13 bizarrices de Dilma na economia das quais jamais esqueceremos
Em seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff transformou
o Brasil numa espécie de laboratório para todos os tipos de bruxarias
heterodoxas na área econômica. Como os analistas independentes cansaram de
avisar, os experimentos de Dilma acabaram provocando o desordenamento do
processo produtivo, a alta da inflação e a paradeira da economia. Levaram, também, à perda de credibilidade do
governo e à desconfiança dos empresários.
A seguir, você poderá conferir algumas das principais bizarrices
cometidas por Dilma na economia, que, felizmente, parece que serão deixadas
para trás em seu segundo mandato. Ainda
assim, elas serão lembradas para sempre com ironia por todos aqueles que
previram seus resultados catastróficos.
1.”O ministro da Fazenda sou eu”
Inspirada em Luís XV, autor da célebre frase L’etat c’est
moi (O Estado sou eu), Dilma foi, desde o primeiro dia de seu governo, o
ministro da Fazenda de fato – e não Guido Mantega, o titular da Pasta. Em certa
medida, foi ela também quem comandou o
Banco Central, pressionando o presidente da instituição, Alexandre Tombini, a
retardar o aumento de juros que se fazia necessário para combater a escalada
inflacionária que se insinuava quando ela ainda estava na metade de sua gestão.
Depois, para não prejudicar seu desempenho nas urnas, Dilma usou o mesmo
expediente durante a campanha eleitoral. É Dilma, portanto – e não Mantega e
Tombini – a grande responsável pelo fracasso retumbante de seu governo na
economia. Mantega e Tombini podem até ser acusados de omissão ou de conivência,
mas é ao Palácio do Planalto que a fatura pela estagflação, aquela combinação
incômoda de estagnação econômica e inflação, deve ser enviada.
2. Um pibinho incomada muita gente...
Apesar da dificuldade de Dilma e o PT reconhecerem
publicamente seu fracasso na gestão da economia, o governo chega ao final de
forma melancólica. Com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado
em apenas 0,2% em 2014 e numa média de 1,5% ao ano durante sua gestão, Dilma só
ficou à frente dos governos Collor e de Floriano Peixoto neste quesito. O
crescimento do PIB no governo Dilma foi tão baixo que o marqueteiro João
Santana teve de fazer malabarismos para criar um discurso alternativo que a
favorecesse e permitisse a ela enfrentar a realidade dos números e as críticas
da oposição durante a campanha eleitoral. Em vez de divulgar a taxa de
crescimento econômico de seu governo, Santana decidiu divulgar o crescimento
médio anual nos 12 anos de governo do PT e compará-lo à media dos dois mandatos
de Fernando Henrique. Obviamente, sem levar em conta o contexto histórico dos
dois períodos.
3. Um pouco de inflação não faz mal a ninguém
Dilma jamais admitirá, nem o presidente do BC, Alexandre
Tombini. Mas qualquer analista de mercado independente sabe que, na gestão de
Dilma, a política monetária sofreu influências políticas inimagináveis no
governo Lula, quando o ex-banqueiro Henrique Meirelles comandava a instituição,
contribuindo de forma decisiva para garantir a credibilidade do país junto aos
investidores locais e estrangeiros. Mais de uma vez, Dilma defendeu a ideia
pregada pelos nacional-desenvolvimentistas, com quem se identifica
ideologicamente, de que um pouquinho de inflação não faz mal a ninguém. Contra
todas as evidências de que o BC precisava endurecer a política monetária,
diante da frouxidão fiscal, para conter as pressões inflacionárias, Tombini
dizia que a trajetória da inflação era de queda – o que, como se comprovou
depois, com a inflação roçando o teto da meta, de 6,5% ao ano, era uma previsão
prá lá de furada.
4. A irresponsabilidade fiscal com aval do Congresso
Depois de passar boa parte da campanha eleitoral jurando de
pés juntos que as contas estavam em
ordem e que o governo faria a economia prometida para pagar os juros de sua
dívida pública em 2014, Dilma teve de reconhecer que a situação era dramática e
enviou um projeto criticadíssimo ao Congresso para flexibilizar a meta fiscal
que ela mesma havia traçado no ano anterior. Para aprová-lo, ofereceu R$ 745
mil para cada parlamentar aplicar a seu bel prazer em seu reduto eleitoral, num
total de quase R$ 500 milhões. Ao final, apesar da gritaria da oposição, o
toma-lá-dá-cá acabou prevalecendo e o projeto foi aprovado, para Dilma não ser
questionada na Justiça por descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.
