quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ESTRATÉGIA PETISTA

Por Vera Rosa, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Em estratégia combinada com o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a ex-senadora Marina Silva, que ficará na oposição ao governo Dilma Rousseff na eleição de 2014. Na tentativa de neutralizar os ataques de Marina à política econômica e blindar Dilma, Lula provocou a ex-petista e afirmou que "ela deveria parar de aceitar com facilidade as lições que estão lhe dando". Marina Silva tem atualmente um elo com ex-tucanos como o economista André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real.
Após participar do ato de comemoração dos dez anos do Bolsa Família, ao lado de Dilma, o ex-presidente defendeu a gestão da economia, alvo de críticas de Marina, e mostrou irritação com comentários feitos por ela de que a marca do governo atual é o "retrocesso", seja na agenda de desenvolvimento sustentável ou na política.
Para desconstruir a dobradinha Campos-Marina, o plano petista, agora, é reforçar a imagem de Lula como avalista de Dilma e a marca da continuidade (mais informações na pág. A5). O ex-presidente disse que Marina, ex-ministra do Meio Ambiente de seu governo até 2008, parece ter problema de memória ao apontar falhas na administração da economia. "Ela deve estar apenas lembrando o período de 1994 a 1998, esquecendo-se de que, em 1998, a política cambial fez esse País quebrar três vezes", disse Lula, numa referência ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Mais tarde, em almoço com Dilma e ministros, no Palácio da Alvorada, Lula prometeu desmontar as críticas nas viagens pelo País. "Depois de desencarnar por quase três anos, estou voltando à atividade política. Me aguardem em Pernambuco!", anunciou ele.
O ex-presidente afirmou que não subiu ao palanque no Recife, na eleição do ano passado, para não constranger o então aliado Campos, provável candidato à sucessão de Dilma em 2014. Na época, Campos e o PT se desentenderam e ele lançou candidato próprio à Prefeitura, que venceu a disputa. "Mas agora eu vou fazer campanha lá. Não tem nada que me segure", avisou Lula. No dia anterior ele chamara Marina de "sombra" do governador e disse que poderia voltar a concorrer, em 2018, se enchessem o seu "saco".
Temor. Pesquisas em poder do PT indicam que Campos, embora desconhecido nacionalmente, ganhou fôlego para entrar em cena na disputa pelo Planalto ao juntar sua imagem à de Marina. No Planalto, o comentário é que o governador de Pernambuco "está na cabeceira da pista" e pode ficar na frente do senador Aécio Neves (MG), candidato do PSDB à Presidência.
Cotada para vice na chapa de Campos, a ex-senadora bate na tecla de que o governo Dilma não tem marca e elogia a estabilidade econômica do governo FHC, o que deixa o PT furioso.
"A Marina só precisa compreender o seguinte: ela entrou no governo junto comigo em 2003 e sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade em todos os níveis do que a gente tinha quando entramos", rebateu Lula.
"Nós herdamos do Fernando Henrique Cardoso um País muito inseguro, não tinha nenhuma estabilidade. A gente tinha R$ 37 bilhões de reserva, dos quais R$ 20 bilhões eram do FMI e hoje temos R$ 376 bilhões de reserva e R$ 14 bilhões emprestados do FMI."
Nos dois dias que passou em Brasília, Lula cortejou partidos aliados, pediu ao PT que defenda Dilma e afagou o PMDB. Em 11 dos 27 Estados, como São Paulo, Rio, Minas e Bahia, o PT e o PMDB serão rivais.
Pão pão, queijo queijo. A estratégia de comparar os oito anos de FHC aos 12 do período petista também será posta em prática com mais ênfase. Para Lula, "o confronto direto" de Dilma com um adversário seria melhor do que a pulverização de candidatos.
"Seria mais pão pão, queijo queijo. É importante lembrar que a gente tinha uma inflação de 12% quando cheguei à Presidência e hoje a inflação está em 5,8%. Nós nunca tivemos tanto tempo de estabilidade econômica quanto agora. Em que momento da história esse País teve dez anos de inflação dentro da meta?", perguntou o petista. Antes de se despedir, voltou a falar de economia.
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OS PODEROSOS DA FORBES

A presidente Dilma Rousseff caiu duas posições no ranking das pessoas mais poderosas do mundo elaborada pela revista Forbes, divulgada nessa quarta-feira, 30, e agora ocupa a 20ª posição. No entanto, a brasileira é uma das quatro únicas mulheres entre os 50 primeiros colocados da lista com 72 nomes e, entre elas, fica atrás apenas da chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Nesse grupo também aparecem Sonia Gandhi e Christine Lagarde.
A primeira colocação ficou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que deixou na segunda posição o presidente dos EUA, Barack Obama, líder do ranking no ano passado. Segundo a revista, Putin solidificou seu controle sobre a Rússia, enquanto Obama enfrentou períodos difíceis no governo - como a recente paralisação parcial do governo. Além disso, o papel dos dois países na guerra civil da Síria e no escândalo de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos EUA ilustram a dinâmica de poder entre eles.
Sobre Dilma, a publicação destacou o fato de a presidente comandar a sétima economia do mundo e também sede da Copa do Mundo de 2014. Lembrou ainda a reação da brasileira às denúncias de espionagem norte-americana.
Janet Yellen, que foi nomeada para o cargo de presidente do Federal Reserve, entrou pela primeira vez na lista da Forbes e ocupa o último lugar. O atual presidente do banco central norte-americano, Ben Bernanke, caiu da 6ª posição no ano passado para a 7ª. Outros novatos no ranking incluem o Papa Francisco, na 4ª posição, e a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, 52ª.
Com conteúdo do jornal Estadão
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MÁFIA DO ASFALTO

