Ribeiro de Brasília, de madrugada, num monomotor conseguido pelo deputado Rubens Paiva, e vai para o exílio no Uruguai, onde depois encontra sua esposa Yolanda e seus cinco filhos. Em 1966 muda-se para a França onde, com auxílio de Celso Furtado, é indicado para lecionar Direito Constitucional Comparado e Ciências Políticas em Dijon e em Paris. Volta ao Brasil em 1970, ainda em plena ditadura militar, ocupando-se de uma empresa particular até a queda do AI-5, quando, retomados os seus direitos políticos, deixa tudo e volta para a vida pública na Bahia, visitando todos os rincões do Estado para fortalecer o então MDB.
Ministro da Previdência
Ajudou na fundação do PMDB durante a abertura política. Em 1982 foi derrotado na eleição para o Senado por Luís Viana Filho (PDS), que foi reeleito.
Em 1985 é convidado pelo presidente Tancredo Neves para o Ministério da Previdência Social e mantido pelo presidente José Sarney. A gestão austera e eficaz habilita-o a concorrer para o governo da Bahia no ano seguinte e o torna o candidato mais votado da história daquele Estado, com uma vitória esmagadora em todas as regiões.
Governador da Bahia
Mais de duas décadas depois de ter perdido as eleições para o governo da Bahia, volta a se candidatar ao cargo em 1986, nas primeiras eleições diretas para governador após o regime militar. Seus principais adversários, os partidários de Antônio Carlos Magalhães, reúnem-se em torno da candidatura do jurista Josaphat Marinho (PFL), apoiado também pelo então governador João Durval. Com o poder dominante estadual desgastado, Waldir Pires, então no PMDB, consegue obter os apoios necessários para viabilizar uma ampla frente que reunia desde partidos de esquerda até dissidentes do carlismo. Waldir é eleito com ampla maioria, rompendo assim, por breve período, a hegemonia de ACM no Estado, ao tomar posse aos 15 de março de 1987.
Nos dois anos seguintes, seu vice-governador, a quem coube cumprir os dois anos restantes de seu mandato à frente do governo baiano, revelou-se impopular. Nilo Coelho chegou a tentar atropelar um cinegrafista da TV Globo que o filmava ao sair de um estacionamento. O carlismo retornou ao poder com facilidade em 1990, e ocuparia o governo da Bahia e as principais posições políticas no Estado até a vitória de Jaques Wagner, do PT, em 2006.
Eleição presidencial de 1989
Após dois anos de governo, em 29 de abril de 1989, disputa a convenção nacional do PMDB que indicaria o candidato do partido a Presidente da República. No primeiro turno da votação, fica em segundo lugar, com 272 votos, atrás de Ulysses Guimarães, com 302, mas à frente de Iris Rezende (251) e Álvaro Dias (72). Após intensas negociações e com o objetivo de unir o partido, evitando assim um segundo turno da convenção, Ulysses e Waldir concordam em formar uma chapa única, com Waldir saindo candidato a vice-presidente. Com isso, Waldir tem que renunciar ao governo da Bahia, fazendo-o a 14 de maio de 1989, deixando em seu lugar o vice-governador, Nilo Coelho.
Alguns consideraram um mau cálculo político a decisão de Waldir de deixar o governo baiano e integrar uma candidatura que não estava bem nas pesquisas. Outros o defenderam como um gesto de lealdade para com Ulysses, que tinha a autoridade moral de haver liderado a oposição à ditadura. Ulysses e Waldir acreditavam reunir em si todo o carisma que haviam granjeado: o primeiro, como líder da oposição à ditadura e como presidente da Assembleia Constituinte que aprovara a Constituição de 1988; o segundo, pela vitória nas eleições estaduais de 1986. Além disso, contavam com a união do PMDB, maior partido de então, que contava com 22 governadores estaduais em seus quadros.
Mas os eleitores não entenderam assim: com a legalidade de todos os partidos, inclusive os comunistas, uma grande quantidade de candidatos disputou as primeiras eleições democráticas pós-ditadura, e a disputa acabou polarizada entre Fernando Collor e Lula. A chapa de Ulysses e Waldir, apesar dos bons resultados obtidos na Bahia, não consegue passar do primeiro turno, terminando em sétimo lugar.
Deputado federal
No ano seguinte, em 1990, já no PDT, o ressentimento dos baianos pela sua renúncia não foi maior do que os votos que lhe dedicaram, o que o tornou o deputado com a maior votação no Estado, em todas as épocas, até aquela data. Nas eleições seguintes, já no PSDB, após discordar da cúpula do PDT que passou a apoiar o presidente Collor, foi candidato ao Senado, concorrendo com o seu rival histórico, Antônio Carlos Magalhães. Acabou derrotado por Waldeck Ornelas, na disputa pela segunda vaga ao senado, por uma diferença de 3 mil votos, em uma eleição que levanta até hoje suspeitas de fraude.
Em 1998 elegeu-se deputado federal com a maior votação no Estado, apesar de não ter apoiado o candidato à presidência do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, que, preferindo o apoio do PFL de Antônio Carlos, não contou com o partido na Bahia. A coligação com o PFL o afasta do partido e ele ingressa no PT.
Candidatou-se a uma vaga no senado em 2002, ao lado de seu companheiro de chapa Haroldo Lima, perdendo para ACM, que voltou à Câmara Alta após o escândalo do painel eletrônico que pouco antes o fizera renunciar.
Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União
Em 2002 é convidado pelo presidente Lula para o cargo de ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU).
No princípio de sua gestão, iniciada em 1 de janeiro de 2003, Waldir Pires promoveu ampla reestruturação da CGU, a fim de que o órgão pudesse cumprir adequadamente sua missão institucional. Da equipe inicialmente encarregada desse trabalho fizeram parte Jorge Hage Sobrinho, que em 2006 viria a suceder Pires no cargo; Luiz Navarro de Britto Filho, atual secretário-executivo da CGU; além de Eduardo de Freitas Filho, Renato Amaral Braga da Rocha e Ricardo Cravo Midlej Silva, entre outros destacados membros de carreiras de Estado.
Durante o período em que esteve no comando da CGU, Waldir Pires implementou diversas e importantes políticas de controle da Administração Pública e de prevenção e combate à corrupção. Nesse contexto, destacam-se o bem-sucedido Programa de Fiscalização a partir de Sorteios Públicos de recursos federais transferidos voluntariamente a estados e municípios, e o Portal da Transparência, ferramenta de transparência governamental reconhecida e premiada no Brasil e no exterior.
Ministro da Defesa
Em 31 de março de 2006 assume o Ministério da Defesa, a pedido do presidente Lula.
Durante sua gestão aconteceu a chamada crise no setor aéreo brasileiro, da qual fazem parte dois terríveis capítulos: os acidentes com o voo Gol 1907, em setembro de 2006, e com o voo TAM 3054, em julho de 2007. A crise culminou com a demissão do ministro de seu cargo, no final de julho. Nelson Jobim, ex-ministro do STF, assumiu a pasta no lugar de Pires. Ironicamente, a demissão ocorreu na mesma semana em que faleceu seu velho rival na política baiana, Antônio Carlos Magalhães.
Com informações da Wikipédia
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