5. 2 + 2 = 5
Embora Dilma tenha sido pródiga em bizarrices na economia,
talvez nada tenha sido mais bizarro em seu governo do que a tal da
“contabilidade criativa”. Para tentar esconder o desequilíbrio nas contas
públicas, Dilma usou e abusou de truques contábeis grotescos, idealizados pelo
secretário do Tesouro, Arno Augustin. As
manobras podem até ter iludido os incautos, mas deixou “estarrecidos”, para
usar a palavra preferida da “presidenta”, quem é do ramo. O repertório de
aberrações incluía principalmente triangulações de recursos entre o Tesouro, o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa
Econômica Federal. Essas triangulações apareciam na dívida bruta federal, mas
não na dívida líquida, que o governo usava para fazer a propaganda oficial e
vender a ideia de que era uma freira na gestão das finanças públicas. No fim, a
manobra “esperta” contribuiu decisivamente para deteriorar a credibilidade do
governo e minar a confiança dos investidores no país.
6. A morte anunciada
da “nova matriz econômica”
Em oposição ao tripé macroeconômico criado no governo FHC,
baseado nas metas de inflação, no câmbio flutuante e no superávit fiscal, Dilma
adotou a “nova matriz econômica”, idealizada pelos acadêmicos da Universidade
de Campinas (Unicamp), onde Dilma fez o curso de pós-graduação em economia.
Eles têm horror a tudo que guarde qualquer semelhança com a visão clássica de
mercado, defendida pelos economistas mais liberais. Centrada no real fraco em
relação ao dólar, em incentivos fiscais para alguns setores “eleitos” da indústria
e numa taxa de juro baixa, a “nova
matriz” tinha o objetivo de estimular o crescimento econômico. Só que, apesar da contenção de preços
administrados, como a gasolina, a inflação deu um salto, e os juros tiveram de
subir para tentar manter os preços sob controle. Além disso, mesmo com os subsídios oficiais,
a indústria não realizou os investimentos que o governo desejava estimular e a
taxa de crescimento do país ficou num dos níveis mais baixos da história. A boa
notícia é que, por causa de seus resultados pífios, a “nova matriz econômica”
deverá ser abandonada no segundo mandato de Dilma, em nome de práticas tidas
como "ortodoxas", como a austeridade fiscal e uma política monetária
mais dura, para recolocar o Brasil na trilha do desenvolvimento sustentável.
7. O Petrolão e a perda bilionária de valor da Petrobras
Estatista militante, ex-presidente do conselho de
administração da Petrobras e defensora do modelo nacionalista implementado para
explorar o pré-sal, Dilma encerra seu primeiro mandato em meio ao maior
escândalo de corrupção do país em todos os tempos, o Petrolão. Embora até agora ainda não haja nenhuma
evidência concreta de que Dilma tenha se beneficiado da bandalheira, muitos
analistas e muitos cidadãos de bem consideram que, como ex-presidente do
conselho da Petrobras, ela foi, no mínimo, omissa no caso. Poderia, portanto,
ser responsabilizada pelo que aconteceu com a empresa. O valor de mercado da
Petrobras na sexta-feira, 19 de dezembro, havia caído de um pico de R$ 510
milhões, em maio de 2008, para R$ 122 bilhões – uma queda de 76%! Resultado: a
Petrobras perdeu o posto de empresa mais valorizada do Brasil para a Ambev, que
reúne as marcas Brahma e Antarctica, e foi também ultrapassada pelos bancos
Itaú e Bradesco, nesta ordem. De estrela
internacional, a Petrobras foi parar nas páginas policiais dos jornais. Além
dos processos movidos no Brasil pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o xerife do mercado de capitais
do país, a Petrobras está sendo investigada pela SEC, sua congênere americana,
e pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Está sendo processada também
por investidores privados nos EUA. Apesar de ainda ser difícil dizer como os
desdobramentos do caso vão atingir seu governo e ela própria no segundo
mandato, pode-se dizer, sem medo de errar, que há nuvens negras no horizonte.
8. A redução de juros “por decreto”
Um dia Dilma acordou e decidiu que era preciso dar uma
marretada nos juros estratosféricos do país, bem ao estilo “eu prendo, eu bato,
eu arrebento” que caracterizou seu governo desde o primeiro minuto. Embora
jamais admita, forçou o Banco Central a reduzir a taxa básica de juros, que
serve de referência para todas as outras, muito além do que seria razoável
naquela conjuntura, marcada por crescentes pressões inflacionárias, com o
objetivo populista de beneficar-se na campanha eleitoral. Dilma obrigou também
os bancos oficiais – o Banco do Brasil e a Caixa, que hoje estão com uma taxa
de calote muito acima da média do sistema – a seguir o mesmo caminho. Obviamente, o que muitos analistas
previram acabou acontecendo. O corte dos juros, com a alta da inflação e o
desequilíbrio fiscal, tornou-se insustentável, e as taxas voltaram a subir – e
deverão subir ainda mais no começo de seu segundo mandato.
