E hoje é dia de parabenizar o grande Waldir Pires. Francisco
Waldir Pires de Souza, nasceu em Acajutiba (BA), 21 de outubro de 1926.
Biografia
Nascido na Bahia, filho de José Pires de Souza,
ex-seminarista e coletor de impostos, e de Lucíola Figueiredo Pires de Souza.
Passou a infância em Amargosa, BA, onde estudou o primário. Cursou o ginasial
no Colégio Clemente Caldas em Nazaré, BA, onde, aos quinze anos, a fim de obter
recursos para fazer o curso preparatório para a faculdade em Salvador, deu
aulas de datilografia a convite do diretor do colégio, Anísio Melhor, que lhe
permitiu ainda utilizar uma das salas para ministrar aulas particulares de
latim, matéria que havia se tornado obrigatória com a Reforma Capanema. Aos
dezesseis anos, com os recursos ganhos, mudou-se para Salvador. Ingressou na
Faculdade de Direito e, ao final do curso, foi escolhido o orador da sua turma,
cuja formatura marcou a solenidade de inauguração do Fórum Ruy Barbosa, no ano
do seu centenário. Enquanto estudante, na União dos Estudantes da Bahia -
entidade à época existente -, liderou o Movimento Antinazista.
Em 2008 foi condecorado com o título de Cidadão Benemérito
da Liberdade e da Justiça Social João Mangabeira , que é concedido a
brasileiros reconhecidamente dedicados às causas nobres, humanas e sociais que
tenham resultado no desenvolvimento político e sócio-econômico do Brasil,
melhorando significativamente a vida das pessoas.
Em 2012 foi eleito Vereador de Salvador aos 85 anos pelo PT
Secretário de Estado
No início da década de 1950, aos 24 anos, foi Secretário de
Estado no governo de Régis Pacheco e se casou com Yolanda Avena, filha do
imigrante italiano José Avena e de Angelina Garcia Avena. Em 1954 elegeu-se
Deputado Estadual, formando a base de apoio do Governo Antônio Balbino; em 1958
elegeu-se Deputado Federal, sendo escolhido vice-líder do Governo Juscelino
Kubitschek. Em 1962 candidatou-se ao Governo da Bahia quando, apesar do veto da
Igreja - então muito conservadora e resistente a admitir que um católico
aceitasse o apoio do Partido Comunista -, perdeu as eleições por uma diferença
de apenas 3% dos votos para o candidato da UDN, Lomanto Júnior.
Consultor-Geral da República
Em 1963, quando exercia a função de Coordenador dos Cursos
Jurídicos da Universidade de Brasília (UnB), onde era também professor de
Direito Constitucional, foi convidado pelo Presidente João Goulart para ocupar
o cargo de Consultor-Geral da República, o que o tornou responsável pelas
análises e pareceres da juridicidade e da constitucionalidade das leis de
Remessa de Lucros e Dividendos e da lei de Reforma Agrária, entre outras.
Exercia este cargo quando da eclosão do golpe militar em 31 de março de 1964 e
foi, junto com Darcy Ribeiro, o último membro do Governo a sair do Palácio do
Planalto, onde ficaram, a pedido do presidente, para tentar garantir o respeito
à Constituição, segundo um documento enviado ao Congresso - mas desprezado
pelas forças de apoio aos militares, que declararam vaga a presidência quando o
presidente encontrava-se ainda em território nacional, no Rio Grande do Sul.
Em 4 de abril, já na primeira lista de cassados e
perseguido, sai com Darcy Ribeiro de Brasília, de madrugada, num monomotor
conseguido pelo deputado Rubens Paiva, e vai para o exílio no Uruguai, onde
depois encontra sua esposa Yolanda e seus cinco filhos. Em 1966 muda-se para a
França onde, com auxílio de Celso Furtado, é indicado para lecionar Direito
Constitucional Comparado e Ciências Políticas em Dijon e em Paris. Volta ao
Brasil em 1970, ainda em plena ditadura militar, ocupando-se de uma empresa
particular até a queda do AI-5, quando, retomados os seus direitos políticos,
deixa tudo e volta para a vida pública na Bahia, visitando todos os rincões do
Estado para fortalecer o então MDB.
Ministro da Previdência
Ajudou na fundação do PMDB durante a abertura política. Em
1982 foi derrotado na eleição para o Senado por Luís Viana Filho (PDS), que foi
reeleito.
Em 1985 é convidado pelo presidente Tancredo Neves para o
Ministério da Previdência Social e mantido pelo presidente José Sarney. A
gestão austera e eficaz habilita-o a concorrer para o governo da Bahia no ano
seguinte e o torna o candidato mais votado da história daquele Estado, com uma
vitória esmagadora em todas as regiões.
Governador da Bahia
Mais de duas décadas depois de ter perdido as eleições para
o governo da Bahia, volta a se candidatar ao cargo em 1986, nas primeiras
eleições diretas para governador após o regime militar. Seus principais
adversários, os partidários de Antônio Carlos Magalhães, reúnem-se em torno da
candidatura do jurista Josaphat Marinho (PFL), apoiado também pelo então
governador João Durval. Com o poder dominante estadual desgastado, Waldir
Pires, então no PMDB, consegue obter os apoios necessários para viabilizar uma
ampla frente que reunia desde partidos de esquerda até dissidentes do carlismo.
Waldir é eleito com ampla maioria, rompendo assim, por breve período, a
hegemonia de ACM no Estado, ao tomar posse aos 15 de março de 1987.
