União Progressista fortalece o centrão e enfraquece
Bolsonaro na definição dos rumos da direita
Sobre o cinismo oposicionista da federação
denominada União Progressista, dona de ministérios e cargos importantes no
governo do PT, muito já se falou e falaremos mais um pouco adiante.
Outro aspecto dessa junção do PP com o União Brasil,
contudo, merece atenção. Serão 109 deputados e 14 senadores em via de serem 15,
tornando-se a maior bancada do Congresso. Parlamentares em amplíssima maioria
identificados com o centrão. Na Câmara, ultrapassam o PL de Jair
Bolsonaro que, assim, perde o privilégio daquela condição.
Além disso, juntos, PP e União terão em
caixa R$ 1,151 bilhão dos fundos eleitoral e partidário, considerados os
últimos repasses de dinheiro público. Surge, aí, a possibilidade de uma
modificação significativa no equilíbrio de forças no Parlamento e fora dele.
Perde muito mais o bolsonarismo que o petismo. Este já tem
como dada sua função meramente utilitária de meio de acesso ao aparelho
estatal. Aquele, no entanto, ainda guarda alguma cerimônia no trato do
ex-presidente como guia genial da direita.
Isso pode mudar. Ainda é cedo para afirmar com certeza, embora seja possível
aventar a hipótese de que se fortaleça nesse campo o descolamento da liderança
e orientação de Bolsonaro nas articulações para a disputa
presidencial de 2026.
A manutenção da palavra do ex-presidente como determinante para decisões da
direita já é considerada um estorvo em voz baixa. Reclamos que tendem a ganhar
decibéis com a provável condenação no Supremo e os atritos promovidos pela
prole do capitão.
O oposicionismo de resultados, expresso na presença de indicados dos novos
federados na máquina pública, não deixa de ser um reforço à União Progressista.
O comando
de quatro ministérios, controle de diretorias da Caixa Econômica Federal e
de boas cadeiras na Codevasf são ativos assaz interessantes para a formação de
robustas bancadas na eleição parlamentar.
Para isso, precisam mais da condescendência pragmática do governante que de
obediência às ordens do oponente.


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