O Ministério Público Estadual (MPE) encontrou a contabilidade secreta da Máfia do Asfalto, organização que teria se infiltrado em pelo menos 78 municípios da região noroeste de São Paulo para fraudar licitações com recursos de emendas parlamentares. Em um pen drive apreendido na residência do contador Ilso Donizete Dominical foi identificada planilha com nomes de políticos - a maioria do PT -, datas e valores supostamente repassados a eles em 2011.
O montante atinge 3,048 milhões de reais. Para promotores de Justiça que desarticularam a quadrilha, o documento representa "indicativo de possível contabilidade do pagamento de propina a alguns parlamentares".
A tabela está encartada no apenso 16, volume III, da denúncia de 252 páginas que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Núcleo São José do Rio Preto, entregou à Justiça, há dois meses.
Os promotores pedem a condenação de trinta acusados. Eles não incluem nenhum nome que consta da planilha do contador porque a competência para eventual investigação sobre prefeitos e parlamentares é do Tribunal de Justiça de São Paulo e do Supremo Tribunal Federal.
A Operação Fratelli, que desmantelou a Máfia do Asfalto, foi desencadeada em abril por uma força-tarefa do MPE, Ministério Público Federal e Polícia Federal. Na casa de Dominical, em Votuporanga (SP), os investigadores recolheram arquivos digitais.
Dominical é contador do Grupo Demop, controlado pelo empresário Olívio Scamatti, preso há quase sete meses sob acusação de liderar a Máfia do Asfalto. A Scamatti & Seller e a Scan Vias, empreiteiras do grupo, teriam sido o carro-chefe da Demop para vencer licitações supostamente fraudadas. O desvio poder ter alcançado 1 bilhão de reais.
O documento que cita políticos é uma planilha Excel de quatro colunas, 81 linhas e 22 nomes, nem todos grafados por extenso, alguns abreviados e outros anotados incorretamente. Em certos trechos são mencionadas apenas cidades paulistas - Campinas, Embu, Juquitiba, Santa Adélia e São Paulo -, além do estado do Tocantins.
Os políticos que tiveram seus nomes lançados no documento surgem em outras passagens da investigação - uns foram citados em interceptações telefônicas de terceiros, empresários e servidores públicos envolvidos na trama, outros aparecem como destinatários de cartas de prefeitos em busca de recursos financeiros para obras em rodovias e recapeamento asfáltico.
Dezenas de correspondências foram apreendidas na casa do lobista Osvaldo Ferreira Filho, o Osvaldin, que foi assessor na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e na Câmara dos Deputados de Edson Aparecido (PSDB), parlamentar licenciado e atual secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
"Conversas telefônicas mantidas mais recentemente por Osvaldo, captadas pela Polícia Federal, revelam que ele também faz pagamentos de propinas para o grupo", diz a denúncia.
Os promotores não imputam corrupção ou outro crime aos parlamentares. Enviaram à Procuradoria-Geral de Justiça e à Procuradoria-Geral da República o que está relacionado a eles.
O resultado de quase cinco anos de investigação está nos autos da Fratelli. "O esquema de fraudes a licitações guarda uma indissociável vinculação com a transferência de recursos para municípios via convênios com órgãos dos governos estadual e federal, recursos oriundos em boa parte de indicação de parlamentares", destacam os promotores do Gaeco.
Eles alertam sobre "verdadeira corrupção no processo de destinação de recursos". "[Scamatti] nitidamente intervém junto a autoridades para que esses recursos sejam destinados para os municípios em que serão realizadas as licitações de que resultará a contratação das empresas da família Scamatti, garantida graças ao direcionamento daquelas licitações."
Os promotores apontam para a ação de parlamentares, com uma ressalva. "A despeito da indispensável intervenção de autoridades de foro privilegiado [deputados e prefeitos] ou de seus assessores para que fosse levada a bom termo a destinação de recursos para os municípios que promoveram as licitações que foram fraudadas, como bem se depreende pela análise das conversas telefônicas com parlamentares, não foram encontrados elementos de convicção a sustentar que essas autoridades que gozam de foro especial por prerrogativa de função sejam integrantes da quadrilha, ou seja, de que mantivessem com Olívio Scamatti e seus pares vínculo estável para prática de crimes em profusão."
Os promotores, porém, sugerem: "Eventual responsabilização dessas autoridades pelas condutas pontuais que por si só configurem crime distinto do de formação de quadrilha há de ser objeto de procedimento autônomo, nas instâncias competentes".
Outro lado - A maioria dos parlamentares citados na planilha de Ilso Dominical, contador do Grupo Demop, negou qualquer tipo de relacionamento com as pessoas apontadas como integrantes do grupo acusado de fraudar em licitações.
Segundo as investigações da Fratelli, os denunciados se valiam de emendas parlamentares, federais e estaduais, para angariar recursos para obras contratadas por administrações municipais em meio a licitações que teriam sido fraudadas. A suspeita é que parte do dinheiro enviado às cidades acabava desviada.
Os deputados Carlos Cezar (PSB), Arlindo Chinaglia (PT), Enio Tatto (PT) e Jefferson Campos (PSD) afirmaram não conhecer o dono do grupo Demop, o empresário Scamatti, nem Osvaldo Ferreira, o Osvaldin, apontado pelo Ministério Público como lobista do grupo. Scamatti é acusado pelos promotores de liderar a organização para fraudes com recursos de emendas parlamentares. Osvaldin é suspeito de pagar propinas e fazer a intermediação do grupo com os agentes públicos, prefeitos e deputados.
"Não tenho e nunca tive relacionamento com nenhuma das pessoas citadas", declarou o deputado estadual Carlos Cezar (PSB-SP), que aparece na planilha ao lado do valor 150 000 e os meses agosto e setembro de 2011.
Arlindo Chinaglia repudiou taxativamente a menção a seu nome no documento apreendido pela Fratelli. Ele pediu à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal que investiguem a inclusão de seu nome no caso. "Não conheço nenhuma das pessoas envolvidas. Requeri à Procuradoria e à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar de forma aprofundada as eventuais citações acerca de meu nome", afirmou.
Otoniel Lima (PRB), Geraldo Vinholi (PSDB) - hoje prefeito de Catanduva (SP) - e João Antonio (PT) admitiram conhecer Osvaldin. João Antonio, atual secretário de Relações Governamentais do prefeito Fernando Haddad (PT) na capital paulista, disse que recebeu dinheiro de Scamatti a título de doação de campanha para deputado estadual em 2010. "A empresa Scan Vias fez uma doação de 180 000 reais mil em 4 de outubro de 2010, por meio de transferência eletrônica, para a campanha eleitoral de João Antonio para deputado estadual, conforme consta da sua prestação de contas entregue e aprovada pela Justiça Eleitoral", informou o petista, por meio de sua assessoria de imprensa.
O criminalista Guilherme San Juan, que defende o contador Ilso Dominical, disse que o caso está sob sigilo, por isso não poderia se manifestar. "Posso assegurar que meu cliente sempre atuou de forma rigorosamente ética e jamais praticou qualquer ato ilícito", destacou San Juan, que está preocupado com o destino das empresas do Grupo Demop. "São empresas grandes, que geram milhares de empregos."
Alberto Zacharias Toron, advogado criminal que defende Olívio Scamatti, observou que não foi intimado sobre a existência da planilha do contador. "Só vou me manifestar após ter acesso a ela [planilha]", disse. Toron está empenhado em tirar Scamatti da prisão. "Estamos aguardando julgamento de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região, que cuida do excesso de prazo na prisão." Ele ressaltou que no curso da ação penal ficará provada a inocência do empresário que defende. "Não houve fraude em nenhuma licitação."
O deputado federal Devanir Ribeiro (PT) não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem.
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A POLÍTICA É DINÂMICA

Lula compara José Sarney a Ulysses Guimarães. No Senado, durante solenidade pelos 25 anos de promulgação da Constituição Cidadã (1988) Lula elogiou José Sarney por ter ouvido "desaforos" durante a época em que a Carta foi feita. E foi ainda mais longe. Comparou José Sarney a Ulysses Guimarães!
Lula disse, Lula falou : "Tenho consciência que o senhor não teve facilidade e muito menos moleza. E eu quero colocar sua presença na Presidência [da República] durante o período da Constituinte em igualdade de condições com o companheiro Ulysses Guimarães porque em nenhum momento, mesmo quando o senhor era afrontado dentro do Congresso Nacional, o senhor levantou um único dedo, disse uma única palavra para criar qualquer dificuldade para os trabalhos da Constituinte, que certamente foi o trabalho mais extraordinário que o Congresso Nacional já viveu".
O afago a Sarney não foi de graça. Vem 15 dias depois da notícia de que Dilma e Lula teriam decidido abandonar o candidato à sucessão de Roseana Sarney para apoiar Flávio Dino (PCdoB), desafeto histórico da Família Sarney na disputa pelo governo do Maranhão. Detalhe: Luiz Ignácio Lula da Silva subiu no palanque de Roseana em duas ocasiões...
Via Facebook, Cláudio Teran
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OS SOLIDÁRIOS

A presidente Dilma, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário e o ex-governador de São Paulo, José Serra se solidarizaram com o coronel Reynaldo Rossi da Polícia Militar paulista por ter sofrido uma agressão no último fim de semana, por alguns integrantes do “Black Blocs”.
Porém, essa rapidez na solidariedade com o coronel da PM não foi vista à família do jovem Douglas Rodrigues, 17 anos, morto com um tiro no peito pela PM, que disse ter sido acidental.
Nem a ministra Maria do Rosário, José Serra se solidarizaram com a família do jovem da periferia. O silêncio por parte do governador Alckmin já era esperado, a tropa obedece às ordens do chefe. Diante da repercussão do caso, a presidente Dilma tardiamente postou em seu twitter sua solidariedade à família do jovem.
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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

IMPULSO ECONÔMICO

O Bolsa Família beneficiou não só os mais pobres, mas também impulsionou à economia em geral, afirmou nesta quarta-feira (30) a presidente Dilma Rousseff na comemoração de dez anos do programa.
"Nunca um programa movimentou tanto a economia: para cada real investido no Bolsa Família o impacto no PIB é de R$ 1,78", afirmou durante a cerimônia. Esse cálculo mostra que o programa, qualificado como o maior de inclusão social do mundo, "distribui riqueza não só aos beneficiados, mas a toda a sociedade".
Entre outros pontos positivos, a presidente destacou que os filhos das pessoas atendidas pelo programa têm agora taxas de aprovação escolar semelhantes às do resto da população de sua idade e redução do índices de abandono escolar.
O Bolsa Família beneficia atualmente 14 milhões de famílias, o que equivale a 50 milhões de pessoas, com um orçamento que chegou neste ano a R$ 23,95 bilhões, o equivalente a 0,46% do PIB. Segundo números oficiais, a iniciativa permitiu que 36 milhões de brasileiros saíssem da extrema pobreza.
A presidente disse ainda que o país tem um programa "Bolsa Família renovado". Segundo ela, o novo programa adicionou melhorias ao conteúdo. "O Bolsa Família tem muitos êxitos e muitos resultados positivos. Ele consegue, conseguiu e conseguirá gerar mudanças na vida de cada um dos beneficiários e também com resultados coletivos", afirmou.
Ela afirmou que manterá o programa "enquanto existir uma família pobre no Brasil". Sobre as críticas de alguns partidos de oposição, esclareceu que a distribuição de subsídios não pode ser considerada como "esmola, mas como uma transferência de renda entre quem paga impostos e é parte da população com a qual o Brasil tem uma dívida".
"A Bolsa Família não é caridade, mas uma tecnologia social de distribuição de renda e de combate à desigualdade", acrescentou, ao destacar que a iniciativa foi copiada por outros países.
Em novembro, Dilma receberá no Qatar um prêmio concedido pela Associação Internacional de Seguridade Social (ISSA) pelo programa.
Também presente na cerimônia desta quarta, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "dinheiro investido em pessoas, em saúde, em alimentação não é despesa. É investimento."
Projeto do PSDB
O presidente nacional do PSDB e senador, Aécio Neves (MG), protocolou nesta quarta um projeto de lei, no Senado, para transformar o programa Bolsa Família em política de Estado. O objetivo é garantir a manutenção do benefício independentemente de quem estiver à frente do governo.
O projeto inclui o programa na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) e estabelece que o benefício continuará sendo pago por seis meses depois que o chefe da família conseguir um emprego com carteira assinada. Dessa forma, a família terá direito a continuar recebendo a bolsa no período de experiência no trabalho, enquanto ainda não estiver fixa.
“Porque o grande temor das famílias que recebem o Bolsa Família para se reintroduzirem no mercado de trabalho é que depois, eventualmente perdendo o emprego, tenham dificuldade para serem recadastradas”, explicou o senador.
O projeto iniciará a tramitação pelo Senado, onde passará pelas comissões permanentes e depois seguirá para a Câmara dos Deputados.
Com conteúdo da redação da revista Época e Agências - AC
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HADDAD NO CEMITÉRIO DOS PREFEITOS

