sexta-feira, 28 de março de 2025

MORRE HELOISA TEIXEIRA

Do g1 Rio

Heloisa Teixeira, escritora, pensadora do feminismo e membro da ABL, morre aos 85 anos

Ela foi a décima mulher a se tornar 'imortal' e ocupou a cadeira 30, que antes era de Nélida Piñon.

A escritora Heloisa Teixeira morreu nesta sexta-feira (28), no Rio de Janeiro, aos 85 anos, após complicações de uma pneumonia e insuficiência respiratória aguda. Ela estava internada na Casa de Saúde São Vicente, na Gávea.

Heloisa era integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde o ano passado, quando herdou a cadeira 30 de Nélida Piñon.

Crítica literária, pesquisadora e importante pensadora do feminismo brasileiro, Heloisa foi a décima mulher a ser eleita para a ABL.

Entre 2021 e 2023, foi membro do Conselho Curador da Fundação Roberto Marinho.

O velório da escritora será neste sábado (29), das 15h às 19h, na ABL. Durante a cerimônia será exibido o documentário "Helô”, feito por seu filho Lula Buarque.

No domingo (30), haverá um velório restrito aos familiares e amigos, das 11h às 13h, no Crematório da Penitência, no Caju.

Heloísa nasceu em Ribeirão Preto, mas morava no Rio de Janeiro.

Recentemente, decidiu mudar o sobrenome de casada que usou durante toda a sua carreira. Trocou o Buarque de Hollanda pelo Teixeira, seu nome de solteira e sobrenome da mãe.

Ela explicou a mudança em entrevista recente ao jornal "O Globo".

"Sim, é para mim [a mudança]. Tem uma hora que a ficha cai, principalmente, com a coisa feminista. De repente, falei: ‘Caraca, tenho o nome do marido”.

Vida acadêmica, literatura e curadoria

Heloisa formou-se em Letras Clássicas pela PUC-Rio, fez mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ e pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova York.

Era diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordenava o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.

Seu trabalho se destacava na relação entre cultura e desenvolvimento, tornando-se referência em áreas como poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultura digital.

Nos últimos anos, dedicou-se à cultura das periferias, ao feminismo e ao impacto das novas tecnologias na produção e no consumo culturais.

Além disso, dirigiu a Aeroplano Editora e Consultoria, a Editora UFRJ e o Museu da Imagem e do Som (MIS-RJ). Também esteve à frente do Programa Culturama, na TVE, do Café com Letra, na Rádio MEC, e dirigiu documentários como "Dr. Alceu" e "Joaquim Cardozo".

Foi curadora de diversas exposições, incluindo "Dez anos sem Chico Mendes" (1998), "Estética da Periferia" (2005), "H2O, o futuro das águas" (2009) e "Vento Forte: 50 Anos de Teatro Oficina" (2009).

Arte, literatura, feminismo, cultura da periferia

Heloisa publicou vários artigos sobre arte, literatura, feminismo, cultura digital e políticas culturais.

Entre seus livros mais marcantes está "26 Poetas Hoje" (1976), uma coletânea que revelou poetas marginais como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal, sendo considerada um divisor de águas na poesia brasileira.

Outros livros de sua autoria incluem:

  • "Macunaíma, da literatura ao cinema";
  • "Cultura e Participação nos anos 60";
  • "Pós-Modernismo e Política";
  • "O Feminismo como Crítica da Cultura";
  • "Guia Poético do Rio de Janeiro";
  • "Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70";
  • "Escolhas, uma autobiografia intelectual";
  • “Explosão feminista - arte, cultura, política e universidade"; e
  • "Feminista, eu?".
Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário