Após a renúncia a Prefeitura de Sobral, o Deputado Pe.
Palhano tentou vôos mais altos, representando Sobral e o Ceará em Brasília.
Todavia, com a morte de seu maior opositor, Coronel Chico
Monte em 16 de março de 1961, Padre José Palhano de Sabóia não detivera a
oportunidade de disputar diretamente uma eleição contra o velho coronel. Apesar
de, ter realizado uma administração singela frente ao Paço Municipal, o Padre
piloto, disputa a eleição de 1962, como candidato forte da Região Norte do Estado.
No pleito citado, o Prefeito Padre, enfrentaria uma dupla
missão; eleger-se ao Congresso Nacional, e “fazer” seu sucessor. Esse lançara
Jerônimo de Medeiros Prado – UDN- e a oposição expunha ao crivo dos
sobralenses, o mais novo desafeto de José Palhano, seu ex-amigo Cesário
Barreto. Este vencera as eleições municipais com 8471 sufrágios, derrotando o
candidato do Prefeito-candidato Padre Palhano de Sabóia.
No entanto, apesar do dissabor de não eleger seu sucessor,
Padre Palhano, estabelecia o fim da Era Montista, elegendo-se Deputado Federal
com significativa votação. Foram 7842 sufrágios, mais até que a votação dos
candidatos de oposição juntos. Francisco Adeodato com 3438 e Marcelo Sanford
com 2562 votos.
Desta feita, com sua vitória a Deputado Federal, ele passou
de líder local á liderança nacional, pondo fim a “liderança” do velho coronel,
e doravante, principiando uma nova era política em Sobral.
A partir do fim da “Era montista”, Sobral vivenciava novos
ares políticos e chegaria ao fim o período do coronelismo tradicional na
cidade. O município deixava de viver sob a égide de um chefe político com todos
os pressupostos de coronel tradicional – o título, as práticas políticas, o
voto de cabresto, clientelismo, intimidação do eleitorado, truculência e
comando político de apenas um sujeito-, essas são as principais características
de um legítimo coronel tradicional.
Senão, o coronel Chico Monte detinha toda essa identidade
coronelística supracitada e ainda, perdurava no poder com as práticas políticas
discutidas, e, como fala Lustosa da Costa; esse fora o “o último dos coronéis”.
Entretanto, o coronelismo não findou, apenas se adequou as novas perspectivas e
contexto político e social cedendo margem ao “o Novo Coronel”, este não mais
tendo as características e identidade de Chico Monte, mas, representa-se nos
sujeitos da modernidade; o Coronel advogado, médico, empresário, engenheiro,
padre, ou seja, de fato ainda há os coronéis na Nova Era.
Não obstante, a vitória de Padre Palhano de Sabóia em 1958 e
1962, derrotando a facção montista, constitui um marco na História política de
Sobral visto que, desde então nenhum outro grupo partidário conseguiria
permanecer no poder local por mais de dois mandatos. Fato esse ocorrendo apenas
duas vezes em toda a segunda metade do século XX. Primeiro com um dos liderados
de Padre Palhano, em 1972 José Parente Prado que vencera com 13529 votos, o
candidato do grupo dos Barretos, Carlos Alberto Arruda que perdera com 11331
sufrágios. Esse também, apoiado pelo Padre político, elegera José Euclides
Ferreira Gomes Júnior com 15079 votos, que vencera o “inimigo gratuito de
Palhano” - Palhano se referia assim ao candidato derrotado-, Cesário Barreto
que obteve 14658 votos.
Outrossim, no segundo caso, o mesmo, José Prado, Prefeito de
Sobral de 1989-1992, não elegera seu sucessor, José Pimentel Gomes, numa união
inesperada das facções de Prado e Ferreira Gomes. Venceu o candidato dos Barretos,
Ricardo Barreto Dias.
Desta feita, conforme discutido já nesse trabalho, após
Padre Palhano por fim ao coronelismo tradicional, não se teria em Sobral a
mesma experiência de poder do velho coronel, no século XX. Este apenas seria
superado no século seguinte, com o advento da “Era cidista”.
Contudo, o personagem central da discussão proposta nesse
trabalho, configura-se como o “divisor de águas” na História e memória da
cidade. Haja visto, as reminiscências e salto no recorte histórico que se faz
necessário na discussão proposta, afim de que se possa estabelecer boa
compreensão das teses propostas nesse trabalho. Desta feita, observa-se o
quanto a presença e influência na memória política de Sobral de Padre Palhano,
estabelecendo assim um aspecto simbólico dum vir-a-ser antes e depois de José
Palhano de Sabóia.
Todavia, com o advento do Golpe Militar, era cessado o
período democrático no Brasil, e com a conivência dos militares, a oposição
consegue reunir documentos que resultariam na cassação de Padre Palhano quando
Deputado Federal. A documentação era referente ao período em que o mesmo,
exercia as funções de Prefeito.
O sucessor, do Padre piloto, Cesário Barreto ao assumir o
Paço, fizera auditoria na Prefeitura e elaborara documento que comprovaria uma
série de irregularidades de seu sucessor. Essa documentação fora formulada como
dossiê publicado com o seguinte título: “A verdade sobre a administração
Palhano”. A referida publicação pressupõe possível descalabro, pífia gestão e
desagravo ao gestor Padre Palhano.
A medida que, era estabelecido o golpe militar, dispondo de
dois parentes militares, o Prefeito Cesário Barreto, consegue que o Deputado
Federal Padre Palhano de Sabóia seja cassado, tanto o mandato como os direitos
políticos em razão das acusações impetradas e apresentadas pelo seu ex-amigo,
então Prefeito Cesário Barreto.
José Palhano, então ex-deputado, anos depois em 4 de outubro
de 1967 apresentara documentação, que comprovaria sua inocência quanto as
acusações que resultara na perda de seu mandato, intitulado “Em busca da
Verdade” (SABÓIA: 1967), apresentado pelo Deputado Federal Osíris Pontes, que
expôs defesa no Congresso Nacional das acusações impetradas pelo Prefeito
Cesário Barreto.
Contudo, não mais valeria muito a comprovação de sua inocência
e absolvição das denúncias. Haja visto, que sua trajetória política já havia
sido abortada precocemente e fortemente comprometido suas aspirações políticas,
por tal razão, não mais tivera oportunidade de ocupar novos cargos políticos.
Entretanto, José Palhano atribuía as duras posições
contrárias pelos seus opositores, o motivo de que “descobriram na minha pessoa
uma ameaça de provável futuro competidor”. Desta feita, apontamos três
principais características que simbolizam a derrocada do príncipe do clero
sobralense, são: a morte de D. José Tupinambá, uma oposição implacável e o
advento do golpe militar.
Visto isso, com sua perda de mandato e desaparecimento da
vida pública, ao menos de forma direta em cargo eletivo, o Padre cassado, não
pode alcançar destaque como coronel tradicional, de mesma identidade e
características semelhantes ao coronel Chico Monte. Assim, esse não fora um
coronel de fato, mas sim, o algoz e responsável pelo Fim do Coronelismo
Tradicional em Sobral.
Do blog Política com “P”
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