Por Gilberto Dimenstein, colunista da Folha de S. Paulo
Fernando Haddad me disse que considera a cidade de São Paulo um cemitério de políticos _afinal, tantos foram os ex-prefeitos que saíram desgastados do cargo.
Ele venceu a votação para aumento dos impostos. Nem vou aqui discutir se o aumento é correto ou não. Será que essa vitória vai virar uma derrota?
O fato, porém, é que, com esse aumento, ele colocou alguns dedos do pé no cemitério dos políticos. Certamente ele sabe disso, afinal sabe o impacto que impostos tiveram na vida de Marta Suplicy.
O aumento vai gerar ainda mais cobrança na gestão de Haddad, que vai ter de mostrar mais e melhores resultados na cidade. É mais fácil subir impostos do que cortar gastos.
Uma cidade cada vez mais consciente, irritadiça e com movimentos cada vez mais violentos.
Se, no próximo ano, Haddad colocar a cidade como palanque do PT, sugerindo o uso eleitoral das obras (e , portanto, trazendo a suspeita de desperdícios) mais alguns dedos estarão no cemitério.
Por mais que se faça na cidade é pouco para melhorar a saúde, a educação e a mobilidade.
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.
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VAI PAGAR MENOS IMPOSTO

Por Silas Colombo, da Veja S. Paulo
Líder do governo Fernando Haddad na Câmara dos Vereadores, o vereador Arselino Tatto (PT) lidera desde a semana passada o fogo cruzado no Palácio Anchieta para a aprovação do reajuste do IPTU em até 20% para imóveis residenciais e 35% para comerciais, um projeto proposto pela gestão municipal.
Com a aprovação da lei em segunda votação, na tarde de ontem, conseguiu, além da vitória política, uma boa notícia para seu orçamento pessoal. Os imóveis na região de Cidade Dutra, onde mora, na Zona Sul, terão desconto de 1,80% no tributo. A queda do valor , que vale para todos os moradores da área, acompanha a desvalorização nos últimos anos, segundo a explicação oficial.
Tatto é proprietário de outros cinco imóveis na cidade – dois deles na mesma região – e é sócio em outros dois pontos comerciais. Procurado no final da tarde, Tatto marcou entrevista para as 18h30, mas não atendeu mais o telefone.
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AÇÃO PERDIDA

Por Mario Cesar Carvalho e José Ernesto Credendio, do UOL
O deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) perdeu ação judicial contra o analista de sistemas Roberto Grobman, que o acusa de enriquecimento ilícito e de ter recebido propina quando ocupava a secretaria estadual da Educação no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), entre 2003 e 2006.
Chalita pedia indenização de R$ 135 mil porque considera que Grobman praticara os crimes de calúnia, injúria e difamação aos fazer as acusações contra ele a promotores paulistas.
O deputado é investigado pelo Ministério Público Estadual e pela Procuradoria Geral da República sob suspeita de que empresas que forneciam para a secretaria da Educação, como o grupo educacional COC, bancaram parte da reforma de um apartamento duplex dele em São Paulo, em Higienópolis.
O juiz Carlos Aleksander Goldman decidiu que Grobman não cometeu crime porque não houve má-fé por parte do acusador e porque há indícios sobre as supostas irregularidades.
Goldman citou decisão do ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Edson Vidigal para justificar a sua posição: "A imputação de fato criminoso a alguém, embora feita precipitadamente, não configura o crime de calúnia, se fundada em razoável suspeita. Nesse caso, o ânimo que move o agente não é o propósito deliberado de enxovalhar a honra de ninguém, mas apenas a vontade de encontrar a verdade".
De acordo com o juiz, há entendimento de longo prazo nos tribunais segundo o qual as acusações contra políticos não constituem calúnia quando não são movidas por má-fé ou com a intenção deliberada de prejudicá-los.
INFILTRADOS
As acusações de Grobman contra Chalita foram reveladas pela Folha em fevereiro. O analista de sistema disse ter sido contratado na Secretaria de Educação como assessor especial de Chalita pelo empresário Chaim Zaher, dono do grupo COC, que fornecia software educacional para o governo.
Segundo Grobman, Zaher pagava despesas de Chalita em troca de contratos com a secretaria da Educação. O empresário nega enfaticamente que tenha bancado o então secretário para conseguir novos negócios.
O deputado federal, que diz que as acusações de Grobman são infundadas, não quis comentar a derrota na ação judicial ontem. O advogado de Chalita, Alexandre de Moraes, afirmou que pretende recorrer da decisão tomada em primeira instância.
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A ILHA DA DISCÓRDIA

Henrique Bóis, Especial para o Estado Raposa (MA) e Eduardo Kattah
No município de Raposa, 20 quilômetros a nordeste de São Luís, a ilha de Curupu é conhecida como um dos símbolos do poderio econômico da família Sarney. Mas sua área total de 16 milhões de metros quadrados reflete também o contraste social pelo qual se tornou conhecido o Maranhão.
No lado sul da ilha, duas mansões servem de abrigo para o clã maranhense e seus convidados vips. Na face norte, um povoado conhecido como Canto, formado por 30 famílias de remanescentes do local, ainda vive como seus antepassados. Com a permissão do ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), a comunidade simples reside ali em casebres de madeira, cobertas de palha ou de telhas de amianto. Os moradores alegam que não têm permissão para construir casas de alvenaria.
Se depender da disposição de um sobrinho de Sarney, a ilha poderá futuramente contar com novos moradores. Dizendo-se coagido na sua intenção de vender a parte que lhe cabe em Curupu, ele ameaça fazer um loteamento “popular” na paradisíaca propriedade da família.
Gustavo da Rocha Macieira, filho de Cláudio Macieira - já falecido -, irmão de dona Marly Macieira Sarney, esposa do senador, decidiu há dois anos oferecer, por cerca de R$ 20 milhões, os 12,5% que possui da ilha. Em dezembro de 2011 ele chegou a publicar anúncios em jornais, contratou uma imobiliária para cuidar da venda e iniciou uma negociação com um grupo português. Segundo Gustavo, este e outros compradores desistiram da compra ao saber que se tratava de um imóvel da família Sarney.
A imobiliária Alzira, que ele contratou em São Luís, não conseguiu publicar o anúncio da venda no jornal O Estado do Maranhão - de propriedade da família Sarney - e, com medo de “retaliação”, preferiu desfazer o contrato com o sobrinho do senador. A governadora Roseana Sarney (PMDB), afirma Gustavo, quer impedir que ele use nas peças publicitárias fotografias da sua mansão na ilha.
‘Vai ter fila’. “O que me parece que vai restar como opção para mim é chegar lá no Maranhão e oferecer lotes a partir de 100 metros quadrados para quem quiser comprar, fracionar aquilo”, disse ao Estado Gustavo. “Vai ter fila em São Luís. Aí o problema é deles. Vai ser bom porque eles vão conviver com o povão, né? Vai ser agradável.”
A sua parcela na ilha é de aproximadamente 2 milhões de metros quadrados. Há dois anos, segundo corretores locais, o metro quadrado de terra na região (não especificamente na ilha) estava sendo vendido a R$ 30. É o preço que o sobrinho de Sarney pretende cobrar pelo metro quadrado de sua imensa parte na ilha.
Esse valor é menos da metade dos R$ 66 pelo metro quadrado que Ivanoel Alves de Sousa tenta obter com a venda de um terreno de 10 por 38 metros em área bem localizada no Timbuba, área portuária no município vizinho de Paço do Lumiar, utilizada pelos Sarney e amigos para embarque e desembarque. No condomínio Alphaville, na cidade de São José de Ribamar, a venda de lotes gira em torno de R$ 450 o metro quadrado.
Não há placas de venda em Curupu. Na semana passada, o Estado teve acesso à ilha a convite de moradores do Canto. A paisagem é como uma miniatura dos lençóis maranhenses, em frente à sede do município de Raposa, cidade construída por imigrantes cearenses exilados pela seca da década de 1930 e que ocupa o 3.561.º lugar entre as 5.565 cidades brasileiras no Índice de Desenvolvimento Humano. A água que abastece os casebres da colônia de pescadores tem alto nível de salinidade.
Entre os moradores está Valbinho, apelido que Claudiomar Ferreira da Silva, 43 anos, ganhou nos 18 anos que passou executando serviços domésticos na casa do Sarney em Curupu. Segundo ele, Sarney o tem como amigo. Até pouco tempo, o ex-presidente da República costumava ir até o Canto.
Bolsa Família. “Às vezes ele me chamava na casa para saber das novidades”, conta Valbinho - que é pescador e pai de três crianças, todas inscritas no Programa Bolsa Família. No município há 5.664 inscritos no programa social do governo federal. Segundo cadastro do Ministério do Desenvolvimento Social a frequência escolar é de 71,47% nas escolas que recebem alunos entre 6 e 15 anos.
Há uma escola no Canto. Luana de Jesus da Silva, 15 anos, e Diana de Jesus Silva, 9 anos, estudam na Unidade Escolar Manoel Batista, um anexo da rede de ensino fundamental de Raposa. Luana está na 6.ª série e Diana na 4.ª.
Ambas dividem o único professor num mesmo espaço. Na quarta-feira, Diana fechava as portas da escola às 16 horas. Não houve aula.
“Os professores de Raposa não querem vir pra cá”, reclama Valbinho. Sem ler, nem escrever, o “amigo do senador” sabe da instabilidade em que vivem os moradores na ilha. “Aqui tem luz. Mas nós não temos conta em nosso nome. Não podemos provar coisa alguma”, afirma. “Qualquer dia desses o velho morre e a ilha será vendida”, vaticina.
São poucos os que possuem emprego formal. Há empregados da casa do Sarney que moram ali. Das 30 casas, pelo menos 20 têm uma moto em frente. Mas só os homens pilotam. Todos no povoado votam ou votaram em Roseana nas últimas eleições, como conta Cleudes, esposa de Valbinho.
A política de proteção da Ilha dos Sarney foi mais acentuada no passado. “Houve uma época em que eles colocaram segurança de um lado e de outro aqui em Raposa”, conta Francisco “Nego”, barqueiro que tira a modesta renda diária cobrando R$ 2 por travessia em um barquinho. Não deu certo. Hoje os caseiros relaxam e abrem as portas aos visitantes, ilustres ou desconhecidos.
Do outro lado de Curupu a segurança das mansões dos Sarney costuma ser feita por policiais militares da Secretaria de Estado de Segurança Pública. De camisetas azuis com logo da ilha estampado, quatro se revezam em plantões na casa de Roseana, esteja a governadora presente nas dependências da mansão ou não.
Mas raros são os moradores do porto que já viram o senador pessoalmente. O barqueiro Domingos Souza Marques, 51 anos, conta que só o viu pela televisão. San Dumon Kzam, 43 anos, comerciante descendente de libaneses, viu apenas uma vez o senador passando para o porto no rio Santo Antonio. “Estou comprando até terreno na lua”, brinca Kzam, ao ser informado sobre a proposta de loteamento de parte da ilha feita por Gustavo Macieira.
Porém, está ficando raro também o uso do porto em Paço do Lumiar pelos Sarney. Conforme relatos de moradores, quando se recolhe à ilha, a governadora utiliza helicópteros oficiais do Estado. Os convivas costumam partir do heliporto do empresário Eduardo Lago, na praia do Olho D’Água em São Luís. Vista do céu a visão da ilha esconde os casebres do Canto. O que sobressai é mesmo a parte sul e o imenso telhado da mansão do senador e de sua filha entre o recorte do mar e a vegetação preservada.
Respeito. Gustavo, que mora no Rio, diz que não visita a ilha há quase dez anos. O último encontro com o senador foi na época em que decidiu vender sua parte na propriedade. Disse que foi ao Senado para comunicar ao então presidente da Casa sua intenção “por respeito” e “consideração” ao tio.
“Não estou numa cruzada, não quero comprar briga com ninguém. Eu quero, eu preciso vender (a ilha). Eu tenho minha mãe e meu filho, que são dependentes de mim. Eu sou de classe média. Eu nunca ocupei e nem quero nenhuma diretoria de estatal, não fui educado pelo meu pai nesse tipo de bajulação a um ‘politicozinho’. Quero apenas vender um patrimônio que foi constituído, comprado pelo meu avô na época, vendido para o meu pai e que meu pai me vendeu essa fração ideal”, afirma. 
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QUEM PAGA A CONTA

