O presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas por ter
publicado, em seu perfil no Twitter, um vídeo se comparando a um leão atacado
por hienas, que
representam instituições como o STF.
“Não sei por que passou despercebido [sic] essa matéria aí”,
disse o presidente, provando que não entende de flexão de gênero. Nem sabe a
diferença entre uma reportagem e um vídeo de gosto duvidoso.
Deixando de lado a qualidade do material, o
vídeo erra por outro motivo: apesar da má reputação, as hienas são
extremamente evoluídas e Bolsonaro tem muito o que aprender com elas.
Os animais da espécie vivem em estruturas organizadas, que
reúnem até cem integrantes, o que garante a sobrevivência em regiões mais
hostis —diferentemente do presidente, que se isola cada vez mais e se vê
ameaçado até por aliados, como mostra em seu vídeo.
As alcateias seguem estruturas hierárquicas sólidas e são
lideradas pela fêmea mais velha. Já Bolsonaro segue
ordens de filhos e não pode ver uma mulher que já quer ofendê-la
—principalmente se ela tiver mais de 50 anos.
Como se alimentam de carcaças, ossos e dejetos, as
hienas são muito importantes na limpeza e sustentabilidade do ecossistema. Ao
contrário do governo, que segue uma política antiambiental e demora 41 dias
para aprovar um plano de contingência de petróleo.
As fêmeas possuem um clitóris superdesenvolvido,
chegando a medir sete centímetros de comprimento.
Essa informação não contribui em nada para a coluna, mas
achei interessante compartilhar.
O córtex frontal desses animais é semelhante ao de primatas
como chimpanzés. Isso explica a sua inteligência social e a capacidade de
solucionar problemas até em silêncio, usando só sinais não verbais para se comunicar.
Já o presidente, bom, não precisamos nem comentar.
Por trabalhar em grupo com eficiência, as hienas são capazes
de abater animais de grande porte, como zebras, antílopes e leões. Já
Bolsonaro, como mostra o vídeo, é salvo por um “conservador patriota”.
Mas, do jeito que as coisas caminharam nesses dez meses e
com o nome citado
no caso Marielle Franco, em breve esse leão lento e desgastado não
terá ninguém para salvá-lo.
E as organizadas hienas estarão à espera.
Flávia Boggio
Roteirista e autora do núcleo de humor da Globo
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