Trata-se de um equívoco acreditar que o fascismo seja um
fenômeno de economias pouco desenvolvidas. Os fatos não mentem: tanto a Itália
de Mussolini quanto a Alemanha de Hitler se alinhavam entre as nações mais
industrializadas da Europa, nas décadas de 20 e 30, do século XX. O fascismo
pode ser expressão do atraso, mas do atraso político.
O mesmo podemos dizer em relação ao populismo brasileiro. Seu berço maior é São
Paulo, a chamada locomotiva do Brasil. Dali partiram Ademar de Barros, Jânio
Quadros, Paulo Maluf e Lula da Silva.
Ademar foi interventor federal sob o regime estadonovista
(1938-1941), duas vezes governador de São Paulo (1947-1951 e 1963-1966) e duas
vezes candidato à presidência da República, ficando na terceira colocação em
ambas as disputas (1955 e 1960). Deu origem ao ademarismo.
Jânio Quadros foi vereador por São Paulo (1948-1950, quando
assumiu o mandato após a cassação dos vereadores do Partido Comunista – PCB).
Em seguida, foi eleito deputado estadual (1951-1953), prefeito de São Paulo
(1953-1955), governador (1955-1959) e, finalmente, Presidente da República
(eleito em 1960). Uma carreira meteórica, portanto. Deu origem ao janismo.
Paulo Maluf foi outro populista de São Paulo. Teve uma
carreira parecida com aquela dos demais: prefeito de São Paulo (1969-1971 –
voltando ainda ao posto nos anos 90), governador (1979-1982) e candidato à
Presidência da República, perdendo para Tancredo Neves, a 15 de janeiro de
1985, no Colégio Eleitoral. Deu origem ao malufismo.
Luiz Inácio Lula da Silva, sindicalista, disputou o governo
de São Paulo em 1982, perdendo as eleições. Posteriormente, disputaria as
presidenciais nada mais nada menos do que quatro vezes, vencendo o último
pleito, em 2002, exatamente 20 anos depois de disputar o governo paulista. Deu
origem ao lulismo.
Todas essas candidaturas têm em comum a demagogia, o
despreparo administrativo, o aventureirismo, o conluio com o grande capital, o
autoritarismo, apoiando-se sobre a figura de um líder carismático, que tenta
passar por cima das instituições, desprezando-as e buscando o diálogo direto
com as massas populares. Todas se revelaram uma farsa política.
É possível que já esteja em gestação – não para agora; nunca
é… – uma nova candidatura populista, partindo de São Paulo.
Daí a importância da união do Campo Democrático na principal
unidade da Federação, rechaçando o populismo – muitas vezes um fascismo que não
ousa dizer o nome – do nosso horizonte. E essa união pode ser realizada em
torno de Bruno Covas.
É possível. Também.
*Ivan Alves Filho, historiador, autor de mais de uma dezena
de obras, das quais a última é A saída pela democracia (2020)
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