Governo precisa resistir à tentação de pisar no
acelerador dos gastos federais
Farra em estados e municípios e situação ainda frágil de
empresas estatais também trazem risco
O governo Lula (PT)
chega às portas de 2026 em situação relativamente confortável, com economia
crescendo, juros
ainda elevados, mas com perspectiva
de queda, e avanço em medidas para recompor as finanças (como aumentos
de tributos) e honrar promessas ao eleitorado (isenção
de Imposto de Renda até R$ 5.000).
Nada disso anula os três principais
desafios com os quais terá de lidar em ano eleitoral: a tentação de pisar no
acelerador dos gastos federais, os riscos da gastança
que estados e municípios já vêm produzindo e a situação
ainda frágil de empresas estatais.
As pesquisas mostram, até aqui, favoritismo
de Lula na corrida presidencial, mas até 4 de outubro muita água vai rolar.
O risco é o presidente e seus auxiliares acionarem o botão de pânico em caso de
ameaça à reeleição.
Um dispositivo incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias
de 2026 pela oposição, em acordo com o governo, veda a criação de novas
despesas obrigatórias, renúncias e fundos para execução de políticas públicas.
Pode ser uma primeira linha de defesa contra a tentação gastadora, mas
dificilmente será suficiente. Caberá ao Ministério
da Fazenda mostrar seu real poder de convencimento e evitar mais lenha
na fogueira da dívida pública.
Nos estados e municípios, a
farra de despesas já é uma realidade. Forrados de novas receitas e
transferências de emendas, governadores e prefeitos assumem compromissos que
podem ficar sem fonte de financiamento se a economia desacelerar. Para ajudar,
o próprio governo federal deu
um socorro mais do que generoso para estados endividados, liberando espaço
para benesses. Se der errado, já sabemos quem pagará a conta.
Nas estatais, a falha de monitoramento desaguou em crise na
Eletronuclear, que depende
de dinheiro novo para sair do buraco, e nos Correios,
cujo empréstimo
bilionário está longe de ser um desfecho. É preciso persistir
no ajuste prometido.
Será um ano decisivo, na política e na economia.


Nenhum comentário:
Postar um comentário