Do Blog do Fausto Macedo, Estadão
Brasília/DF – No relatório de conclusão de um inquérito
instaurado no Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) atribuiu à
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, a prática dos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O caso em questão, que tramita em segredo
de justiça no STF, apura irregularidades na campanha eleitoral de 2014 ao
Senado.
A investigação remonta a fevereiro de 2016, quando a PF
apreendeu documentos na residência de Maria Lúcia Tavares, secretária do setor
de operações estruturadas da Odebrecht. Entre eles, planilhas relatando dois
pagamentos de R$ 500 mil cada a uma pessoa de codinome “Coxa”, além de um
número de celular e um endereço de entrega. Segundo a PF, a investigação
identificou que a linha telefônica pertencia a um dos sócios de uma empresa que
prestou serviços de propaganda e marketing na última campanha da senadora
Gleisi Hoffmann.
A PF informou que pôde comprovar a existência de seis
pagamentos no mesmo valor, além de um pagamento de R$ 150 mil em 2008 e duas
parcelas de R$ 150 mil em 2010. “Também foram identificados os locais onde os
pagamentos foram realizados e as pessoas responsáveis pelo transporte de
valores. Essas tabelas também foram apresentadas pela construtora no momento em
que foi firmado termo de colaboração premiada”, afirmou a PF.
“Há elementos suficientes para apontar a materialidade e
autoria dos crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro
praticados pela senadora, seu então chefe de gabinete, Leones Dall Agnol e seu
marido, Paulo Bernardo da Silva, além dos intermediários no recebimento, Bruno
Martins Gonçalves Ferreira e Oliveiros Domingos Marques Neto. Os autos também
comprovam que a parlamentar e seu marido, juntamente com Benedicto Barbosa da
Silva Júnior e Valter Luiz Arruda Lana, foram responsáveis pelo cometimento de
crime eleitoral”, resume a PF em nota enviada à imprensa.
Gleisi já é ré em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal
junto com o marido, Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler. Eles são
acusados de solicitação e recebimento de R$ 1 milhão desviados em esquema de
corrupção na Petrobras para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. As
testemunhas estão terminando de serem ouvidas, e a senadora deverá ser
interrogada no fim do mês. É possível que o julgamento ocorra ainda em 2017.
COM A PALAVRA, GLEISI
Em nota, a defesa negou que a senadora tenha cometido crime.
“A defesa entende que não há elementos nos autos que autorizem a conclusão
alcançada pela Polícia Federal. Não foi praticada qualquer irregularidade pela
Senadora”, disse o advogado de Gleisi Hoffmann, Rodrigo Mudrovitsch.
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