Agrava-se a pandemia do coronavírus e Jair Bolsonaro não
está preocupado. Agrava-se a crise política e o presidente da República não se
comporta como quem deseja o seu distensionamento.
Ele não se constrange em andar a cavalo na Esplanada e
passear de helicóptero às custas do dinheiro público para forjar cenas de apoio
popular.
Os lampejos de diálogo que sinaliza num dia esvaem-se em
seguida quando prestigia um protesto antidemocrático. Mais uma vez, Bolsonaro
foi o protagonista de um ato anti-STF na Praça dos Três Poderes.
A única preocupação do presidente hoje é estimular o impasse
com o Supremo porque sabe que o tribunal pode ser a origem de sua derrocada.
Parece sem lógica, mas nada é melhor, na tática
bolsonarista, do que desqualificar a corte no meio do jogo.
Um inquérito avança sobre a interferência do presidente,
evidenciada pelos elementos notórios, em peças de comando da Polícia Federal.
Outro fecha o cerco no “gabinete do ódio” instalado no
Planalto, sob a tutela de Carlos Bolsonaro, o 02. O TSE surge no xadrez como
possibilidade de cassação da chapa eleitoral.
O compartilhamento do inquérito das fake news com a corte
eleitoral pode municiar ações sobre o financiamento da vitória de Bolsonaro.
Um processo de impeachment ficaria pendurado na temperatura
do Congresso. Para se proteger, Bolsonaro abriu o balcão de negócios com os
políticos fisiológicos do centrão.
Sem compromisso com o país, esse grupo de partidos abraçou e
traiu Dilma Rousseff. Bolsonaro não tem muita alternativa porque o Judiciário
não dará trégua a ele.
Cresce um movimento de procuradores incomodados com o
alinhamento de Augusto Aras ao Planalto.
O chefe da PGR vai ser pressionado internamente a não
engavetar o volume de complicações do governo.
A sociedade se mobiliza com abaixo-assinados e outras manifestações.
Também contra o governo vê-se até o milagre (provavelmente bem efêmero) de torcidas organizadas de futebol rivais lado a lado.
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