O caso ganhou repercussão no fim de semana, após uma série
de posts exaltando a gestão do governador do Piauí, Wellington Dias, candidato
à reeleição.
Internautas passaram a acusar o petista de pagar uma agência
de “influenciadores digitais” para divulgar mensagens positivas a seu respeito.
A prática seria ilegal e configuraria propaganda irregular ou até caixa 2.
A ação foi denunciada pela influenciadora digital Paula
Holanda. Em sua conta no Twitter, ela disse que foi procurada por uma
representante de uma agência de marketing digital, a Lajoy. Paula publicou
suposto briefing em que uma pessoa chamada Isabella Bomtempo, da agência,
convidou-a para participar de ação “de militância política para a esquerda” e
não de cunho partidário. No trecho divulgado pela internauta não havia menção a
pagamentos. Ela aceitou participar.
Paula relatou ter concordado em publicar duas postagens: uma
sobre a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, por lhe parecer “uma causa
muito justa”, relacionada à “perseguição partidária” e à prisão do
ex-presidente Lula; e outra, sobre o candidato petista ao governo de São Paulo,
Luiz Marinho, porque parte de sua família mora em São Paulo e “a agenda
paulista” lhe interessa.
A “influenciadora” contou ter “desconfiado” de que não se
tratava de ações apartidárias, mas, sim, a favor do PT, quando pediram a ela
posts elogiosos a um terceiro petista, Wellington Dias. “Eu me recusei a
twittar sobre o Wellington Dias. Não tenho nenhuma ligação com o Piauí e não o
conheço”, tuitou. “Pesquisei rapidamente pela opinião da esquerda e ele
aparentemente não foi um bom governador. Li que ele sucateou e militarizou a
educação e silenciou mulheres”, continuou ela.
Segundo resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “é
vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet,
excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma
inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos,
coligações e candidatos e seus representantes”.
A partir da denúncia, postagens de outros influenciadores
digitais foram expostas nas redes – vários deles com comentários elogiosos a
Dias.
Uma das empresas apontadas como recrutadora destes influenciadores
é a BeConnected, sediada em Belo Horizonte, e que tem um assessor de um
deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG), candidato ao Senado, como sócio.
‘PT está averiguando’, diz Gleisi
Após visitar Lula na Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba, na manhã desta segunda-feira, 27, Gleisi Hoffmann afirmou que a
legenda está averiguando as acusações de que a agência teria pago por
comentários favoráveis ao partido no Twitter.
“O PT nunca adotou esse tipo de prática, nossa relação com
as redes sempre foi de respeito e de militância. Nunca pagamos ninguém para
falar em rede, muito pelo contrário. Estamos averiguando o que é isso, para
esclarecer essa situação”, declarou a presidente do PT, ao lado do candidato a
vice na chapa de Lula, Fernando Haddad (PT), que também visitou o ex-presidente
na prisão.
Já Wellington Dias negou que sua campanha ou o partido
tenham contratado influenciadores digitais para disseminar mensagens positivas
sobre ele e outros integrantes da legenda. Após participar de audiência no
Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir repasses que os Estados reclamam
não ter recebido da União, Dias afirmou que sua equipe está aberta a qualquer
apuração sobre o caso.
“Estamos seguros de que estamos trabalhando cumprindo a lei
eleitoral à risca”, afirmou. O governador disse ainda não temer impactos das
acusações nas intenções de voto em sua chapa e que o partido “tem militantes
que de vez em quando falam bem do Estado”.
O governador rechaçou qualquer acusação de pagamento pelas
mensagens positivas sobre o Piauí. “Mesmo eles, influenciadores, não apresentam
qualquer prova de qualquer coisa”, rebateu Dias.
“Com certeza é zero a possibilidade de qualquer participação
da parte da minha campanha ou do meu partido”, afirmou o governador, que
emendou na sequência uma brincadeira. “Mas continuem falando bem”, pediu.
Via VEJA com Estadão Conteúdo
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