Um estudo científico realizado pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) e pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo
(FespSP) mapeou que robôs foram responsáveis por 55% das postagens
favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro feitas no dia 15 de março.
No dia, cidadãos de várias cidades do país foram
às ruas manifestar apoio ao governo federal e e também critiar a
atuação do Supremo
Tribunal Federal (STF) e do Congresso
Nacional.
O estudo foi obtido em primeira mão pelo jornal "Valor
Econômico" e identificou que mais da metade dos 1,2 milhão de posts que
usaram a hashtag "#BolsonaroDay" naquele dia partiram de robôs. No
dia 15 de março, a expressão chegou a ficar entre as dez mais usadas no Twitter
no mundo .
Dos 66 mil usuáris que fizeram postagens com a hashtag
naquele dia, 23,5 mil foram classificados como não humanos, contas
automatizadas.
"Os robôs que usaram a hashtag #bolsonaroday postaram
uma média de 700 tuítes no dia 15 de março. Os robôs mais ativos chegam a mais
de 1.200 tuítes por dia. Os usuários comuns têm uma média de três a dez tuítes
por dia. Os usuários humanos mais ativos chegam até 50 tuítes por dia",
diz o estudo.
Em Brasília, as manifestações de 15 de março contaram
com a participação de Jair Bolsonaro, que descumpriu as orientações de
médicos do governo em meio à pandemia do coronavírus (veja no vídeo abaixo).
Segundo o jornal Valor Econômico, horas após publicarem
manifestações favoráreis a Bolsonaro com a hashtag "#BolsonaroDay",
1,7 mil contas foram apagadas do Twitter.
Ao jornal, a rede social disse apenas que "trabalha
globalmente e em escala para combater as tentativas de manipulação das
conversas na plataforma".
Como comparação, o estudo cita o uso de contas automatizadas
no Twitter durante a eleição presidencial nos EUA em 2016 e a campanha do
Brexit no Reino Unido, "reconhecidas internacionalmente como campanhas que
foram manipuladas no Twitter".
"De acordo com o Internet Institute da Universidade de
Oxford, as 'contas altamente automatizadas geraram aproximadamente 18% do
tráfego do Twitter sobre a eleição presidencial (norteamericana)'. No caso do
Brexit, Howard e Kollanyi (2016) relataram que 32% de todo o tráfego do Twitter
sobre o referendo no Reino Unido foi gerado por bots", afirma o estudo.
Dessa forma, a taxa de 55% de posts feitos pelos chamados
"bots" favoráveis a Bolsonaro supera os dois casos mapeados pela
Universidade de Oxford.


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