quarta-feira, 4 de setembro de 2024

ATRÁS DAS GRADES

Fernanda Soares*, Juliana Cavalcanti, g1 PE e TV Globo

Deolane Bezerra é presa em operação contra lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais

Empresária e influencer foi presa no Recife. Ao todo, foram expedidos 19 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão em seis estados.

A advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra foi presa nesta quarta-feira (4), no Recife, numa operação contra uma quadrilha suspeita de lavagem de dinheiro e jogos ilegais (veja vídeo acima)A mãe dela, Solange Bezerra, também foi detida, passou mal e foi levada para o Hospital Português.

De acordo com a Polícia Civil, foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações e bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões, de vários alvos. No entanto, até a última atualização desta reportagem, não esclareceu a quem pertencia cada bem.

A prisão de Deolane aconteceu em um hotel no bairro de São José, na região central do Recife. As investigações da operação "Integration" foram iniciadas em abril de 2023, e esta é a terceira fase da operação, de acordo com a Polícia Civil.

Ao todo, na operação "Integration", foram expedidos 19 mandados de prisão. Um dos alvos da ação é considerado foragido pela Polícia Civil, mas a corporação não divulgou quantos dos mandados foram cumpridos, até a última atualização desta reportagem, nem de que forma aconteciam os supostos crimes.

Também foram expedidos 24 mandados de busca e apreensão no Recife, Campina Grande (PB)Barueri (SP)Cascavel (PR)Curitiba e Goiânia. Um mandado foi cumprido em Minas Gerais, onde um avião que saiu de São Paulo pousou.

Outro mandado de busca e apreensão foi cumprido num apartamento no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. A residência é de Darwin Henrique da Silva Filho, CEO da Esportes da Sorte, plataforma de apostas online que patrocina times de futebol como o Corinthians, Athletico-PR, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Ceará, Náutico e Santa Cruz. No local, segundo a polícia, foram apreendidos joias e dinheiro.

Além de bloqueios de ativos financeiros no valor de mais de R$ 2,1 bilhões, foi determinada a entrega de passaportes, a suspensão do porte de arma de fogo e o cancelamento do registro de arma de fogo dos envolvidos. Os nomes não foram divulgados pela corporação.

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Até o momento, não foi esclarecida a propriedade de cada bem apreendido. Um carro de luxo foi apreendido na mansão de Deolane, em São Paulo.

As investigações contaram com a colaboração da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), e das polícias civis dos estados de São Paulo, Paraná, Paraíba e Goiás. Ao todo, 170 policiais estão envolvidos na operação.

Deolane e Solange Bezerra foram levadas para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste do Recife. Deolane, que mora em São Paulo, passava o fim de semana em Pernambuco, onde nasceu, quando foi presa.

Em entrevista coletiva concedida no fim da manhã, a Polícia Civil de Pernambuco não explicou qual é a ligação de Deolane com o suposto esquema nem detalhou como atua a organização criminosa investigada.

O chefe da polícia, Renato Rocha, disse que a operação mira uma organização que faz lavagem de dinheiro de recursos provenientes de jogos ilegais. Ele não explicou, porém, que jogos são esses, não deu os nomes das pessoas e empresas investigadas nem detalhou como ocorre a lavagem de dinheiro.

Em nota, a defesa de Deolane diz que ela está à disposição das autoridades para esclarecer os fatos e pede que seja respeitado o princípio da presunção de inocência.

Influenciadora já foi alvo de outra investigação

Deolane Bezerra nasceu em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata do estado, mas mora em São Paulo desde criança. A influenciadora está em Pernambuco e, na última publicação nas redes sociais, mostrou a casa dos avós, onde passou os primeiros anos da vida.

Em 2022, Deolane foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de ter relação com a Betzord, outra empresa de apostas esportivas na internet. Na época, a Betzord era investigada por "crime contra a economia popular e associação criminosa".

Na época, sem citar a operação policial, Deolane Bezerra chegou a gravar um vídeo em sua rede social após a busca e apreensão na mansão, no qual dizia que haveria mais um "processo" e que nada de ilícito tinha sido encontrado em sua residência. Segundo ela, os agentes levaram computadores, celulares e dois veículos.

O que diz a defesa

O escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais em que diz que a investigação é sigilosa e que a divulgação de detalhes específicos do processo "não só desrespeita o direito à privacidade da investigada, como também pode configurar violação de segredo de Justiça, sujeitando os responsáveis às devidas sanções legais".

"Ressaltamos que a Dr. Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos. Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra. Deolane já está tomando todas as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações inverídicas ou confidenciais de forma indevida", diz a nota.

Nas redes sociais, a irmã de Deolane, Dayanne Bezerra, disse que a irmã e a mãe são inocentes.

"Mais uma vez, venho aqui por minha cara a bater e falar que estamos sendo perseguidas. E que vamos provar a nossa inocência, custe o que custar. Espero que não venham especular e que não me perguntem nada. O que eu tinha para dizer, está dito aqui. E se eu tiver alguma atualização, eu venho falar, porque nós não temos vergonha e nós não devemos nada", disse a irmã.

De acordo com o advogado Pedro Avelino, que defende Darwin Henrique, o CEO não estava no local, pois está viajando a trabalho.

"O que aconteceu hoje foi um cumprimento de um mandado de busca e apreensão. A gente vai se habilitar dentro dessa representação para entender todo o contexto. É importante registrar que a gente já se colocou à disposição da autoridade policial há mais de um ano e meio. Então, a gente acha estranho virem medidas tão gravosas como mandado de prisão, mandado de busca e apreensão, quando a gente desde o início da investigação vem cooperando com a polícia", disse o advogado.
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