Nos dois anos seguintes, seu vice-governador, a quem coube
cumprir os dois anos restantes de seu mandato à frente do governo baiano,
revelou-se impopular. Nilo Coelho chegou a tentar atropelar um cinegrafista da
TV Globo que o filmava ao sair de um estacionamento. O carlismo retornou ao
poder com facilidade em 1990, e ocuparia o governo da Bahia e as principais
posições políticas no Estado até a vitória de Jaques Wagner, do PT, em 2006.
Eleição presidencial de 1989
Após dois anos de governo, em 29 de abril de 1989, disputa a
convenção nacional do PMDB que indicaria o candidato do partido a Presidente da
República. No primeiro turno da votação, fica em segundo lugar, com 272 votos,
atrás de Ulysses Guimarães, com 302, mas à frente de Iris Rezende (251) e
Álvaro Dias (72). Após intensas negociações e com o objetivo de unir o partido,
evitando assim um segundo turno da convenção, Ulysses e Waldir concordam em
formar uma chapa única, com Waldir saindo candidato a vice-presidente. Com
isso, Waldir tem que renunciar ao governo da Bahia, fazendo-o a 14 de maio de
1989, deixando em seu lugar o vice-governador, Nilo Coelho.
Alguns consideraram um mau cálculo político a decisão de
Waldir de deixar o governo baiano e integrar uma candidatura que não estava bem
nas pesquisas. Outros o defenderam como um gesto de lealdade para com Ulysses,
que tinha a autoridade moral de haver liderado a oposição à ditadura. Ulysses e
Waldir acreditavam reunir em si todo o carisma que haviam granjeado: o
primeiro, como líder da oposição à ditadura e como presidente da Assembleia
Constituinte que aprovara a Constituição de 1988; o segundo, pela vitória nas
eleições estaduais de 1986. Além disso, contavam com a união do PMDB, maior
partido de então, que contava com 22 governadores estaduais em seus quadros.
Mas os eleitores não entenderam assim: com a legalidade de
todos os partidos, inclusive os comunistas, uma grande quantidade de candidatos
disputou as primeiras eleições democráticas pós-ditadura, e a disputa acabou
polarizada entre Fernando Collor e Lula. A chapa de Ulysses e Waldir, apesar
dos bons resultados obtidos na Bahia, não consegue passar do primeiro turno,
terminando em sétimo lugar.
Deputado federal
No ano seguinte, em 1990, já no PDT, o ressentimento dos
baianos pela sua renúncia não foi maior do que os votos que lhe dedicaram, o
que o tornou o deputado com a maior votação no Estado, em todas as épocas, até
aquela data. Nas eleições seguintes, já no PSDB, após discordar da cúpula do
PDT que passou a apoiar o presidente Collor, foi candidato ao Senado,
concorrendo com o seu rival histórico, Antônio Carlos Magalhães. Acabou
derrotado por Waldeck Ornelas, na disputa pela segunda vaga ao senado, por uma
diferença de 3 mil votos, em uma eleição que levanta até hoje suspeitas de
fraude.
Em 1998 elegeu-se deputado federal com a maior votação no
Estado, apesar de não ter apoiado o candidato à presidência do PSDB, Fernando
Henrique Cardoso, que, preferindo o apoio do PFL de Antônio Carlos, não contou
com o partido na Bahia. A coligação com o PFL o afasta do partido e ele
ingressa no PT.
Candidatou-se a uma vaga no senado em 2002, ao lado de seu
companheiro de chapa Haroldo Lima, perdendo para ACM, que voltou à Câmara Alta
após o escândalo do painel eletrônico que pouco antes o fizera renunciar.
Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União
Em 2002 é convidado pelo presidente Lula para o cargo de
ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU).
No princípio de sua gestão, iniciada em 1 de janeiro de
2003, Waldir Pires promoveu ampla reestruturação da CGU, a fim de que o órgão
pudesse cumprir adequadamente sua missão institucional. Da equipe inicialmente
encarregada desse trabalho fizeram parte Jorge Hage Sobrinho, que em 2006 viria
a suceder Pires no cargo; Luiz Navarro de Britto Filho, atual
secretário-executivo da CGU; além de Eduardo de Freitas Filho, Renato Amaral
Braga da Rocha e Ricardo Cravo Midlej Silva, entre outros destacados membros de
carreiras de Estado.
Durante o período em que esteve no comando da CGU, Waldir
Pires implementou diversas e importantes políticas de controle da Administração
Pública e de prevenção e combate à corrupção. Nesse contexto, destacam-se o
bem-sucedido Programa de Fiscalização a partir de Sorteios Públicos de recursos
federais transferidos voluntariamente a estados e municípios, e o Portal da
Transparência, ferramenta de transparência governamental reconhecida e premiada
no Brasil e no exterior.
Ministro da Defesa
Em 31 de março de 2006 assume o Ministério da Defesa, a pedido
do presidente Lula.
Durante sua gestão aconteceu a chamada crise no setor aéreo
brasileiro, da qual fazem parte dois terríveis capítulos: os acidentes com o
voo Gol 1907, em setembro de 2006, e com o voo TAM 3054, em julho de 2007. A
crise culminou com a demissão do ministro de seu cargo, no final de julho.
Nelson Jobim, ex-ministro do STF, assumiu a pasta no lugar de Pires. Ironicamente,
a demissão ocorreu na mesma semana em que faleceu seu velho rival na política
baiana, Antônio Carlos Magalhães.
Com informações da Wikipédia
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