A quinta-feira, 28, começa com grande expectativa sobre até
onde pode ir o cansaço dos investidores com o governo. O dia de ontem foi de
novos embates com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O presidente Jair Bolsonaro voltou
a afirmar que Maia está abalado por problemas na vida pessoal — seu sogro, o
ex-ministro Moreira Franco,
foi preso na semana passada.
Maia respondeu no mesmo tom. “Abalado estão os brasileiros
que esperam desde janeiro que o Brasil comece a funcionar”, afirmou. “Não dá
mais pra gente perder tempo com coisas secundárias, com coisas que não vão
resolver a fome
O problema: a quarta-feira foi recheada de questões que Maia
chama de secundárias. Durante a tarde, Bolsonaro afirmou, em entrevista ao
jornalista José Luiz Datena, que não houve ditadura no Brasil, e que o regime,
tal qual um casamento, teve seus “probleminhas”. “Onde você viu uma ditadura
entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não
houve ditadura”, afirmou.
Durante a noite, Bolsonaro e seu filho Carlos voltaram a
mirar a imprensa, negando informação da jornalista Eliane Cantanhêde de que a
demissão do ministro da Educação, Ricardo
Vélez, está decidida. Pelo Twitter, Carlos acusou o jornalismo de estar
“raivoso, porque está sem financiamento e não pode mais barganhar a troca de
favores”.
Resultado: a quinta-feira começou com investidores afirmando
que o mercado perdeu a confiança e a paciência com o governo.
Ontem, a bolsa de valores brasileira despencou depois de o
governo sofrer uma derrota no Congresso que levantou dúvidas sobre sua capacidade
de articulação para aprovar as reformas liberais tidas como fundamentais para
acelerar a economia. O
Ibovespa, principal índice acionário local, recuou 3,6%, para 91.903 pontos. O
dólar subiu 2,3%, para 3,9545, na maior cotação em seis meses.
Enquanto isso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou
durante cinco horas no Senado defendendo a reforma da Previdência. Cada dia
fica mais claro que um ministro só não faz verão.
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