Eleito presidente do Senado em fevereiro, ao derrotar Renan
Calheiros (MDB-AL), David Alcolumbre (DEM-AP) assumiu com a promessa de mudar
os ares da Casa.
Em seu primeiro discurso, falou em “construção de um novo
Senado”. Na última sexta-feira (20), Alcolumbre demonstrou que velhas práticas
da política nunca saíram de cena.
O senador confirmou o movimento para mudar a Constituição e
permitir que ele, Alcolumbre, dispute a reeleição em fevereiro de 2021 para
continuar à frente da Casa. “Se alguém quiser trabalhar, a gente não pode
atrapalhar as pessoas”, disse.
Ele continuou: “Se Deus continuar me dando saúde e eu
continuar tendo uma postura compatível com o que a maioria compreende que é o
certo, se alguém levantar esta possibilidade, vou estar à disposição”.
A Constituição proíbe hoje a reeleição para as presidências
da Câmara e do Senado dentro da mesma legislatura. Alcolumbre diz que estará à
disposição se “alguém quiser trabalhar” para mexer na regra.
Ou seja, ele quer que a Constituição seja alterada para
favorecê-lo. Nada mais casuístico. E a tentativa de manobra não é nova. Em
2004, os então presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT), e do Senado, José
Sarney (MDB), tentaram aprovar uma emenda à Constituição para serem reeleitos
no ano seguinte.
A mudança tinha o apoio do então presidente Lula, e
articulação de José Dirceu, que chefiava a Casa Civil. Ambos queriam os aliados
Cunha e Sarney na direção do Congresso.
Faltaram apenas cinco votos de deputados para a proposta
passar. A emenda foi rejeitada em maio de 2004. Renan assumiu o Senado e a
zebra Severino Cavalcanti venceu a dura disputa pela Câmara em 2005.
Mais de 15 anos depois, o cheiro de nova manobra percorre os
corredores do Congresso. Seria saudável se a discussão fosse feita com o
compromisso de que só valerá para os próximos presidentes, sem beneficiar
Alcolumbre e muito menos Rodrigo Maia, que pode ir para seu quarto mandato no
comando da Câmara.
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