Por Giba Bergamin Jr, do UOL, São Paulo
A Câmara de São Paulo aprovou na noite desta terça-feira (29), em definitivo, o projeto que aumenta o IPTU na cidade. Com a mudança, os reajustes serão de até 20% para imóveis residenciais e 35% para os demais em 2014. A partir de 2015, os limites máximos de aumento serão de 10% e 15%, respectivamente.
A gestão Fernando Haddad (PT), que teve de fazer uma série de concessões ao projeto, conseguiu 29 votos favoráveis e 26 contrários na segunda votação. A sessão foi antecedida por uma rebelião na base de apoio a Haddad, quando o PSD anunciou que mudaria de lado e votaria contra.
Com o apoio de parte do partido, na semana passada, Haddad tinha mais votos: 31 votaram pela alta do imposto.
Com medo de protestos e de novas deserções, a liderança do PT apressou a votação para esta terça. A oposição já havia pedido uma audiência pública para esta quarta, para posterior votação sobre o imposto. Com a aprovação, a audiência deve ser cancelada, o que revoltou associações que participariam e prometem entrar com ação na Justiça contra o aumento.
O projeto deve virar lei em 30 dias. Para conseguir a aprovação, além de baixar os tetos, Haddad ampliou o número de aposentados com descontos no imposto.
Com o reajuste, metade dos cerca de 3,1 milhões de imóveis da cidade pagarão aumentos seguidos até 2017, quando ocorrerá nova atualização da Planta Genérica de Valores (PGV). São imóveis que valorizaram acima dos limites. Segundo a prefeitura, a inflação estará embutida no percentual de reajuste anual deles. Já imóveis que valorizaram abaixo dos limites, pagarão somente a correção inflacionária.
ATÉ DOENTES
A aprovação foi a mais apertada da gestão Haddad, na primeira sessão com a presença de todos os vereadores neste mandato --nem na posse estavam todos, já que Mario Covas Neto (PSDB) e Toninho Paiva (PR) estavam doentes. Entre os favoráveis, Wadih Mutran (PP), 77, o mais velho da Casa apareceu no plenário de óculos escuros para proteger os olhos vermelhos e inchados, sintomas da conjuntivite.
Pastor Edmilson Chaves, seu colega de partido, voltou de uma licença médica, após passar semanas com pressão alta. Tudo para votar a favor do aumento do IPTU. Ambos foram "caçados" por petistas para garantir a aprovação do reajuste do imposto. Sem os dois votos, seria impossível que o IPTU fosse aprovado.
Isso porque, pela manhã, a bancada do PSD, partido do ex-prefeito Gilberto Kassab, anunciou que retiraria apoio à aprovação do texto.
À tarde, houve bate-boca durante toda a sessão. A oposição queria adiar a votação a qualquer custo.
Floriano Pesaro (PT) e Paulo Fiorilo (PT) gritaram um com o outro. Mario Covas Neto colou um adesivo no terno: "Maldadd. IPTU mais caro, não", dizia.
"Estamos sendo forçados a votar. É muita truculência", disse Ricardo Young (PPS).
Na primeira votação, dentre os 31 votos favoráveis, cinco eram de vereadores do PSD. Lá, só três dos parlamentares do partido de Kassab se manifestaram contra. Ontem, o único favorável foi Souza Santos.
O PMDB, do vice-presidente Michel Temer, votou a favor. No PROS, mudou de voto o vereador Ota, que de a favor passou a contra.
A mudança ocorreu depois da publicação da pesquisa Datafolha, publicada na última segunda-feira, que mostrou que 89% dos paulistanos são contra a alta do imposto. Com a repercussão negativa, parlamentares optaram por mudar seus votos.
A Folha apurou que interlocutores de Haddad na Câmara negociaram ampliar o espaço de aliados em secretarias e subprefeituras para manter os votos. Vereadores do PSD e do PMDB estariam pleiteando mais espaço na gestão Haddad, especialmente em subprefeituras, segundo parlamentares. Os partidos negam que estivessem negociando cargos. Porém, nos bastidores, parlamentares que já tem espaço na gestão dizem terem sido ameaçados a retirar seus aliados que ocupam postos no Executivo. O PT nega a pressão.
Para garantir a maioria, o PT também trouxe de volta um parlamentar que ocupava até então a secretaria do Verde e do Meio Ambiente. O vereador Ricardo Teixeira (PV), que era o chefe da pasta até a sexta-feira passada, retomou nesta tarde sua vaga na Câmara de São Paulo para votar a favor do aumento do IPTU. No lugar de Abou Ani, que votou contra, Teixeira votou a favor.
Ele foi obrigado a deixar o cargo após decisão judicial em que acusado de improbidade administrativa, numa ação de 2007. "Meu mandato não foi afetado, voto com o governo", disse.
A decisão de Teixeira bateu de frente com o partido, já que Roberto Tripoli e Dalton Silvano votaram contra. "Meu eleitor é contra o aumento", disse Tripoli, que declinou neste ano o convite para ser secretário.
A debandada do PSD foi compensada com o voto de George Hato [PMDB], que assim como Mutran e Chaves não votaram na última sessão, mas compareceram ontem.
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AS SOMBRAS

Por Vera Rosa, do O Estado de S. Paulo
Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 29, em Brasília que a ex-ministra Marina Silva é "sombra" do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), assim como o ex-governador José Serra é a "sombra" do senador Aécio Neves (PSDB) na disputa pelo Palácio do Planalto, em 2014. "Eu já fui essa sombra (da presidente Dilma Rousseff), mas não sou mais. E, se encherem muito o meu saco, vou voltar em 2018", disse o petista em encontro com aliados.
Lula participou ontem de uma série de eventos no Congresso sobre os 25 anos da Constituição. Em encontro fechado com senadores da base da presidente Dilma Rousseff, avaliou que Campos pode ter problemas por causa da aliança feita com Marina. "O Eduardo não sabe o tamanho da encrenca em que se meteu", disse aos líderes do PTB e do PR no Senado durante um almoço, no qual apareceu acompanhado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, provável candidato do PT ao governo de São Paulo.
Marina foi ministra do Meio Ambiente pelo PT no primeiro mandato de Lula. Candidata derrotada pelo PV em 2010, tentou criar a Rede a fim de se candidatar ao Planalto no ano que vem. Sem sucesso, filiou-se na última hora ao PSB de Campos e poderá ser candidata a vice na sua chapa.
Antes do almoço, nos discursos no Congresso, o ex-presidente atacou a imprensa e defendeu a reforma política. No plenário do Senado, onde recebeu a medalha Ulysses Guimarães, criticou os que desqualificam a política e seus atores. "Se a juventude lesse a biografia do Getúlio (Vargas) e do Juscelino (Kubitschek) possivelmente não iria desprezar a política, e muito menos a imprensa iria avacalhar a política como avacalha", afirmou.
Ao receber homenagem na Câmara dos Deputados, usou o mesmo tom e ouviu gritos de "olê, olê,olê, olá, Lula, Lula", tradicional refrão de suas campanhas. "Nada contribui tanto para desmoralizar a política do que ver partidos atuando como reles balcões de negócios, alugando prerrogativas, como o tempo de propaganda e o acesso a fundos públicos", disse.
Filé. Ao mencionar os protestos de junho, Lula afirmou que a população está exigindo mais dos governos porque já alcançou um melhor nível de vida. "O povo foi para a rua para dizer que precisa de mais coisas, porque ele aprendeu a comer contrafilé e não quer voltar a comer acém. Ele quer comer agora filé de verdade", disse.
Sem citar o escândalo do mensalão, que atingiu seu governo e dizimou a cúpula do PT, Lula disse que, "como toda instituição formada por seres humanos", o Congresso comete erros. "Muitas vezes são erros graves que nem sempre são corrigidos ou punidos de maneira exemplar. Mas, se há fragilidade na representação, o remédio está no fortalecimento da política."
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A SANHA ARRECADATÓRIA DE HADDAD

Por Mario Simas Filho, da ISTOÉ
A história ensina que alcaides e governantes em geral não costumam terminar bem quando são movidos por um insaciável apetite arrecadatório. Na Inglaterra, da primeira metade do século XVII, o rei Carlos I se notabilizou como um ávido criador de “tonelagem e peso”, como eram tratados os impostos na época.
Graças a sua sanha de arrecadar mais e mais, jogou o reino sob uma ditadura militar de 11 anos, estabeleceu uma guerra civil e acabou decapitado em 30 de janeiro de 1649. No Brasil, o estopim da Inconfidência Mineira foi exatamente a “Derrama”, expressão usada para designar as taxas que os chamados homens bons (os ricos) deveriam pagar à Coroa para atingir a meta da arrecadação.
Em 1788 os portugueses estabeleceram que a contribuição deveria chegar a 100 arroubas de ouro. No ano seguinte veio a insurreição. São apenas dois exemplos que certamente o professor de ciência política da Universidade de São Paulo, Fernando Haddad, conhece bem. O problema é que o prefeito paulistano, Fernando Haddad, parece não ter assimilado o ensinamento.
O morador de São Paulo paga o maior Imposto Predial e Territorial Urbano do Brasil, embora esteja longe de usufruir dos melhores serviços públicos. O título de grande arrecadador, no entanto, não satisfaz o prefeito, que, com menos de um ano de gestão, já vem ganhando a alcunha de Hataxa e propõe à Câmara um reajuste equivalente a pelo menos seis vezes a inflação.
Para saciar a ganância argumenta com a enorme valorização imobiliária. Uma tese já questionada na Justiça, pois a valorização dos imóveis é uma expectativa de seus proprietários que poderá ou não se concretizar no momento de uma eventual comercialização. E nesse momento há um tributo específico a ser pago pelo contribuinte.
Outro argumento é o de que a prefeitura precisa fazer caixa para enfrentar o congelamento das tarifas de ônibus e atender às demandas manifestadas nas ruas em junho. Também não tem sentido, na medida em que o próprio governo municipal não sabe os destinos de pelo menos 50% do que é arrecadado com o IPTU.
Não encontra parâmetro no mundo aplicar na correção do IPTU a variação do mercado imobiliário, embora a Planta Genérica de Valores deva mesmo ser corrigida. Qualquer aumento acima da inflação é absurdo! E, mais, pode e deve gerar uma avalanche de inadimplência de contribuintes sem condições de honrar o compromisso. Afinal, muitos desses possuem o imóvel há anos, quando essa suposta valorização provocada pela especulação imobiliária atual não era sequer cogitada.
Seus orçamentos certamente não comportarão – na maioria dos casos – uma descarga do reajuste, inacreditável, de dois dígitos. O equívoco de Haddad deverá trazer históricos prejuízos eletorais não só ao PT, mas a toda a classe política que compactuar com esse descalabro tributário.
Na Câmara dos Vereadores reside o último foco de resistência à medida, que deverá ser julgada mais uma vez nesta semana, sob protesto generalizado da população paulistana. Como aconteceu com Carlos I na Inglaterra, o Legislativo tenta fazer alguma resistência. Lá, o rei fechou o Parlamento.
Aqui, Haddad buscou aumentar a bancada de vereadores para fazer valer suas taxas. Não seria mais lógico, eficaz e prudente investir na investigação sobre os destinos dados ao que já é arrecadado do que castigar o contribuinte com novas tungadas? Haddad, com menos de um ano de governo, pode estar se credenciando para o papel de um dos mais impopulares administradores municipais, E, às vésperas da corrida que irá definir a sucessão presidencial, isso não é nada bom.
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terça-feira, 29 de outubro de 2013

RAÇÃO PRA PEIXE

Do UOL, São Paulo
O vereador de Piraí (RJ) José Paulo Carvalho de Oliveira, o Russo (PTdoB), afirmou no dia 8 de outubro, em uma sessão comemorativa aos 25 anos da Constituição, que mendigos não deveriam votar e que poderiam virar ração para peixe.
"Mendigo não tem que votar, mendigo não faz nada na vida. Aliás, eu acho que deveria até virar ração pra peixe", disse.
Ele também se pronunciou a favor da pena de morte. "Se um bandido soubesse que ele ia ser morto, com certeza ele ia pensar mais um pouquinho antes de fazer as coisas".
Veja o vídeo.
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PROVA DOS NOVES

Por Dora Kramer colunista do O Estado de S.Paulo
O enunciado do problema em tese é simples, não tem nada de novo. O complicado na prática é a solução a que se propõem o governador Eduardo Campos e a ex-senadora Marina Silva, agora que iniciam a elaboração do programa conjunto dessa aliança para a eleição de 2014 sustentado na ideia da "nova política".
De acordo com o esboço do documento que seria discutido ontem e antecipado em parte pelo Estado, "é necessária mudança profunda do sistema político". Até aí, morreu neves.
O trecho seguinte é que são elas: mudança "para permitir a emergência de outro modelo de governabilidade, cujos alinhamentos se deem em torno de afinidades programáticas, e não em torno de feudos dentro do próprio Estado, do desmantelamento da gestão pública e do uso caótico, perdulário e dispersivo do orçamento nacional".
Não resta dúvida de que existe outra maneira de se governar em sistema de coalizão que não seja a adotada hoje e descrita com precisão na proposta a ser debatida. Não é aceitável que uma democracia esteja condenada a pagar pedágio ao fisiologismo e à corrupção.
O desafio de Campos e Marina será o de demonstrar com objetividade e clareza como isso pode ser feito. A coragem de esmiuçar o assunto para além do simples slogan em plena trajetória de campanha conta ponto a favor deles.
Nenhum partido fez isso até hoje, provavelmente com medo de afugentar potenciais aliados acostumados à dinâmica de usurpação do bem coletivo para uso particular.
Para se afastar dos "moldes tradicionais" é preciso mais que boas intenções. É indispensável a capacidade realística ( a "sonhática" não basta) de mudar as regras de funcionamento do modelo. E isso não se faz com lei, com reforma política, mas com mudança de procedimento.
Começando pela superação de algumas contradições. Marina Silva ficou no governo Lula até 2008, sabendo perfeitamente bem em que base se formou a maioria parlamentar, até porque foram reveladas três anos antes no escândalo do mensalão.
Eduardo Campos governa Pernambuco com uma coalizão de 14 partidos. Todos comprometidos e motivados por programa de governo? Pode até ser, mas tal hipótese otimista não elimina o fato de que até "anteontem" o PSB fazia parte do governo federal, cujos métodos são exatamente aqueles que se propõe a mudar.
Nada é necessariamente eterno, as pessoas podem tentar fazer diferente, mas votos de confiança são concedidos com mais facilidade se precedidos de algo mais concreto que a mera inspiração da esperança. Este filme o Brasil já viu.
Retomada. Agora que uma pesquisa (Datafolha) mostra em números o repúdio de 95% dos consultados à ação violenta dos vândalos ditos "black blocs", é possível que gente tão influente quanto equivocada perceba o que a maioria da população já percebeu: a diferença nítida entre protesto e bandidagem.
Se os mascarados refluírem é possível que o cidadão perca o medo de se manifestar. Para os alvos dos protestos de junho, nada mais útil que um bando de inúteis a interditar as ruas - estrito e lato sensos - fazendo, em plena democracia, o papel da repressão na ditadura.
Dá no mesmo. Roberto Carlos tenta se penitenciar da fria a que levou seus colegas a entrar (porque quiseram) na questão das biografias: ofereceu suporte legal de primeira - e caríssima - linha ao grupo Procure Saber e deu entrevista ao Fantástico depois de semanas de silêncio.
Disse que é a favor de biografias não autorizadas. Mediante, entretanto, um "acordo prévio". É de se supor que com os autores e/ou editoras sobre o conteúdo do que seria publicado. De onde trocou "censura" por "acordo" e deixou intacto o conceito de obrigatoriedade de autorização.
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domingo, 27 de outubro de 2013

