A festa hoje é para a grande guerreira que não foge à luta,
Luiza Erundina. Sinônimo de competência, coerência e luta pelos direitos
humanos. O trabalho parlamentar de Erundina
é uma referência na política nacional. A honestidade e responsabilidade tem
norteado a vida pública dessa paraibana que tem uma força e fé inabalável.
Erundina nos enche de orgulho, é um ser humano fantástico.
Biografia – Luiza Erundina de Souza, nasceu no dia 30 de
novembro de 1934 na cidade de Uiraúna, Paraíba. É a sétima de dez filhos de um
artesão de selas e arreios de couro. Começa a trabalhar ainda na infância,
vendendo bolos feitos pela mãe.
Repete a 5ª série duas vezes para não parar de estudar, uma
vez que a cidade não tinha curso ginasial. Vai morar em Patos, com uma tia, em
1948, para cursar o ginásio. Forma-se em Serviço Social na Universidade Federal
da Paraíba, em João Pessoa, em 1967, e segue para São Paulo em 1971 para fazer
mestrado na Escola de Sociologia e Política. Luíza Erundina sonhava ser médica,
contudo, por dificuldades de ordens diversas, viu-se obrigada a suspender os
seus estudos durante nove anos. Mesmo assim, ajudaria a fundar, em Campina Grande,
a Faculdade de Serviço Social.
Por vias da militância católica, ela assumiria, em 1958, o
seu primeiro cargo público: aos 24 anos de idade, tornar-se-ia diretora de
Educação e Cultura da Prefeitura Municipal de Campina Grande. E, em 1964, seria
nomeada secretária de Educação e Cultura dessa cidade.
Erundina graduou-se como assistente social, em 1966, pela
Universidade Federal da Paraíba; e, em 1970, concluiu o mestrado em Ciências
Sociais, pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Vale registrar que, em Campina Grande, na década de 1970,
ela iniciava a sua atuação na esfera política, participando das Ligas
Camponesas e fazendo oposição ao Golpe Militar. E que, naquela cidade e período
histórico, a participação de mulheres nordestinas, na política, praticamente
inexistia. Por essa razão, ela passaria a sofrer perseguições.
Foi em 1971 que Erundina decidiu se transferir para São
Paulo em definitivo; e, ainda nesse ano, foi aprovada em um concurso público
para assistente social da Prefeitura, indo trabalhar com os nordestinos
migrantes nas favelas da periferia da cidade.
É aprovada em concurso para a Secretaria do Bem-Estar Social
da prefeitura paulistana e logo depois passa a colaborar com movimentos de
periferia que reivindicam moradia e ocupam terrenos públicos abandonados,
muitas das vezes em associação com as Comunidades Eclesiais de Base. Em 1980, é
convidada pelo então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva a ser uma das
fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual se elege vereadora em
1982 e deputada estadual constituinte em 1986. Em 1985, é escolhida pelo
partido para ser a vice-prefeita na chapa do candidato Eduardo Suplicy por
ocasião das eleições municipais daquele ano. Suplicy fica em terceiro no
pleito, vencido por Jânio Quadros (PTB), mas a expressiva votação recebida pelo
PT (cerca de 19% dos votos) impulsiona o crescimento do partido na cidade. Em
1987, já como deputada estadual, é agredida pela Polícia Militar durante uma
manifestação de funcionários públicos contra o governo do estado (à época
comandado por Orestes Quércia) promovida pelo PT.
Integrante da ala considerada mais radical do PT, ligada ao
trotskismo, Luiza Erundina candidata-se em 1988 às prévias do partido para a
decisão do candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições daquele ano. O
outro candidato das prévias é o deputado federal constituinte Plínio de Arruda
Sampaio, oriundo do setor majoritário e moderado da legenda e apoiado por suas
maiores lideranças: Lula, José Genoíno e José Dirceu. Erundina vence Plínio na
disputa interna e se lança, com efeito, à corrida municipal, concorrendo com o
ex-prefeito e ex-governador Paulo Maluf (PDS), com o secretário estadual João
Oswaldo Leiva (PMDB), apoiado pelo governador Orestes Quércia e pelo prefeito
Jânio Quadros, com o deputado federal José Serra (PSDB), com o jornalista e
secretário municipal de Jânio, João Mellão Neto (PL), e com o ex-secretário
municipal e genro de Jânio Quadros, Marco Antônio Mastrobuono (PTB).
De início em terceiro nas pesquisas eleitorais (atrás de
Maluf e Leiva), com uma campanha caracterizada pelos baixos recursos, pela
militância pesada do partido nos bairros (sobretudo periféricos, que se
converteriam nos grandes redutos eleitorais de Erundina naquele ano) e pelos eloquentes
ataques, durante o Horário Eleitoral Gratuito, à administração de Jânio Quadros
e aos demais candidatos, vistos todos como representantes dos setores mais
conservadores e elitistas da sociedade, Luiza Erundina foi crescendo aos poucos
na eleição, beneficiada pela insatisfação generalizada da sociedade com o poder
público, pela, à época, diferenciada proposta representada pelo PT, pela alta
rejeição a Maluf e pelo baixo cacife eleitoral de Leiva, tido por muitos como
um candidato-fantoche. Durante o processo, Erundina ainda agregou o apoio de
demais siglas de esquerda, como o PDT e o PCdoB, chegando, na penúltima semana
do pleito (na época não havia segundo turno), em situação de empate técnico com
Leiva e atrás de Maluf.
