Dias antes de demitir Ricardo Vélez, o presidente disse
achar “bastante claro” que as coisas não estavam dando certo no Ministério da
Educação. Em três meses no cargo, o professor colombiano provocou um apagão na
pasta e tentou obrigar crianças a recitarem o slogan de campanha do chefe. Até
Jair Bolsonaro precisou admitir que faltava ao auxiliar capacidade de gestão.
Nenhuma lição foi aprendida naquele episódio, como se vê. O
presidente exaltou a própria coragem ao se livrar de um ministro incapaz, mas
decidiu substituí-lo pelo indivíduo que agora pilota o caos do Enem.
As demissões e trocas de comando executadas por Bolsonaro
neste seu período inicial no poder foram tão improdutivas quanto muitas de suas
nomeações. A máquina pública continua sequestrada pelas obsessões ideológicas e
desavenças particulares do presidente.
Abraham Weintraub só está pendurado no posto até agora por
ter se provado um antiesquerdista mais malcriado do que o antecessor. Ninguém
ligou para o fato de que, num só dia, persistiram as falhas no cálculo das
notas do Enem e surgiram novos problemas no sistema de inscrição nas
universidades.
Se o departamento de RH do governo funcionasse, Bolsonaro
não teria derrubado Joaquim Levy do BNDES. O presidente achava que o economista
não queria abrir a caixa-preta do banco. Seu substituto, um amigo da
primeira-família, precisou anunciar que uma auditoria milionária no órgão não
encontrou nada e não tem “nada mais a esclarecer”.
Em junho do ano passado, Bolsonaro cedeu à ala do Planalto
que brigava pelo controle da verba oficial de comunicação e demitiu o general
Santos Cruz. Sem o militar, quem ganhou poder foi o secretário Fábio
Wajngarten, hoje protagonista de um indecente conflito de interesses.
Algo parecido aconteceu na saída de Gustavo Bebianno,
chutado quando estourou o escândalo das candidaturas laranjas do PSL. Já o
ministro do Turismo, denunciado pelos investigadores, continua na cadeira.
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