Juiz censura pesquisa Datafolha em São Paulo a pedido de
Russomanno
A Justiça Eleitoral censurou a publicação de pesquisa do
Datafolha, feita pela Folha em parceria com a TV Globo, sobre
a corrida eleitoral de São Paulo. A Justiça acatou pedido da coligação do candidato
Celso Russomanno (Republicanos). O Datafolha pediu que o juiz
reconsidere a decisão.
Segundo a decisão, que tem caráter provisório, “ao que
parece a pesquisa eleitoral ora impugnada está em desacordo com a legislação e
a jurisprudência eleitoral”.
O juiz eleitoral Marco Antonio Martin Vargas indicou
aspectos que não estariam em conformidade com a lei, como a ausência de
ponderação dos entrevistados quanto ao nível econômico, irregular fusão de
estratos quanto ao grau de instrução dos entrevistados e simulação tendenciosa
de segundo turno diante da ausência de simulações sem a presença do candidato à
reeleição Bruno Covas.
Segundo Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do
Datafolha, o instituto utiliza como referência nas eleições de 2020 as mesmas
variáveis de planejamento amostral e ponderação dos dados que há mais de 35
anos ditam o monitoramento dos pleitos da cidade de São Paulo, com o objetivo
de representar todos os estratos do eleitorado paulistano.
"Causa espanto e é preocupante um pedido de impugnação
da divulgação justamente agora quando o candidato que solicita a censura
apresenta queda nas intenções de voto. É um ataque ao direito do eleitor de se
informar, uma ação antidemocrática”, afirma Janoni.
Em nota, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) lamentou o
que classificou como "censura judicial".
"A pesquisa se utiliza dos mesmos parâmetros há mais de
35 anos aplicados nas eleições em São Paulo, mas mesmo assim a Justiça
Eleitoral considerou que ela pode estar em desacordo com a legislação. A ANJ
protesta contra a decisão e espera que ela seja rapidamente revogada, pois o acesso
às informações contidas na pesquisa é um direito de todos os cidadãos,
sobretudo dos eleitores paulistanos. Pesquisas eleitorais são elementos
fundamentais na vida democrática e cerceá-las é afronta à própria
democracia."
A presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas),
Maria José Braga, afirma que "a decisão judicial atenta contra a liberdade
de imprensa e que, em período eleitoral, é preciso mais do que nunca garantir o
direito do cidadão e da cidadã à informação".
Com apoio eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (sem
partido), Russomanno pediu a suspensão da pesquisa no momento em que sua queda
nas intenções de voto se acelera.
Ele teve novo
recuo no Datafolha mais recente e registrou 16%, em empate técnico no
segundo lugar com Guilherme
Boulos (PSOL) e Márcio França
(PSB); em pesquisa Ibope divulgada nesta segunda (9), a tendência se
repete.
Ao mesmo tempo em que derrete nas pesquisas de intenção de
voto, Russomanno vê a sua rejeição disparar. A rejeição a ele começou no fim de
setembro em 21%, subindo nos levantamentos seguintes para 29% (5 e 6 de
outubro) e 38% (20 e 21 de outubro). Agora, no início de novembro, atingiu 47%.
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