A greve na Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda,
ocorrida nas proximidades da eleição e que terminou com a morte de três
operários devido à truculenta ação do Exército, ajudou a opinião pública a se
sensibilizar acerca das reivindicações do movimento sindicalista e a rejeitar
ainda mais o poder constituído de então. Alguns analistas políticos consideram
que a repercussão da greve ajudou na vitória de Erundina em 15 de novembro de
1988, com 33% dos votos válidos, ante 24% de Maluf e 14% de Leiva, desmentindo
as pesquisas dos dias anteriores, que davam vitória a Maluf. O próprio
candidato do PDS, quando informado da vitória da petista por um jornalista da
Rádio Jovem Pan, chegou a declarar que contestaria o resultado da eleição junto
ao TRE. Contudo, tal intenção não foi concretizada. Após a totalização dos
votos, descobriu-se que a Rede Globo não divulgou uma pesquisa do Ibope,
concluída na véspera do dia da votação, que já indicava a vitória de Erundina.
As circunstâncias da eleição de Erundina para a prefeitura da maior cidade do
país causaram grande impacto, sobretudo pelo alto grau de surpresa, pelo
próprio perfil pessoal da nova prefeita (solteira, migrante nordestina e ativa
militante de esquerda) e pela significativa mudança em relação ao sistema
administrativo outrora constituído.
Trajetória política
Prefeitura de São Paulo
Luiza Erundina foi prefeita do município de São Paulo entre
1989 e 1993, eleita pelo PT.
Na sua gestão elaborou ações importantes nas áreas de
educação (os responsáveis pela pasta eram os educadores Paulo Freire e, depois,
Mário Sérgio Cortella, reconhecidos internacionalmente) e saúde, como o aumento
do salário e da capacitação dos professores da rede municipal, a melhoria na
distribuição e qualidade da merenda escolar, a criação dos MOVAs (Movimentos de
Alfabetização, centros de alfabetização e instrução de adultos) e a implantação
de serviços de fonoaudiologia e neurologia, entre outros, nos postos da cidade,
além do desenvolvimento de políticas sociais mais voltadas para a periferia.
A gestão de Erundina colocou a problemática habitacional
como prioridade ao apoiar a implantação habitação de interesse social por
mutirão autogerido, o que ajudou a diminuir o déficit habitacional no
município. A prática do mutirão foi descontinuada por seus sucessores, como
Paulo Maluf, os quais priorizaram a construção de edifícios de apartamentos por
métodos convencionais, visto que os mutirões proporcionavam um certo nível de
organização política aos envolvidos, assim como possibilitavam sua mobilização
com relação ao atendimento de suas demandas, o que não ocorria nos projetos
habitacionais de Maluf e dos demais prefeitos.
No setor de esportes, junto a seu secretário Juarez Soares,
conseguiu trazer de volta a Fórmula 1 para a cidade, abrigando-a no circuito de
Interlagos. Na área da cultura (comandada pela filósofa Marilena Chauí) foi
responsável pela construção do Sambódromo do Anhembi e pela restauração das
grandes bibliotecas do centro da cidade, como a Biblioteca Mário de Andrade.
Também sancionou a lei de incentivo fiscal à cultura do município, a Lei
Mendonça. Nos transportes públicos investiu na modernização da frota da CMTC e
incentivou as empresas particulares a fazerem o mesmo, principalmente através
de subsídios governamentais às tarifas. No transporte individual, Erundina foi
bastante criticada por não ter dado continuidade em algumas obras viárias de
seu antecessor Jânio Quadros, como os túneis sob o Rio Pinheiros e o Lago do
Parque do Ibirapuera, empreitadas que foram retomadas por Paulo Maluf.
O ponto mais polêmico de sua gestão foi a tentativa de
mudança nas regras da cobrança do IPTU, naquilo que se chamou de "IPTU
progressivo": pelo projeto, apresentado em 1992 (último ano de sua
gestão), proprietários de imóveis de maior valor teriam um aumento no imposto
(ao mesmo tempo em que outros imóveis, isentos da cobrança, voltariam a
contribuir), ao passo que imóveis menores teriam os custos diminuídos até a
isenção. Tal medida foi duramente rechaçada pela Câmara dos Vereadores (de
maioria oposicionista) e por setores da imprensa, até ser derrubada pelo
Supremo Tribunal Federal, que considerou a iniciativa da prefeitura
inconstitucional. Pela campanha deflagrada contra a atitude da prefeita e pela
mesma potencialmente também atingir alguns setores da classe média, a
administração de Luiza Erundina sofreu uma sensível queda em sua popularidade.