LAVANDERIA NO MINISTÉRIO

Por Izabelle Torres, da ISTOÉ
Uma transportadora de veículos localizada em Betim, Minas Gerais, pode ser a chave para desvendar um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina a autoridades ligadas ao Ministério do Trabalho. A AG Log Transportes foi criada em 2010 por Ana Cristina Aquino, uma emergente social que costuma pagar revistas de celebridades para falar quanto gasta com os eventos que promove. Apesar de não prestar serviços a nenhuma grande empresa, a transportadora declarou ter faturado, de junho de 2012 a junho de 2013, R$ 112 milhões, uma enormidade perto do que faturam empresas do setor. Em apenas três anos de funcionamento, período que a maioria das companhias leva para maturar um negócio e não embolsar lucros milionários, Ana adquiriu jatinho, helicóptero e uma dezena de carros de luxo – e tem orgulho de tornar pública a gastança. É a origem desse dinheiro que a Polícia Federal quer descobrir.
Seria apenas um caso de excentricidade não fossem os detalhes estranhos que envolvem a história. O primeiro deles é a relação entre a AG Log e o advogado João Graça, integrante da cúpula do PDT nacional e assessor especial do ministro do Trabalho, Manoel Dias. Graça, que foi assessor do ex-ministro Carlos Lupi, não aparece em nenhum documento oficial da empresa como sócio ou cotista e nega qualquer participação na sociedade. Entretanto, a sede da transportadora em Curitiba foi registrada no mesmo endereço do escritório de advocacia Graça Associados, do qual é o fundador. Há dois meses, enquanto representava o ministério em um evento promovido pela Câmara dos Deputados, Graça sacou do bolso uma dezena de cartões de visita da transportadora, enquanto explicava que estava sem o cartão do novo cargo no ministério. Não é só. Um e-mail obtido por ISTOÉ traz uma conversa entre Ana Cristina e João Graça. Na mensagem enviada a Graça, Ana se refere à AG Log como “nossa empresa”.
Outros documentos com detalhes das operações financeiras da transportadora estão sendo analisados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Eles constam do inquérito da Operação Esopo, que há dois anos investiga desvios de recursos do Ministério do Trabalho, sob o comando do PDT, e prováveis pagamentos de propinas a servidores públicos. A operação prendeu 22 pessoas e as suspeitas são de que cerca de R$ 500 milhões tenham sido desviados do ministério nos últimos anos. Agentes que trabalham nas investigações afirmam que o caso não foi concluído ainda porque houve problemas operacionais. Os 11 especialistas que fizeram os primeiros laudos foram substituídos meses antes das prisões por conta de uma greve, que deteriorou o andamento dos trabalhos. Graças à falta de pessoal, a PF enfrenta dificuldades para avançar nas apurações e oferecer a denúncia referente à Esopo. Por isso, a documentação em poder da polícia sobre a transportadora de Ana Cristina e suas despesas ainda não foi inteiramente analisada.
Alguns fatos, entretanto, chamaram a atenção durante a análise do inquérito. Uma planilha de despesas da AG Log revela que a empresa justificou gastos de R$ 3 milhões como referentes à regulamentação do Sindicato dos Cegonheiros de Pernambuco (Sincepe). Detalhe: a solicitação de registro do Sincepe tramita atualmente no Ministério do Trabalho. De acordo com documentos apresentados ao próprio ministério, Ana Cristina consta como presidente do Sincepe e um de seus filhos integra o conselho fiscal. O escritório de João Graça advogou pela criação do sindicato até março de 2013. Em abril, de acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, a AG Log começou a gastar, mensalmente, R$ 600 mil para a formatação do sindicato. Segundo a planilha de gastos da empresa, foram cinco cheques de R$ 600 mil (que totalizam R$ 3 milhões) depositados de abril a agosto. A última movimentação no processo de criação do Sincepe ocorreu no dia 17 de outubro, quando o coordenador de registro sindical, Cesar Haiachi, encaminhou ofício para Ana Cristina solicitando o envio de documentos para a conclusão do processo de regulamentação.
Ana Cristina chamou a atenção das autoridades pelo despudor com que exibe seus dotes econômicos. Ela costuma usar um helicóptero diariamente e, para ir da casa onde mora em Betim (MG) ao escritório, escolhe um entre os seis modelos de carros de luxo estacionados em sua garagem. Entre os bólidos, um Corvette vermelho e um jipe Cherokee. Nos jornais, costuma dar entrevistas falando do gosto por joias e roupas. Na festa de inauguração da empresa, que contou com a presença do advogado João Graça, Ana Cristina fez declarações sobre seu sucesso financeiro. No aniversário da filha, contratou o cantor Gustavo Lima, que até foi buscar a adolescente na escola dirigindo um Camaro amarelo. As contas da festança, de mais de R$ 1 milhão, também constam na planilha de gastos da transportadora. Desde a festa, o cantor sertanejo estreitou os laços com a família Aquino e agora está prestes a se tornar sócio da transportadora.
Segundo ex-funcionários de Ana Cristina, João Graça se afastou nos últimos meses por discordar da forma como a empresária atua nos bastidores do poder. À ISTOÉ, Graça afirmou jamais ter sido sócio da empresa (leia quadro). “Nunca utilizei e usei do meu cargo para locupletar-me para absolutamente nada”, disse. “Tanto é fato que quaisquer acusações sempre foram refutadas pela minha história. O único patrimônio que possuo é meu nome, e zelo por ele.” Sobre o e-mail trocado com a Ana Cristina em que ela se refere a uma sociedade com ele, João Graça afirma o seguinte: “Nada tenho a dizer porque desconheço seu conteúdo. Reitero que jamais fui sócio da Ana Aquino e ouso a qualquer um provar o contrário.” Entretanto, segundo os registros de mensagens eletrônicas, ele não apenas teve conhecimento dos emails como respondeu uma hora depois, utilizando um celular BlackBerry. Ana Cristina não retornou as ligações da ISTOÉ e não respondeu a nenhum dos quatro e-mails que questionavam as suspeitas em torno da sua empresa. O grande desafio da polícia nos próximos meses será rastrear a origem das receitas da empresa e as operações da transportadora, separando o que podem ser gastos legítimos dos ilegítimos. Até lá, Ana Cristina continuará levando uma vida de milionária.
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sábado, 26 de outubro de 2013

CARROÇAS BANIDAS

O prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), sancionou esta quinta (24) a lei que proíbe a circulação de veículos de tração animal no município. Quem desrespeitar a legislação, que entra em vigor após 120 dias da sua publicação no Diário Oficial, será multado em R$ 500.
O objetivo é melhorar o tráfego da cidade e evitar maus-tratos a animais. “Esse é um tipo de transporte que não cabe mais em um município do porte do Recife. É uma prática inapropriada para o espaço urbano e para os animais, porque atrapalha o trânsito e provoca o sofrimento dos cavalos. Esses animais não têm alimentação ou descanso adequados e muitas vezes ficam espalhados pela cidade”, afirmou o prefeito.
O projeto de lei foi criado pelo secretário executivo de Direitos dos Animais, Rodrigo Vidal, e aprovado por unanimidade pelos vereadores há duas semanas.
Além da multa, quem descumprir a lei terá o veículo e o animal apreendido. A fiscalização ficará a cargo do Departamento de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) e da Polícia Militar.
Os carroceiros terão 120 dias para se cadastrar na prefeitura e entregar os veículos e os animais. As carroças irão para um depósito e poderão ser resgatadas dentro de 15 dias e ser usadas, mas desde que não sejam puxadas por animais.
Já os animais vão para terrenos da área rural para serem cuidados. Eles também poderão ser resgatados, desde que não permaneçam no perímetro urbano. Caso contrário, entrarão em processo de adoção. Os donos terão que pagar uma taxa diária de R$ 10 enquanto animais e carroças ficarem no depósito.
Para tentar compensar os trabalhadores que tiram seu sustento das carroças, a lei ainda prevê a realização de cursos de capacitação profissional. Além disso, eles vão ganhar um auxílio mensal de R$ 500 nos três primeiros meses de vigência da legislação.
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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

