Craque da articulação política do governo na aprovação da
reforma da Previdência, o ex-deputado Rogério Marinho foi nomeado, ontem,
ministro de Desenvolvimento Regional, no lugar de Gustavo Canuto, que vai
assumir a presidência da Dataprev, a empresa de processamento de dados do INSS.
Marinho era secretário especial do Trabalho e Previdência no Ministério da
Economia, estava cotado para o lugar de Onyx Lorenzoni, na Casa Civil, e agora
vai ampliar o poder do ministro Paulo Guedes na gestão dos recursos federais,
principalmente no Norte e no Nordeste. O adjunto Bruno Bianco assumirá o lugar
de Marinho na secretaria especial.
A mudança no governo mostra a preocupação do presidente Jair
Bolsonaro com as regiões Norte e Nordeste, onde tem sua menor aprovação nas
pesquisas de opinião. Sinaliza também uma maior preocupação com sua articulação
no Congresso, onde Marinho tem amplo trânsito e agora passará a gerenciar a
distribuição de recursos federais nos estados que compõem a região. Canuto, seu
antecessor, era um foco permanente de críticas dos parlamentares da base
governista, que se queixavam das dificuldades para liberação de suas emendas.
Num ano de eleições municipais, a mudança é estratégica para o desempenho
eleitoral dos aliados de Bolsonaro.
Rogério Marinho integrava a equipe de Guedes desde a
transição do governo, sendo nomeado secretário especial do Trabalho e
Previdência por sua atuação na área durante o governo de Michel Temer, pois foi
o relator da reforma trabalhista na Câmara. Filiado ao PSDB, entre 2007 e 2018,
foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte. O Ministério do Desenvolvimento
Regional, no governo Bolsonaro, resultou da junção dos antigos ministérios da
Integração Nacional e das Cidades. A mudança também tem a ver com a intenção do
governo de lançar novos programas de grande impacto nos municípios, nas áreas
de saneamento, mobilidade urbana e construção civil.
A nomeação de Marinho surpreendeu os meios políticos, mas
vai ao encontro dos desejos da base governista, que se ressentia da atuação de
Canuto. O general Luiz Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência, sai
fortalecido com a mudança, pois foi o principal canal de reclamações dos
políticos contra Canuto e participou da decisão de substituí-lo. A presença de
Marinho esvazia ainda mais o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que já
havia perdido o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do governo para o
ministro da Economia, Paulo Guedes, e agora terá mais um ministro na Esplanada
que dispensa sua intermediação para se relacionar com o Congresso.
Delação premiada
Preso desde 2016, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral conseguiu que sua delação premiada negociada com a Polícia Federal fosse homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Autoridades com foro privilegiado estão citadas na delação, que segue em sigilo de Justiça. A homologação pode representar uma reviravolta no caso do ex-governador, condenado 13 vezes na Lava-Jato, com penas que chegam, somadas, a 380 anos de cadeia.
Preso desde 2016, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral conseguiu que sua delação premiada negociada com a Polícia Federal fosse homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Autoridades com foro privilegiado estão citadas na delação, que segue em sigilo de Justiça. A homologação pode representar uma reviravolta no caso do ex-governador, condenado 13 vezes na Lava-Jato, com penas que chegam, somadas, a 380 anos de cadeia.
O acordo de delação premiada de Cabral provocou uma onda de
especulações nos bastidores do Judiciário, ainda mais porque o procurador-geral
da República, Augusto Aras, chegou a se manifestar contra a homologação.
Segundo rumores na PF, integrantes do Poder Judiciário também são citados,
entre eles ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para redução da
pena, Cabral se comprometeu a devolver R$ 380 milhões recebidos por meio de
propina quando ele ocupava o cargo de governador. A PF não decidiu quais
benefícios seriam concedidos a Cabral, o que caberá ao Supremo, ao apreciar o
relatório de Fachin.
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