Quem ganhou a batalha dos bonés, símbolo do vale-tudo da
política nas redes sociais?
Líder do PL, Sóstenes Cavalcante diz que a cada ação de Sidônio Palmeira haverá uma reação: ‘Estou de olho nesse cara’.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), estava ao
lado do presidente Lula, na manhã de ontem, quando a equipe do ministro da
Comunicação Social, Sidônio Palmeira, entrou animada no gabinete do Palácio do
Planalto. Nos oito segundos de gravação, com um mapa-múndi ao fundo, Lula não
diz uma palavra, mas aparece, em efeito Boomerang, com um boné azul na cabeça.
Não era qualquer boné. Era o acessório que ganhou fama na
disputa com bolsonaristas pelo conceito de patriotismo, na esteira da posse do
presidente dos EUA, Donald Trump. Desta vez, no entanto, o bordão não foi
importado como o Make America Great Again. “O Brasil é dos brasileiros”,
destaca a inscrição.
“Este é o retrato do que é a política nos
dias de hoje”, afirmou Wagner. “Você faz dez mil discursos e não fura a bolha
ideológica. Aí você faz um negócio desses e fura.”
O boné usado por ministros e aliados de Lula desde o dia
1.º, quando houve a eleição da nova cúpula do Congresso, virou a nova batalha
das redes sociais entre governistas e seguidores do ex-presidente Jair
Bolsonaro. Pior: nos dois fronts, já tem gente comercializando o produto.
Um levantamento feito pela consultoria Bites, a pedido da
coluna, indica que, desde sábado, Lula conseguiu pautar as redes com o boné dos
brasileiros.
Na contraofensiva, o líder do PL na Câmara, Sóstenes
Cavalcante, mandou confeccionar outras 30 peças, em verdeamarelo, com os
dizeres “Comida barata novamente – Bolsonaro 2026”. Aliados do ex-presidente
fizeram muito barulho no plenário com o acessório.
“Paguei do meu bolso: R$ 2.262 com Pix. Só não fui taxado
porque o Nikolas me salvou”, ironizou ele, numa referência ao deputado Nikolas
Ferreira (PL), que no mês passado emparedou o governo ao publicar um vídeo com
fake news sobre a taxação do Pix.
Embora o mote da “comida barata” tenha atingido o calcanhar
de aquiles da gestão Lula 3 – que é o preço alto dos alimentos –, a mensagem da
oposição não bateu a força daquela postada pelos governistas.
Dos dois lados, foram 260 mil menções em redes e notícias,
até ontem, com 2,6 milhões de interações. “Das dez mensagens com mais
repercussão na guerra dos bonés, sete defenderam a estratégia do governo”,
disse André Eler, diretor da Bites. “Foi um acerto de comunicação, mas
representa seis vezes menos o pico de menções sobre o Pix.”
É triste ver, porém, que a política de hoje se transformou
em disputa de quem tem mais cliques – e não programas – nas plataformas
digitais. Vale tudo para aparecer. Só falta agora o eleitor escolher o
presidente da República pelo repertório musical.
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