QUEM CUIDA DAS JOIAS

Artigo de Marina Silva, publicado na Folha de S. Paulo
Devo insistir: o Brasil sente falta de um olhar estratégico. Ver em prazos longos, vislumbrar cenários futuros, traçar o caminho para as metas, pactuar responsabilidades, compartilhar confiança.
Vimos o contrário disso no leilão da chamada "joia da coroa" do pré-sal. É preciso boa vontade para chamá-lo de leilão, pois só um consórcio apresentou proposta para o campo de Libra, na bacia de Santos. Mas está além da boa vontade aceitar que o governo anuncie um plano de contingência para acidentes ambientais um dia depois do leilão, quando as críticas à falta do plano já eram públicas.
De fato, o potencial econômico do pré-sal é promissor, embora os trilhões anunciados sejam uma antecipação de marketing. Ainda demora alguns anos para que o óleo extraído se transforme em recursos para educação e saúde. E os R$ 15 bilhões que receberá na assinatura do contrato o governo usará para diminuir seus problemas de caixa.
Esse brilho do ouro negro não pode nos cegar para os riscos da exploração no mar em grande profundidade. O acidente no golfo do México, em 2010, mostra que o assunto é sério demais para ser tratado com muita pressa e pouco planejamento.
Só depois do leilão o consórcio vencedor de Libra teve acesso aos parâmetros que deverá seguir para lidar com acidentes. Arcará com os custos adicionais, ou estes ficarão para a sociedade, com os recursos públicos?
Essa é a "falha técnica" mais grave: a sociedade não está informada dos custos nem dos riscos. E o governo teve tempo para isso. Desde 2000, o país tem uma lei para a criação do Plano Nacional de Contingência (PNC). Na minha gestão no Ministério do Meio Ambiente, fizemos o mapeamento de áreas sensíveis do litoral brasileiro (inclusive a bacia de Santos) para combater a poluição de óleo. Elaboramos uma primeira versão do PCN e envolvemos dez ministérios em sua análise, há mais de cinco anos, antes de confirmada a viabilidade do pré-sal.
Na última campanha presidencial, as novas reservas de petróleo serviram à propaganda da coligação governista, mas o PNC permaneceu "esquecido nas gavetas" da Casa Civil até a última segunda-feira, segundo informou a imprensa. Tem-se a impressão, mais uma vez, de que o governo reage apenas ao risco eleitoral.
Pensemos, porém, em diminuir os problemas econômicos, sociais e ambientais. O governo deveria criar um comitê de acompanhamento, com instituições científicas, Ministério Público, organizações de defesa do consumidor e do meio ambiente, além dos órgãos oficiais ligados ao assunto.
Assim, teremos segurança sobre os destinos das joias que não são mais da Coroa, mas da República, de todos nós.
Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e candidata ao Planalto em 2010. Escreve às sextas na versão impressa da Folha de S. Paulo.
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CONVERSA RESERVADA

Numa recente tarde de quarta-feira, almoçando em um restaurante nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, fontes que colaboram com este blog, ouviram do ex-presidente Lula para meia dúzia de petistas que, se o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa se filiar a um partido e concorrer nas eleições do próximo ano, ele entra na disputa à Presidência.
Por ser ministro do STF, Joaquim Barbosa pode escolher um partido para se filiar até seis meses antes das eleições de 2014. Lula disse que vê em Barbosa um nome forte numa disputa eleitoral, essa força segunda o ex-presidente, foi adquirida com as manifestações de junho e o julgamento do mensalão.
Ainda no almoço que durou a tarde inteira, o ex-presidente Lula demonstrou estar descontente com a atuação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Tudo indica que, caso Haddad não se ‘enquadrar’ no estilo petista de administrar, corre o risco de ficar isolado, assim como já aconteceu com grandes estrelas do partido.
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O PRÍNCIPE DA PRIVATARIA

O livro O Príncipe da Privataria retrata os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que vão de 1995 a 2002, as polêmicas e contraditórias privatizações do governo do PSDB e revela, com profundidade de apuração, quais foram os trâmites para a compra da reeleição, quem foi o "Senhor X" --a misteriosa fonte que gravou deputados confessando venda de votos para reeleição-- e quem foram os verdadeiros amigos do presidente, o papel da imprensa em relação ao governo tucano, e a ligação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) com a CIA, além do suposto filho fora do casamento, um "segredo de polichinelo" guardado durante anos.
Após 16 anos, Palmério Dória apresenta ao Brasil o personagem principal do maior escândalo de corrupção do governo FHC: o "Senhor X". Ele foi o ex-deputado federal que gravou num minúsculo aparelho as "confissões" dos colegas que serviram de base para as reportagens do jornalista Fernando Rodrigues publicadas na Folha de S. Paulo em maio de 1997. A série "Mercado de Voto" mostrou da forma mais objetiva possível como foi realizada a compra de deputados para garantir a aprovação da emenda da reeleição.
O autor e o coautor desta obra, o também jornalista da velha guarda Mylton Severiano, viajaram mais de 3.500 quilômetros para um encontro com o "Senhor X". Pousaram em Rio Branco, no Acre, para conhecer, entrevistar e gravar um homem lúcido e disposto a desvelar um capítulo nebuloso da recente democracia brasileira.
Palmério Dória, jornalista, trabalhou como chefe de reportagem na Rede Globo e nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, também é autor de Honoráveis Bandidos (2009), título que conta toda a história secreta do surgimento e enriquecimento da família Sarney.
Sinopse do livro.
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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

MARINA NO CINEMA

Marina Silva é uma das participantes do filme Eu Maior, documentário que ouviu pessoas das mais diferentes áreas para que façam uma reflexão sobre o autoconhecimento e a busca da felicidade.
Eu Maior traz uma reflexão contemporânea sobre autoconhecimento e busca da dafelicidade, por meio de entrevistas, com expoentes de diferentes áreas, incluindo líderes espirituais, intelectuais, artistas e esportistas.
O filme será lançado em todo país no dia 21 de novembro por meio de uma inovadora plataforma que inclui cinema, home-vídeo (dvd e blu-ray), download (itunes) e streaming (youtube).
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QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ

Artigo de José Aníbal
O PT anda irreconhecível. Dia desses, nos jornais, a presidente Dilma deixou de lado a ladainha da herança maldita e se autoparabenizou pela manutenção do (até então achincalhado) tripé da estabilidade econômica: câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário.
É curiosa essa conversão súbita, ainda que tardia, à cartilha da responsabilidade deixada pelo PSDB.
A privatização do campo de Libra, na última segunda, apesar do atraso e da tibieza das regras, responsável pelo interesse de um único consórcio e pelo lance a preço mínimo, é outro destes momentos de bem vinda transmutação.
Com a Petrobras endividada e a indústria do petróleo em ponto morto, o Brasil só pode aplaudir este outro momento "quem te viu, quem te vê" do PT.
As riquezas da exploração do pré-sal serão muito importantes para o país e para a recomposição da Petrobras. Porém, não vão resolver num estalar de dedos nossos problemas.
A exploração do campo de Libra só vai se tornar efetiva em cinco anos. Até lá, o país continua travado por um emaranhado de problemas estruturais que este governo obviamente não tem ideia de como resolver.
O PT que não consegue mudar, mesmo diante da cobrança pública dos eleitores, é o que insiste em misturar as prerrogativas do Estado com os destinos de seu projeto político.
O pronunciamento em cadeia nacional, na noite de segunda, eivado de ufanismo e auto-exaltação, é destes momentos embaraçosos para a democracia. Ver este canal de diálogo institucional usado para criar uma catarse emotiva e pessoal é lamentável.
Esse ciclo maníaco do PT, que tenta soterrar a realidade com doses crescentes de propaganda, revela uma indiscutível fadiga. O posicionamento muda como o vento. Das antigas bandeiras ao discurso republicano, vai tudo sucumbindo a um pragmatismo sem peias e sem vergonha. As soluções vão sendo empilhadas num futuro, colorido pelos marqueteiros, cada vez mais distante. Quem te viu, quem te vê, PT.
José Aníbal é economista e ex-presidente do PSDB.
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DUPLA DINÂMICA

Os ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Joaquim Roriz (PRTB) podem estar juntos nas eleições de 2014 e já negociam apoio para a formação de um amplo grupo político. Um dos mentores dessa estratégia é o advogado Antônio Gomes, secretário-geral do PR, coordenador de campanha de Arruda em 2006 e que ocupou vários cargos importantes na gestão de Roriz. Em entrevista ao Correio, Antônio Gomes afirmou que “Arruda só não disputará a eleição se o matarem ou se for impedido pela Justiça”.
O advogado, que é braço-direito de Arruda, garante que os dois caciques enterraram as mágoas do passado em torno do projeto de voltar ao Palácio do Buriti . “Eles esqueceram as diferenças por uma questão pragmática e estão se juntando porque são inteligentes, são líderes e precisam ganhar a eleição. E só vão chegar lá se fizerem isso juntos”, acredita Antônio Gomes.
Roriz e Arruda se encontram com frequência em Brasília e em São Paulo para definir a formação de uma frente de centro-direita, que pode reunir partidos como DEM, PSDB e PPS. Mas, com problemas jurídicos que podem frustrar os planos da dupla, também não se furtam a debater um plano B. “Eles vão estar juntos nas eleições de 2014, não tenho dúvidas. Se um não puder ser candidato, o outro será. Arruda e Roriz têm esse acordo”, garante Antônio Gomes.
Confira a entrevista que o advogado Antônio Gomes deu à Ana Maria Campos e Helena Mader, do jornal Correio Braziliense.
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RECORDE DE PRONUNCIAMENTOS