9 A “quebra” de
contratos na área de energia
Com uma manobra arriscada, Dilma decidiu mudar as regras do
jogo na área energética, que ela comandou no início do governo Lula, antes de
se tornar ministra da Casa Civil. Acreditando que conseguiria reduzir os preços
da energia no país com seu voluntarismo ingênuo, Dilma criou o caos e acabou
afastando investidores nacionais e estrangeiros do setor, um dos mais carentes
de investimentos no país. Para renovar os contratos com as concessionárias,
Dilma ofereceu uma indenização considerada menor do que as empresas teriam
direito pelo critério anterior, que levava em conta os investimentos realizados
e que ainda não haviam sido recuperados com a exploração do serviço. Como
aconteceu com quase todas as medidas que Dilma tomou na economia em seu
primeiro mandato, o tiro saiu pela culatra. Em 2015, o preço da energia deverá
ter um reajuste considerável para cobrir o “rombo” que ela gerou no setor com
sua política estapafúrdia.
10. As cotas impostas à importação de veículos
Sem aviso prévio, Dilma mudou também, da noite para o dia,
as regras adotadas no campo automotivo.
Com o objetivo de estimular a produção local e manter os empregos dos
metalúrgicos do país, ameaçados pela concorrência externa e pelo preço mais
alto dos carros nacionais, Dilma trouxe de volta a velha reserva de mercado, de
triste memória. A reserva havia vigorado
até o início dos anos 1990 e acabou provocando uma acomodação nas montadoras
locais, em franco prejuízo dos consumidores, obrigados a consumir verdadeiras
“carroças”, nas palavras do ex-presidente Fernando Collor, responsável pela
abertura do mercado. Dilma aumentou o
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros importados produzidos
fora do México e do Mercosul em 30 pontos porcentuais e forçou a renegociação
do acordo de livre comércio de veículos leves com o México, que havia levado
várias montadoras a adotarem uma estratégia de negócios compatível com o regime
anterior. Resultado: em 2014, as vendas e a produção de veículos despencaram,
mesmo com a redução de impostos promovida pelo governo. Hoje, há um excesso de
produção, sobram carros nos pátios das montadoras e muitas fábricas deram
férias coletivas para os trabalhadores ou implementaram medidas semelhantes
para reduzir o ritmo de produção.
11. As privatizações são ruins, mas nem tanto
Depois de demonizar as privatizações em todas as eleições
desde 2002, Dilma e o PT decidiram apoiá-las. Como o governo na tinha dinheiro
para fazer as obras de infraestrutura de que o país precisa, ela se deu conta,
com dez anos de atraso, que a melhor forma de realizá-las era por meio de
privatizações – ou concessões, como preferem os petistas, para evitar a palavra
proibida. Só que, como Dilma queria
tabelar o lucro dos empresários e oferecer a tarifa mais baixa possível aos
usuários, o projeto acabou não decolando, por absoluto desinteresse dos
investidores. Quando Dilma quis consertar o erro – algo raro em sua trajetória
– era tarde demais. Exceto por uma ou
outra privatização de serviços públicos, como estradas e aeroportos, ela chegou
ao final do primeiro mandato com quase nenhuma realização nesta seara.
12. A volta da política do “pires na mão” a Brasília
Durante seu governo, de tendência
nacional-desenvolvimentista, Dilma ressuscitou várias práticas que se
popularizaram durante o governo militar, quando o economista Antônio Delfim
Netto era chamado de “czar” da economia.
Talvez a principal delas – e a mais nociva para o país – foi a volta da
política do “pires na mão”, pela qual os empresários voltaram a peregrinar
pelos gabinetes de Brasília, em busca dos favores oficiais, em troca de
promessas de investimento raras vezes cumpridas.
13 O filtro de Informações negativas
Para não atrapalhar seu desempenho eleitoral, Dilma
interferiu até mesmo no cronograma de divulgação de dados do Instituto de
Pesquisa de Economia Aplicada (IPEA), ligado ao governo federal. Embora negue
oficialmente, qualquer observador minimamente atinado, sabe que o IPEA adiou a
divulgação de uma pesquisa que mostrava a estagnação da queda da desigualdade e
da pobreza no país. Houve trapalhadas semelhantes na divulgação de pesquisas
feitas pelo IBGE, cuja independência tem sido ameaçada pelo aparelhamento
promovido pelo PT.