Durante seu período na prefeitura foi considerada uma das
principais lideranças de esquerda no país, mas não conseguiu constituir um
sucessor. O candidato de seu partido, Eduardo Suplicy, perdeu as eleições de
1992 para Paulo Maluf. Em 1996, 2000 e 2004, Erundina candidatou-se novamente
ao cargo de prefeita, sem obter sucesso em nenhuma delas (apesar de ter
disputado o segundo turno em 1996).
Ministra da Administração Federal
Com o advento do impeachment do presidente Fernando Collor,
em 1993, logo após dar posse a Paulo Maluf na prefeitura de São Paulo, Luiza
Erundina seria convidada, pelo vice de Collor e seu sucessor Itamar Franco
(1992-1994), a se tornar ministra-chefe da Secretaria da Administração Federal,
dentro dos esforços de Itamar Franco em constituir um governo de coalizão
política (coalizão à época chamada de "política de entendimento
nacional"), abrigando no primeiro escalão políticos e lideranças de
diferentes correntes. Por ter aceitado o cargo, contrariando a orientação do
partido, o Diretório Nacional do PT decidiu suspender, por um ano, todos os
seus direitos e deveres partidários. Na ocasião, segundo uma nota divulgada
pelo PT, a deputada teria rompido com a disciplina partidária, ao não consultar
a legenda sobre o assunto, e ao desrespeitar a decisão do partido de fazer
oposição a Itamar. Dessa maneira, em 1997 (mesmo após se candidatar pelo
partido à prefeitura de São Paulo no ano anterior e ao Senado Federal em 1994),
depois de 17 anos de militância, ela sairia do PT, posto que o episódio
constituiu um desgaste progressivo seu com as demais lideranças da legenda. Em
maio de 1993 deixou a Secretaria da Administração Federal principalmente devido
a divergências com o Ministro da Casa Civil, Henrique Hargreaves, sendo
substituida pelo general-de-brigada Romildo Canhim.
Saída do PT e entrada no PSB
Em 1998, Erundina transfere-se para o Partido Socialista
Brasileiro (PSB); nesse ano, se elege deputada federal para a legislatura
1999-2003. No ano 2000, ela se candidata novamente à Prefeitura de São Paulo,
mas perde a eleição para Marta Suplicy (PT). Em contrapartida, é reeleita deputada
federal em 2002, para a legislatura 2003-2007, apoiando a candidatura de Luiz
Inácio Lula da Silva à Presidência da República.
Deputada federal
Em 1994 foi candidata ao Senado ficando em 3º lugar com mais
de 4 milhões de votos, sendo derrotada por José Serra (PSDB) e Romeu Tuma (PL).
Perdeu a eleição municipal de 1996 no segundo turno para Celso Pitta e, após
uma série de desentendimentos com o partido, deixou o PT para filiar-se ao
Partido Socialista Brasileiro (PSB), representando por esse partido, a partir
de 1999, o estado de São Paulo no Congresso Nacional em Brasília, como deputada
federal.
Em 2002 e em 2006 foi novamente eleita para o posto. Nessas
últimas eleições conseguiu obter expressiva votação, ficando entre os quinze
parlamentares mais bem votados do estado. Em 2006, quando se reelege, faz
oposição ao governo Lula.
Ainda em 2006, Erundina protestou contra o aumento de 91%
nos salários dos parlamentares.
Em 2008 foi convidada para ser a vice na chapa encabeçada
por Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, o que era de seu interesse, mas
não de seu atual partido. O vice da campanha de Marta acabou sendo Aldo Rebelo
do PC do B, apesar de o PSB ter decidido apoiar Marta.
Nas eleições de 2010, discorda do apoio de seu partido ao
empresário Paulo Skaf para a disputa do governo de São Paulo e consegue, mais
uma vez, se eleger para o Congresso Nacional, conquistando assim o quarto
mandato seguido como deputada federal, sendo a décima mais votada do estado com
214.144 (1%), à frente de políticos como Arlindo Chinaglia, Márcio França, José
Aníbal.
Candidatura a vice-prefeita de São Paulo
Luiza Erundina em anuncio para ocupar o cargo de
vice-prefeita na campanha de Fernando Haddad para prefeito de São Paulo.
Em junho de 2012, tornou-se pré-candidata a vice-prefeita de
São Paulo na chapa de Fernando Haddad (PT), composição muito celebrada pelo
próprio PT por considerar que o nome de Luiza Erundina impulsionaria a
campanha, já que Haddad, apesar de ter sido Ministro da Educação de Lula e
Dilma Rousseff por mais de 6 anos, ainda era um nome pouco conhecido pela
população como um todo. Entretanto, após a aliança do PT com Paulo Maluf e seu
Partido Progressista também para a candidatura Haddad, firmada até mesmo com
uma visita do ex-presidente Lula à residência de Maluf (em um ato político
amplamente divulgado pela imprensa), Erundina anuncia seu declínio à
candidatura. É substituída por Nádia Campeão, do Partido Comunista do Brasil.
Contudo, Luiza Erundina continua a apoiar o nome de Fernando Haddad nas
eleições, que se converteria no vencedor do pleito.