Por Rafael Moraes Moura, O Estado de S. Paulo
Brasília - A presidente Dilma Rousseff tem apostado cada vez mais em pronunciamentos em rede nacional de rádio e TV. Ao aparecer nesta segunda-feira, 21, para comemorar o resultado do leilão do Campo de Libra, Dilma fez seu 6º pronunciamento do ano - 16º desde o início do seu mandato, em 2011. Dilma apresenta uma média anual de pronunciamentos superior à dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
Lula fez 11 pronunciamentos em rede nacional no primeiro mandato, entre 2003 e 2006, e 10 no segundo, de 2007 a 2010 - uma média anual de 2,62. FHC fez seis pronunciamentos no primeiro mandato, de 1995 a 1998 e 16 no segundo, de 1999 a 2002 - média anual de 2,75.
Dilma, por sua vez, já tem uma média anual de 5,33.
"Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobrás. Isso é bem diferente de privatização", disse a presidente anteontem, em uma fala marcada pelo tom "o petróleo é nosso". "O leilão de Libra representa um marco na história do Brasil", afirmou Dilma.
O pronunciamento de Libra foi gravado no Palácio da Alvorada pouco depois do resultado do leilão. Custou aos cofres públicos $ 90.562,50, valor que inclui as despesas com produção, gravação, edição, equipe e equipamentos, informou ao Estado a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).
Ao todo, o governo gastou R$ 452,8 mil com cinco pronunciamentos neste ano, um aumento de 40,6% quando comparado o gasto, sem descontar a inflação, com o mesmo número de pronunciamentos de 2012 (R$ 322 mil). O pronunciamento do dia 21 de junho de 2013 não entra nessa conta, já que foi produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), "em caráter excepcional, pois não havia tempo hábil para a mobilização de uma das agências contratadas", informou a secretaria.
Produção. Segundo a Secom, para a realização dos pronunciamentos, assim como os demais serviços de produção publicitária, as agências fazem cotação no mercado conforme dispositivos contratuais, seguindo o que determina o Manual de Procedimentos de Ações de Publicidade.
O texto estabelece que "a agência realizará cotação de preços para fornecimento de bens ou serviços especializados a serem contratados, mediante consulta a, no mínimo, três fornecedores que atuam no ramo da respectiva atividade".
Respostas. Além de citar realizações do governo e exaltar suas conquistas, Dilma também usou o palanque eletrônico em cadeia nacional para rebater críticas de opositores. No Dia do Trabalho, em 1º de maio, por exemplo, além de prometer investir o dinheiro do pré-sal em educação, ela aproveitou o pronunciamento para rebater acusações de que estaria descuidando da inflação.
Nesta terça-feira, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) criticou o pronunciamento de Dilma em cadeia nacional para comentar o leilão de Libra. Segundo o provável candidato tucano à Presidência da República no ano que vem, a "presidente Dilma Rousseff contraria a legislação em vigor e apropria-se, indevidamente" da rede, para fins eleitorais.
À espera do Natal. Nos dois primeiros anos de mandato, em 2011 e 2012, Dilma falou em cadeia nacional às vésperas do Natal, ou seja, há chance de ela voltar à TV neste ano. Segundo a Secom, ela utiliza da prerrogativa dos pronunciamentos em rede nacional "quando há necessidade de comunicar fatos relevantes de interesse nacional".
Decreto de 1979 prevê que as emissoras de radiodifusão poderão ser convocadas para transferir pronunciamentos do presidente da República e dos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal. O objetivo dos pronunciamentos deverá ser a "divulgação de assuntos de relevante importância".
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ALIANÇA À VISTA

Por Alberto Bombig, da Época
O Palácio dos Bandeirantes dá como certa a aliança com o PSB em torno da reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB). O governador de Pernambuco e pré-candidato a presidente da República, Eduardo Campos, negocia com o tucano uma data para que o anúncio da união seja feito na sede do governo paulista, com a presença do pernambucano. As únicas arestas a serem aparadas estão na Rede de Marina Silva, a nova parceira de Campos, e nos correligionários de Aécio Neves.
Marina insiste que o deputado Walter Feldman, recém-filiado ao PSB, permaneça como alternativa de candidatura própria ao governo. Mas tucanos e também líderes do PSB paulista acreditam que os pragmáticos Campos e Alckmin irão convencer os “sonháticos” da Rede de que aliança do PSDB com os socialistas é a melhor alternativa eleitoral para ambos. Quanto Aécio, Alckmin imagina ter isonomia para tomar sua decisão, visto que em Minas o PSDB também está com o PSB. 
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AÉCIO CHAMA O JOGO

Por Izabelle Torres, da ISTOÉ
Depois de voltar casado dos Estados Unidos, na última semana o senador Aécio Neves (PSDB-MG) reafirmou a posição de principal candidato da oposição na sucessão presidencial. Em almoço na quarta-feira 16, o senador se reuniu com 44 dos 46 deputados federais tucanos e traçou a estratégia para os próximos meses. As últimas pesquisas mostram que a inesperada união de Marina Silva com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), permitiu um crescimento na candidatura do socialista, mas revelam também que a saída de Marina da disputa direta eleva Aécio à condição de mais forte adversário da presidenta Dilma Rousseff, com 21% das intenções de voto contra 15% do pernambucano. “Ainda temos um ano pela frente, mas o certo é que as pesquisas mostram que 60% dos brasileiros não querem a continuação de Dilma no poder”, disse Aécio. “Tenho a convicção de que quem for para o segundo turno contra a candidata do PT sairá vitorioso”, completou, logo depois do almoço com os deputados. Durante o encontro, Aécio enfatizou que os números são animadores, mas não permitem nenhum tipo de acomodação. E, diante da movimentação feita por Campos, o mineiro resolveu antecipar para dezembro as linhas básicas do programa de governo que os tucanos oferecerão ao País na campanha de 2014. “Os brasileiros querem um novo projeto e somos os mais capacitados para elaborá-lo e colocá-lo em prática”, afirmou.
Além de antecipar o debate sobre as propostas concretas para o Brasil, Aécio planeja fazer intensificar os ataques ao PT e ao governo Dilma, e se colocar como candidato efetivamente contra o governo, sem se indispor com Eduardo Campos e Marina Silva, que procuram se colocar como alternativa ao PT, mas sem se caracterizarem como oposição. A política de boa vizinhança com Pernambuco, no entanto, não implica em facilitar a vida de Campos. No encontro, Aécio ressaltou que o PSDB não deve tolerar os palanques duplos nos Estados. Um recado ao governador paulista, Geraldo Alckmin, que trabalha com a possibilidade de ter o PSB como aliado para a sua reeleição. “Não vamos tolerar que um governador nosso esteja apoiando a candidatura de Campos”, disse um dos parlamentares presentes no encontro. “Palanque duplo é coisa de corno”, brincou um deputado de São Paulo. A mesma ideia se aplica em Minas. Os tucanos já descartam a candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), ao governo estadual com apoio de Aécio. “A grande conclusão é que temos chances de crescer muito ainda. Aécio não é conhecido de todos os brasileiros, mesmo assim aparece bem nas pesquisas. O PSDB está consolidado no papel de oposição e isso conta pontos”, diz o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP).
Mas não são apenas os números das pesquisas que colocam Aécio em posição privilegiada nessa pré-disputa eleitoral. Em todas as seis eleições diretas para presidente realizadas após a democratização, o PSDB só ficou fora da primeira, em 1989. Ganhou duas no primeiro turno e passou para o segundo turno nas outras três. Em nenhum caso o partido teve menos do que 35% dos votos. Hoje, o PSDB governa 47% da população brasileira em oito Estados – nenhuma legenda tem dimensão comparável – e possui mais de 700 prefeitos Brasil afora. Num país onde candidatos se fazem – e desfazem – durante o horário eleitoral de rádio e televisão, o PSDB conta com perspectivas animadoras. Possui sozinho direito a um minuto e 51 segundos, quase o dobro do PSB de Campos. Se as tendências se concretizarem, o recém-criado Solidariedade, que se inclina a fechar acordo com Aécio, tem a oferecer um minuto a mais à candidatura tucana, além do tempo do histórico aliado DEM, de 56 segundos, e dos 27 segundos do PPS. “Temos a vantagem de uma estrutura consolidada e a identidade definida como oposição ao atual governo. Não acho mesmo que estamos em desvantagem. Pelo contrário, nossas chances aumentam sem uma candidatura polarizada”, disse Aécio, em entrevista à ISTOÉ.
Na avaliação dos tucanos, a presença de Campos e Marina tem um efeito útil à candidatura de Aécio. A disputa concentrada apenas entre candidatos do PT e do PSDB leva o debate eleitoral à discussão sobre os legados dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. Essa tem sempre se mostrado uma batalha desfavorável para os tucanos, já que Lula é o mais popular político brasileiro da história, enquanto Fernando Henrique, mesmo tendo deixado uma herança positiva, saiu do Planalto com índices negativos de aprovação. Com a entrada de novos protagonistas, tanto Campos como Marina irão competir com Dilma Rousseff pela herança de Lula com o argumento legítimo de que os dois integraram seu Ministério. Isso explica por que Aécio orientou seu exército a seguir a linha de apontar falhas do governo e lembrou que está na hora de demarcar território, condenando a ideia anterior de construir palanques duplos aos candidatos presidenciais do PSDB e PSB.
Durante o encontro da semana passada, outro aspecto inevitável da aliança entre Marina e Campos foi considerado vantajoso para os tucanos: o envelhecimento de todo fato novo na política. A experiência ensina que a alegria dos recém-casados do mundo político tem muitas semelhanças com os casamentos da vida real, quando os cônjuges debatem os bens da família. No PSDB, aposta-se que as diferenças políticas entre Campos e Marina devem acentuar-se nos próximos meses. Enquanto Campos procura uma aproximação importante com o agronegócio, coerente com seu perfil político e com o crescimento eleitoral, Marina trabalha em direção oposta, como fez ao esvaziar a candidatura-símbolo de Ronaldo Caiado (DEM-GO). Na oposição a um governo que administrou uma das mais baixas taxas de crescimento, desempenho que fará da economia um assunto obrigatório na campanha, Aécio tem mais condição do que Campos (e Marina) de apontar as mazelas atuais da economia. Na semana passada, quando Marina acusou Dilma Rousseff de ter abandonado o tripé que garantiu o crescimento econômico – superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação –, Aécio lembrou, com todo direito, que essa fórmula nasceu nas fileiras do PSDB, que deve colher os louros pela ideia.
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