quinta-feira, 11 de novembro de 2021

MORRE FREDERIK WILLEM DE KLERK

Do g1

Frederik Willem de Klerk, ex-presidente da África do Sul que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1993 junto com Nelson Mandela, por sua contribuição para o fim do apartheid, morreu nesta quinta-feira (11) aos 85 anos.

A Fundação FW de Klerk disse em um comunicado que o ex-presidente morreu na Cidade do Cabo, "em sua casa em Fresnaye, no início desta manhã, após sua luta contra o câncer de mesotelioma".

O sul-africano foi diagnosticado em março com mesotelioma, um câncer que afeta o tecido que reveste os pulmões. "Ele deixou sua esposa Elita, seus filhos Jan e Susan e seus netos", disse a fundação.

Último presidente branco da África do Sul, o político governou o país entre 1989 e 1994 e surpreendeu o mundo quando acabou com o apartheid e negociou uma transferência pacífica do poder para um governo de negros liderados por Mandela.

Mandela sucedeu FW de Klerk e foi o primeiro presidente negro do país, nas primeiras eleições multirraciais da África do Sul.

FW de Klerk foi o responsável por libertar Mandela e outros presos políticos, ganhou o Nobel da Paz junto com ele e também foi seu vice-presidente, entre 1994 e 1996, mas seu legado gera controvérsias até hoje.

O apartheid

O apartheid foi uma política de segregação racial do estado que vigorou entre 1948 a 1993 na África do Sul (apartheid significa "separação" na língua africâner, que é derivada do holandês).

Durante os mais de 40 anos de apartheid, imperava no país uma política segregação dos cidadãos segundo a cor de sua pele — em que a minoria branca dominou a maioria negra.

Colonizada por holandeses e britânicos, a África do Sul se tornou um país independente em 1910, mas conviveu com ações de dominação dos nativos negros desde a chegada dos primeiros europeus, no fim do século XV.

Com a vitória do Partido Nacional nas eleições legislativas em 1948, a segregação racial se tornou um política oficial de estado. O governo passou a registrar cidadãos segundo a raça e a proibir os casamentos mistos.

O governo também confiscou propriedades de negros e obrigou milhares de pessoas a se mudar para áreas reservadas por etnia. Placas determinavam as áreas para brancos e as áreas para negros — que deveriam, obrigatoriamente, carregar uma caderneta com informações pessoais.

A cor da pele passou a definir se a pessoa poderia votar, onde iria estudar, morar, trabalhar e a receber tratamento médico, diferenciando lugares e posições de brancos e negros na sociedade.

O papel de FW de Klerk

Eleito presidente em 1989 pelo Partido Nacional, FW de Klerk iniciou as mudanças que acabaram com o apartheid no país.

Ele tirou da ilegalidade o Congresso Nacional Africano (CNA), movimento político de Mandela que havia sido banido em 1960, e soltou o político e outras lideranças que estavam presas.

Mas o seu papel na transição para o fim do apartheid e o início de uma democracia multirracial continua altamente contestado quase 30 anos após o fim do apartheid.

Muitos negros criticam o seu fracasso em conter a violência política nos anos turbulentos do seu governo, que antecederam as eleições multirraciais de 1994.

Já os afrikaners brancos de direita, que há muito governavam o país sob o Partido Nacional (o mesmo de FW de Klerk), o viam como um traidor da causa da supremacia branca.

De Klerk despertou raiva da população sul-africana em 2020, quando disse em uma entrevista que não acreditava que o apartheid fosse um crime contra a humanidade — o que é reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas).

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