Presidente age para
desgastar ministro, e depois assopra
De ministro
“indemissível” e candidato – com direito a anúncio público – à “primeira vaga”
que houvesse no Supremo Tribunal Federal, Sérgio Moro passou a ser alvo das
famosas “caneladas” de Jair Bolsonaro, seja em declarações públicas, em
críticas reservadas ou mesmo em ações para enfraquecê-lo.
Agora que admite
abertamente sua candidatura à reeleição em 2022, Bolsonaro age deliberadamente
para, vendo o sangue do auxiliar e potencial rival na água graças ao vazamento
de mensagens com procuradores da Lava Jato, aumentar seu desgaste.
O presidente já
advertiu que Moro não poderia destruir provas da Operação Spoofing, age nos
bastidores para que Roberto Leonel, nomeado por ele para o Coaf, seja afastado
– depois que o diretor criticou decisão de Dias Toffoli que paralisou
investigação sobre Flávio Bolsonaro que teve como base um relatório de
atividades financeiras do ex-assessor Fabrício Queiroz feito pelo órgão – e,
agora, coloca o pacote anticrimes na geladeira.
Não custa lembrar
que, quando quis levar sua base às ruas para pressionar o Congresso, o
bolsonarismo usou o discurso – com os perfis do presidente e dos filhos à
frente – de que seria perfeitamente possível à Câmara tocar de forma concomitante
a reforma da Previdência e o pacote anticrimes, algo que nós, da imprensa,
sempre dissemos que não era simples nem eficaz.
Por ora, o
presidente mantém o auxiliar na base do esquenta-esfria da frigideira. Depois
das declarações em que aumentava a fritura, o levou de coadjuvante na live
semanal do Facebook, o que já é por si só uma demonstração de quem é que
depende de quem agora.
Justamente porque
Moro precisa ficar no cargo, uma vez que abriu mão da magistratura, e o STF é,
cada vez mais, um sonho distante. Se continuar no cativeiro bolsonarista,
também o será a candidatura em 2022.
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