Heloisa Teixeira, escritora, pensadora do feminismo e
membro da ABL, morre aos 85 anos
Ela foi a décima mulher a se tornar 'imortal' e ocupou a
cadeira 30, que antes era de Nélida Piñon.
A escritora Heloisa Teixeira morreu nesta
sexta-feira (28), no Rio de Janeiro, aos 85 anos, após complicações de uma
pneumonia e insuficiência respiratória aguda. Ela estava internada na Casa de
Saúde São Vicente, na Gávea.
Heloisa
era integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde o ano passado,
quando herdou a cadeira 30 de Nélida Piñon.
Crítica literária, pesquisadora e importante pensadora
do feminismo brasileiro, Heloisa foi a décima mulher a ser eleita para
a ABL.
Entre 2021 e 2023, foi membro do Conselho Curador da
Fundação Roberto Marinho.
O velório da escritora será neste sábado (29), das 15h às
19h, na ABL. Durante a cerimônia será exibido o documentário "Helô”, feito
por seu filho Lula Buarque.
No domingo (30), haverá um velório restrito aos familiares e
amigos, das 11h às 13h, no Crematório da Penitência, no Caju.
Heloísa nasceu em Ribeirão
Preto, mas morava no Rio de Janeiro.
Recentemente, decidiu mudar o sobrenome de casada que usou
durante toda a sua carreira. Trocou o Buarque de Hollanda pelo Teixeira,
seu nome de solteira e sobrenome da mãe.
Ela explicou a mudança em entrevista recente ao jornal
"O Globo".
"Sim, é para mim [a mudança]. Tem uma hora que a ficha
cai, principalmente, com a coisa feminista. De repente, falei: ‘Caraca, tenho o
nome do marido”.
Vida acadêmica, literatura e curadoria
Heloisa formou-se em Letras Clássicas pela PUC-Rio, fez
mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ e
pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova
York.
Era diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea
(PACC-Letras/UFRJ), onde coordenava o Laboratório de Tecnologias Sociais, do
projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para
o debate sobre a questão da mulher na universidade.
Seu trabalho se destacava na relação entre cultura e
desenvolvimento, tornando-se referência em áreas como poesia, relações de
gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultura digital.
Nos últimos anos, dedicou-se à cultura das
periferias, ao feminismo e ao impacto das novas tecnologias na produção e no
consumo culturais.
Além disso, dirigiu a Aeroplano Editora e Consultoria, a
Editora UFRJ e o Museu da Imagem e do Som (MIS-RJ). Também esteve à frente do
Programa Culturama, na TVE, do Café com Letra, na Rádio MEC, e dirigiu
documentários como "Dr. Alceu" e "Joaquim Cardozo".
Foi curadora de diversas exposições, incluindo "Dez
anos sem Chico Mendes" (1998), "Estética da Periferia" (2005),
"H2O, o futuro das águas" (2009) e "Vento Forte: 50 Anos de
Teatro Oficina" (2009).
Arte, literatura, feminismo, cultura da periferia
Heloisa publicou vários artigos sobre arte,
literatura, feminismo, cultura digital e políticas culturais.
Entre seus livros mais marcantes está "26 Poetas
Hoje" (1976), uma coletânea que revelou poetas marginais como Ana Cristina
Cesar, Cacaso e Chacal, sendo considerada um divisor de águas na poesia
brasileira.
Outros livros de sua autoria incluem:
- "Macunaíma,
da literatura ao cinema";
- "Cultura
e Participação nos anos 60";
- "Pós-Modernismo
e Política";
- "O
Feminismo como Crítica da Cultura";
- "Guia
Poético do Rio de Janeiro";
- "Asdrúbal
Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que
abalou os anos 70";
- "Escolhas,
uma autobiografia intelectual";
- “Explosão
feminista - arte, cultura, política e universidade"; e
- "Feminista,
eu?".
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