Do Blog do Fausto Macedo, O Estado de S.Paulo
O deputado Celso Russomanno (PRB/SP), candidato à Prefeitura
de São Paulo, é citado em relatório da Polícia Civil no inquérito da Operação
Alba Branca – investigação sobre esquema de fraudes em licitações da merenda
escolar que se instalou em pelo menos 35 prefeituras e que mirava também
contratos da Secretaria de Educação do governo Alckmin.
O deputado não é alvo da investigação – ele detém foro
privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal -, nem a ele é imputado ato
ilícito, mas o documento sugere proximidade de Russomanno com dois alvos da
Alba Branca, quadros importantes na estrutura da organização criminosa, César
Augusto Lopes Bertholino, o ‘Marrelo’, e Cássio Chebabi.
O relatório da Polícia Civil foi preparado quando estourou a
Operação Alba Branca, em janeiro.
Em um contato grampeado, em julho de 2015, Chebabi diz a
‘Marrelo’ que Russomanno é ‘novo parceiro’. Ele afirma que o deputado ‘tá forte
prá prefeitura’. César ‘Marrelo’ diz que eles vão ‘jantar’ com o deputado.
Afirma, ainda, que Russomanno ‘vai dar duas secretarias’ para Leonel Júlio,
ex-deputado e pai do lobista da quadrilha da merenda. ‘Já tá acordado’, afirma
‘Marrelo’.
A Polícia diz que ‘fica claro que (Chebabi e ‘Marrelo’)
esperam algum benefício com esta aproximação’. Segundo os investigadores, os
dois integrantes da Máfia da Merenda ‘demonstram claramente acreditarem que o
caminho mais fácil para a consecução de contratos com órgãos públicos é a
aproximação com pessoas que detêm poder de mando nos órgãos públicos visados’.
Russomanno lidera com folga todas as pesquisas de intenção
de voto na corrida à cadeira de prefeito de São Paulo, superando seus
principais oponentes, Fernando Haddad (PT), Marta Suplicy (PMDB), João Doria
(PSDB) e Luiza Erundina (PSOL).
O candidato reagiu com indignação à citação a seu nome. Ele
afirma que não conhece e nunca se encontrou com ‘Marrelo’ e Chebabi. Russomanno
informou que vai oficiar o Ministério Público pedindo ‘apuração irrestrita dos
fatos’.
O relatório que menciona o nome do parlamentar foi produzido
pela Polícia Civil de São Paulo a partir da análise de grampo de mensagens pelo
celular que pegou ‘Marrelo’ e Chebab.
A Polícia Civil deflagrou Alba Branca em janeiro, em missão
integrada com o Ministério Público do Estado.
A investigação aponta para o suposto envolvimento do
presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez
(PSDB). Ele teria sido contemplado com propina de cerca de R$ 400 mil para sua
campanha em 2014. Capez nega taxativamente ligação com o grupo e abriu mão
espontaneamente do seu sigilo bancário e fiscal.
Alba Branca investiga, ainda, o ex-chefe de gabinete da Casa
Civil do governo Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, o ‘Moita’, e o
ex-chefe de gabinete da Educação do Estado, Fernando Padula.
A base da organização criminosa ficava no município de
Bebedouro, interior do Estado. Na cidade funcionava a Coaf, cooperativa de
agricultura familiar que se infiltrou nas administrações municipais para
corromper gestores e servidores públicos – as prefeituras compravam produtos da
COAF porque são obrigadas por !eí a gastar 30% das verbas recebidas do Fundo
Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Alba Branca pegou conversa de 16 de julho de 2015 entre
Chebab e César ‘Marrelo’ – o primeiro, ex-presidente da Cooperativa COAF, o
segundo ex-vendedor e representante da Cooperativa.
No diálogo, Chebab e Bertholino falam de Russomanno. “César
relata que vai numa reunião com Celso Russomanno, pretenso candidato à
Prefeitura de São Paulo, que teria pleiteado apoio a Leonel Júlio, ex-deputado
cassado que também gerenciou e recebeu valores nos contratos da COAF e também
pai de Marcel”, diz o documento.
Leonel Júlio presidiu a Assembleia Legislativa de São Paulo
em 1976 pelo antigo MDB – naquele ano, ele perdeu o mandato por ato do regime
militar porque teve seu nome envolvido no ‘escândalo das calcinhas’ (compra de
peças íntimas supostamente com recursos públicos).
Alba Branca revela que o filho de Leonel Júlio, Marcel
Júlio, era o lobista número 1 da organização. Pai e filho foram presos por
alguns dias. Eles negam a prática de ilícitos.
Uma troca de mensagens, no dia 16 de julho de 2015, entre
‘Marrelo’ e Chebabi foi resgatada-pela Polícia Civil.
‘Marrelo’ escreveu às 17h54: ‘Tô indo lá pro Mané, vamos
jantar com Celso Russomanno. Eu e o Marcel. Marcamos às 9 horas.
Chebabi respondeu às 18hs. “Novo parceiro.”
‘Marrelo’: Opaa. O Marcel já tinha conversado com ele. E
falado da Coaf prá ele.
Chebabi: Tá forte prá prefeitura.
‘Marrelo’: Ele foi pedir apoio pro Leonel.
Chebabi: Ele é PR.
‘Marrelo’: PRB. Universal.
Chebabi: Cola
‘Marrelo’: Tá com dindim prá gastar. Vai dar duas
secretarias pro Leonel. Se ele vier a ser prefeito de SP. Já tá acordado.
COM A PALAVRA, CELSO RUSSOMANNO
O deputado Celso Russomanno (PRB/SP) reagiu com indignação à
citação a seu nome no relatório policial.
O candidato à Prefeitura de São Paulo afirmou enfaticamente
que não conhece os dois alvos da Operação Alba Branca que mencionaram seu nome
em mensagens pelo celular resgatada pela Polícia Civil.
‘Vou oficiar o Ministério Público pedindo apuração
irrestrita dos fatos. Estou colocando à disposição do jornal O Estado de S.
Paulo e das autoridades o meu sigilo telefônico, fiscal e financeiro para
apuração incondicional desta suposta conversa telefônica. Não conheço estes
cidadãos, nunca tive contato com eles, nunca encontrei-os pessoalmente. Vou
interpela-los judicialmente para que façam prova de que mantiveram algum
contato comigo. A quem interessa envolver o meu nome nesse monte de mentira? Faço
questão de ir a fundo nessa investigação para saber a mando de quem, ou de qual
partido estão tentando sujar o meu nome.’
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