Há algumas semanas, sugeri que só havia uma maneira de conter Jair Bolsonaro. Mas, sem espaço, não dei detalhes. Seria uma ação conjunta, tipo Swat ou Mossad, em que uma equipe de agentes de elite o imobilizaria de surpresa, enquanto outra lhe aplicaria uma focinheira. A salvo das mordidas e cusparadas de besta-fera, uma terceira equipe o enfiaria numa camisa de força. Por fim, as três equipes, bem treinadas, o levariam pedalando o ar e o meteriam numa jaula.
Leitores protestaram argumentando que até Bolsonaro tem direito a um processo justo, mesmo que sumário, composto de inquérito, investigação, denúncia, oitiva de testemunhas, distribuição para respectiva vara, leitura da ata de reunião do condomínio, pedido de licença para arguição de descumprimento do preceito fundamental, parecer do relator, recursos infringentes, masturbação a céu aberto e outros trâmites legais. Tudo bem. O problema é se a expectativa de vida do brasileiro é suficiente para se chegar ao fim disso.
O próprio Brasil pode acabar antes, porque os coices de Bolsonaro se dão à la diable, aleijando a educação, a saúde, o meio ambiente, as relações exteriores, os direitos humanos, a ciência, a cultura. Atingem até os que acreditaram nele, como o pessoal do comércio, da indústria, do próprio agronegócio. Menos ou mais, todos já foram prejudicados por seu governo. Mas a reação é a da mulher do malandro.
Que o Exército babe às ordens de Bolsonaro entende-se —ele o comprou a preços de Camelódromo. O Congresso, que o conhece bem, sabe quando lhe dar corda ou lhe puxar o tapete e o valor disso em suas contas bancárias. E a Justiça começa a exalar mau cheiro com certas decisões que emite, infectadas por suas digitais.
Matar, desmatar, corromper, nada o compromete. Mas agora Bolsonaro meteu-se com as estatais e a Bolsa. Talvez, afinal, comecem a achá-lo perigoso fora da jaula.
Ruy Castro Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.
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