Rio de Janeiro cancela Carnaval de rua em 2022
RIO DE JANEIRO O prefeito Eduardo Paes (PSD) cancelou o Carnaval de rua no Rio de Janeiro devido ao aumento de infecções pelo novo coronavírus, provavelmente impulsionadas pela variante ômicron. O desfile na Sapucaí, porém, segue confirmado até o momento.
A decisão foi informada em reunião com blocos e patrocinadores e posteriormente anunciada em transmissão nas redes sociais na tarde desta terça (4).
Ele e o secretário de Saúde, Daniel Soranz, se reuniram com representantes de ligas que congregam alguns dos principais blocos da cidade, como a Sebastiana.
No total, 506 blocos de rua se inscreveram para desfilar no Carnaval. Outras cidades já cancelaram os eventos da festa, sendo a principal delas Salvador. A lista de municípios que não terão a festa chega a 58 no interior paulista, litoral e Grande São Paulo.
"O Carnaval de rua, por sua própria natureza e pelo aspecto democrático que tem, gera a impossibilidade de se exercer qualquer tipo de fiscalização", afirmou Paes na transmissão.
O desfile na Sapucaí está mantido, segundo ele, porque lá será possível ter uma "série de controles", que ainda serão anunciados.
O prefeito disse que o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, já vinha alertando que seria muito difícil a realização do Carnaval de rua tendo em vista os dados epidemiológicos recentes.
O município enfrenta um novo aumento no número de casos, provavelmente pela circulação da variante ômicron. A porcentagem de testes feitos que deram positivo para a presença do coronavírus saltou de 1% em meados de dezembro para 13% na última semana.
O número de internações na rede pública permanece num dos mais baixos desde o início da pandemia, mas a quantidade de pessoas nos leitos do município mais do que dobrou desde o Natal, de 11 para 24, na tarde desta terça.
Soranz afirmou que, após semanas de redução no número de casos de Covid-19, os números voltaram a crescer nas últimas semanas. Com a vacinação, a expectativa é que não sejam acompanhados por um grande aumento nas internações e óbitos.
O secretário disse, ainda, que não existe mais epidemia de gripe na cidade e que os casos de infecção simultânea por Covid e influenza são isolados, sem relevância epidemiológica.
Paes afirmou, também, que propôs uma alternativa para a realização do Carnaval de rua, a princípio não aceita pelos representantes dos blocos. Ele disse que está aberto a negociações e contrapropostas.
O prefeito sugeriu à Ambev, patrocinadora da festa, que em todo fim de semana de fevereiro houvesse um evento gratuito com 50 blocos tradicionais, em dois ou três pontos da cidade.
Nesses espaços, seria possível estabelecer alguns controles, como apresentação de passaporte vacinal e testagem pela Prefeitura. Os locais propostos inicialmente por ele foram o Parque Olímpico da Barra da Tijuca e o Parque Madureira.
Em reunião no dia 20 de dezembro, o comitê científico que assessora o prefeito do Rio defendeu que não havia, naquele momento, razão para estabelecer restrições à festa, cancelada no ano passado em razão da pandemia.
Dias depois, a Ambev, patrocinadora do Carnaval de rua carioca que firmou um contrato de R$ 39 milhões para os desfiles, notificou o prefeito para que defina sobre a realização do evento até esta quarta (5).
A notificação foi enviada também para a presidente da Riotur, Daniela Maia, e para a Dream Factory, responsável pela estrutura de apoio aos desfiles.
Enquanto isso, eventos privados fazem as divulgações e vendas de ingressos para o período de Carnaval. A categoria alega que é possível fazer o controle sanitário exigindo o comprovante de vacinação completa contra a Covid.
Nesta segunda-feira (3), Salvador confirmou cancelamento do Carnaval de rua em 2022. A decisão aconteceu após o governador da Bahia Rui Costa (PT) anunciar que não haverá festas de rua no período carnavalesco neste ano.
No Recife, maior polo carnavalesco do estado de Pernambuco, ainda há uma indefinição. A prefeitura disse que a decisão ficará a cargo das autoridades sanitárias. A tendência é que a gestão municipal da cidade siga a recomendação do governo estadual, mas a administração sinaliza que os grandes eventos de Carnaval somente poderão voltar ao patamar pré-pandemia com a superação da crise sanitária.
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