sábado, 6 de junho de 2020

DIÁRIO DA CRISE

Do Blog do Gabeira

Diário da Crise LXXVII

Um dos temas do fim de semana é a divulgação dos dados sobre mortos pelo Covid. O governo ensaiou uma censura temporária, para evitar que fossem divulgados no Jornal Nacional.

Deu errado. Os dados foram divulgados num plantão do Jornal Nacional e obtiveram uma audiência ainda maior.

Esse é o problema da censura, temporária ou permanente. Ela atrai mais curiosidade das pessoas. Um pouco como aquela famosa frase do Freud, o dado reprimido acaba se vingando do repressor.

No governo militar, censuraram uma epidemia de meningite. Mas as circunstâncias hoje são muito diferentes. Além da liberdade de imprensa, as redes sociais estão aí prontos para combater, na prática, qualquer tipo de censura.

O milionário da Wizard que entrou para o governo questiona o número de mortos. Nenhuma novidade. O processo de negação é a tônica de Bolsonaro: negam-se a importância da pandemia, o número de mortes, o conteúdo dos caixões que se enterram – eles vão assim até os últimos dias. No futuro, deve financiar pesquisas para demonstrar que o coronavírus foi apenas uma ilusão.

A única coisa que afirmam é a cloroquina, sem jamais mencionar o fato de que é um remédio que veio de uma árvore amazônica, a mesma floresta que adotaram devastar.

Outra discussão é sobre os protestos de rua. Muita gente se manifestou contra a saída às ruas nesse momento. Bolsonaristas também estarão protestando contra o STF .

As manifestações nesse momento são problemáticas pois estamos no auge da pandemia. Bolsonaro espera o conflito pois pretende utilizá-lo a seu favor.

Aliás até Trump quis se aproveitar das grandes manifestaõçes americanas ao pedir que fossem reprimidas com vigor.

Figuras como Trump e Bolsonaro precisam desses conflitos. Não se importam em unificar o país, ou como disse o ex-Secretário de Defesa, James Mattis, nem fingem que querem a unificação nacional.

Seu objetivo é o conflito para que apareçam como os grandes cavaleiros da ordem.

Espero que mesmo as pessoas que decidam ir para as ruas, compreendam essa realidade. Nos Estados Unidos, grupos supremacistas brancos, se fazem passar por manifestantes, saqueiam e queimam.

Isto pode acontecer também no Brasil com grupos da extrema direita ou mesmo com um tipo de extrema esquerda que quer ver o circo pegar fogo.

Será preciso muita união e maturidade para superar esse momento delicado no Brasil.

Domingo é mais uma prova.

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