Perfil hacker divulga dados pessoais que seriam de
Bolsonaro, família e aliados
Perfis no Twitter que dizem pertencer ao grupo
hacker Anonymous Brasil divulgaram na noite desta
segunda-feira, 1º, supostos dados pessoais do presidente Jair
Bolsonaro, seus filhos Carlos, Eduardo e Flávio,
além de integrantes do governo e aliados do presidente, como a ministra da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares
Alves, e o ministro da Educação, Abraham
Weintraub. Uma das contas que vazou os dados foi suspensa minutos
depois e o site onde estavam armazenadas as informações saiu do ar.
A Anonymous atua em outros países e ressurgiu no último
domingo, 31, após desdobramentos do caso de George Floyd, homem negro
assassinado durante uma abordagem policial nos Estados Unidos. Em vídeo, a organização ameaça expor
"muitos crimes" cometidos pela polícia em todo o mundo.
A conta que vazou supostos dados de autoridades brasileiras
nesta segunda estava sem publicar no Twitter desde outubro de 2018. No último
domingo, anunciou a volta. "Chamado #AnonymousBrazilNeedsHelp. Estamos
preparando nosso barco! Logo teremos vazamentos de dados, estamos preparando.
#Anonymous #AntiFascista #Antifa Ajude com RT", diz uma
publicação. No Twitter, as hashtags (palavras-chaves) #Anomymous e
#anonymousbrasil estavam entre as mais comentadas da madrugada. O perfil
afirma ainda que outras contas "hacktivistas" estão sendo reativadas
na rede social.
O vereador Carlos Bolsonaro
(Republicanos-RJ) confirmou nesta terça, 2, o vazamento de dados
pessoais. O filho do presidente Jair Bolsonaro escreveu
em sua conta no Twitter que o ataque é uma "clara tentativa de
intimidação" e que "medidas legais estão em
andamento". Carlos relacionou o vazamento ao que chama de "turma
'pró-democracia'", em alusão às manifestações
realizadas nos últimos dias contra o presidente, e reiterou críticas
aos desdobramentos do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Após vermos violações do direito à livre expressão, agora ferem a
privacidade. Sob a desculpa de 'combater o mal', justificam seus crimes e fazem
justamente aquilo que nos acusam, mas nunca provam!"
Além de Bolsonaro e seus filhos, tiveram os supostos dados
vazados o deputado estadual Douglas
Garcia, aliado do presidente, os ministros Abraham Weintraub
e Damares Alves, e o dono da Havan e também aliado de
Bolsonaro, Luciano Hang. Entre os dados vazados estão
informações como e-mails, telefones, endereços, perfil de
crédito, renda, nomes de familiares e bens declarados.
Garcia também já havia confirmado o vazamento de seus
dados pelo grupo e afirmou que faria um boletim de ocorrência. "Anonymous
Brasil, de forma criminosa, acaba de divulgar todos os meus dados nas redes
sociais. Para que colocar os meus familiares em risco? Para que divulgar o
endereço de minha casa? Os lugares em que trabalhei? Estou indo agora mesmo na
delegacia fazer um boletim de ocorrência", escreveu o deputado.
A conta americana, que acumula mais de 4,9 milhões de
seguidores, mencionou o presidente Jair Bolsonaro no domingo. "Algo que as
pessoas devem olhar no Brasil é investigar se Bolsonaro tem algum vínculo com o
traficante e estuprador de crianças John Casablancas, um associado próximo de
Trump que atuou como proxy (termo que designa servidores intermediários)
para os negócios de Trump no Brasil sob algum cargo obscuro e indefinido",
escreveu.
Um dos perfis que disse pertencer ao grupo hacker
também publicou imagens que alega retratarem a lista de bens declarados
por Bolsonaro, com valor idêntico à declaração apresentada ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), de R$ 2.286.779,48, e até uma suposta fatura de posto de
gasolina em nome do presidente no valor de R$ 56.160,00, com data de fevereiro
deste ano e endereço de cobrança no seu endereço residencial na Barra da
Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O número do CPF do presidente também foi
exposto.
Sob a hashtag "#vazaram", usuários do Twitter compartilharam capturas de tela em que dizem ter feito compras no valor de dezenas de milhares de reais com o cartão corporativo de Bolsonaro, cujos dados também teriam sido divulgados, e até filiado o mandatário ao PT.
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